Parte Nove

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         Uma semana depois eu já tinha recebido o convite de casamento, que eu não abri até um dia antes do casamento, chorei quando acabei de ler num cantinho rabiscado no verso ela disse " Meu amor eu confesso, estou casando, mas o grande amor da minha vida é você". Eu chorei, chorei por não ter lido o convite antes, chorei por todas as outras decisões erradas que eu tomei, chorei por ter ficado tanto tempo longe do meu amor.
         Eu sai correndo, fui para o carro, eu iria atrás dela, ela seria minha. Quando cheguei na portaria de seu prédio eu os vi, ela tinha um sorriso lindo, estava feliz, ele estava com um terno preto falando alguma palhaçada para ela. Eu não sei o que senti nesse momento eu só sabia que não podia mais ser egoísta com ela, eu tinha que parar de achar que apenas os meus medos e sentimentos importavam, isso me vez dar meia volta e ir para casa.
       Quando cheguei abri um litro de whisky e tomei ele inteiro em menos de 10min, o líquido desceu queimando minha garganta, mas eu sabia que aquilo era o certo, eu não podia chegar e bagunçar a vida dela, minha chance tinha passado.
          Eu não fui no casamento, nem na festa, passei o dia bêbado em meu sofá, esperando que toda aquela bebida me desse forças para ir e estragar o casamento, mas não aconteceu, ela casou.

Um dia Depois

       Alguém estava batendo loucamente na porta, eu não conseguia nem ao menos levantar do sofá, fui rastejando até lá, quando minha mãe entrou me olhou horrorizada, foi logo me juntando do chão e me levando até sofá.
            — Meu Deus filho! O que aconteceu com você? Já ficou sabendo da tragédia?  — Só então percebi que minha mãe tinha lágrimas nos olhos.
            — Que tragédia?
             — A Ana morreu filho — eu fiquei sem saber o que dizer minha boca se abriu umas mil vezes e tornou a fechar — Ela e Henri iam passar a lua de mel em Londres e o avião deles caiu.
              Eu choro, lágrimas ardidas queimam meu rosto, como pode? Por que ela? Ela que sempre foi tão doce, tão angelical.

35 anos depois

        Eu nunca casei, não tive filhos, eu deixei o escritório e voltei a morar com minha mãe, até o dia que ela morreu, aquele foi o segundo dia mais triste da minha vida, ela teve um AVC, tadinha.
         Todos os dias eu vou ao seu túmulo e ao de Ana, todos os dias eu peço para morrer também já que minha vida não tem sentido algum nos últimos anos.
     Eu sempre me culpei, se naquele dia, naquele último dia eu tivesse dito que a amava, eu nunca cheguei a lhe dizer isso, mas se eu tivesse tido a coragem de dizer talvez tivesse sido diferente.
       Essa é a consequência de não dizer o que sente, de não ser sincero com a pessoa e com você mesmo, é o remorso e todos os pensamentos e imaginações do que poderia ter sido se você tivesse tido seus 20 segundos de coragem.
  
                    

Como o Sol e a Lua Where stories live. Discover now