A feiticeira.

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Ele estava submerso a seus próprios devaneios e agarrava uma garrafa de rum, seu corpo dormente sobrepondo os corpos nus das meretrizes que o saciavam, o lugar era quente e continha um cheiro forte de álcool e vômito. Entediado de seu breve momento boêmio, o homem dos cabelos negros caminhou até o saguão de sua taverna preferida e debruçou sobre o balcão:

- Mais uma garrafa, por favor. – Balbuciou tentando manter seus olhos fixos aos do balconista que hesitava em entregar a décima garrafa para o que restava de um homem.

- Não acha que já foi o suficiente? Não tem pena de si mesmo, Harper? – Indagou, enquanto limpava um copo, mesmo que o pano que usara estivera imundo.

- Eu não estou pedindo a sua opinião, Petrus. Eu quero a minha garrafa. – Ordenou enquanto batia desengonçadamente a mão sobre o balcão de madeira.

- Me desculpe, Harper. Mas eu não posso fazer isso com você. Não quero fazer parte deste seu plano suicida. – Decretou o rapaz, que virava as costas para o bêbado e partira em direção a adega para limpá-las.

- Você está encrencado, Petrus. Grave minhas palavras. – Disse em breves pausas, enquanto tentava manter-se em pé.

Uma mulher cujo os olhos eram castanhos como as folhas de outono e branca como leite, caminhou em sua direção, trajando um vestido vermelho, cobrindo seu torso com um espartilho de mesma cor que transbordava seus seios para fora dos limites delimitados pela vestimenta. Sedenta por luxuria, ela jogara seus cabelos louros para trás e deslizava suas mãos sobre o peito nu do rapaz e sussurrava:

- Vamos nos divertir? – Propôs ao homem, enquanto apalpava seu torso nitidamente forte, resquícios de uma vida de batalhas.

Sorridente, ele apalpou as nádegas da mulher sobre o vestido e confirmou:

- Já me diverti demais. Eu só quero mais uma garrafa de rum, para poder partir.

Como uma boa atriz, a mulher forçou uma feição de decepção e com um tom de voz manipulador e pseudo-triste, insistiu:

- Ora, mas eu esperei tanto para poder ter você para mim. Não seria injusto me fazer essa desfeita?

Controlado por seus instintos de caçador, Harper percebeu que ela sem dúvidas era uma presa fácil e o que caçadores fazem com presas fáceis? Eles atacam. Arrastado pela moça, ele teve um breve momento para vislumbrar o lugar em que estava, coberto por prostitutas e homens em busca de luxúria, sadismo e prazer. Homens ricos e pobres, limpos e moribundos, todos com o mesmo propósito. Será o bordel um desígnio de união das classes?

Ele se jogou sobre a cama e aguardou a mulher despir-se para que pudesse saciar-se de seu corpo, indisposto a fazer qualquer movimento, apenas afundou seu corpo sobre a cama macia e aguardou a mulher.

- Você não faz idéia do quanto eu esperei por isso. – Sussurrou a loira, enquanto desfilava em direção ao homem e engatinhara até seu corpo.

- Eu imagino. Não dá para negar que sou irresistível. – Ironizou, enquanto limpava o suor de seu rosto.

- Não vai tirar a roupa? – Perguntou ao notar que ele ainda estava vestido e devidamente armado.

- Não, estou bem assim. – Confirmou enquanto colocava a destra atrás da cabeça.

Ela revirou os olhos e tentou ignorar a arrogância de seu cliente, certa de que seria uma noite inesquecível, ela beijou-o o pescoço e deslizou seus lábios úmidos sobre o mesmo, levando-os até o ouvindo do homem, sussurrando:

NO FACES.Where stories live. Discover now