II

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Não estava em seu quarto, se é que onde acordara agora podia chamar de quarto. Estava em uma cela de pedra, deitado sobre uma tabua com uma fina camada de palha. Por que fora jogado ali? Não conseguia entender. Na verdade onde era ali?

Olhou ao redor procurando uma janela ou algo assim, não havia nada. Levantou-se, e então sentiu a dor no rosto. Aquele tapa não era de Sirius, era do rei. Então este era o simples tapa de um rei?

- deve ter me batido por eu ter profanado o castelo com minha presença – as palavras doíam para sair.

Caminhou cambaleante até as grades, a sua frente havia um longo corredor que acabava em uma escada, haviam varias ouras celas pendendo com braços esqueléticos e esqueletos (literalmente) em suas grades. Uma pequena pira com um fogo fraco pairava no teto, as paredes escorriam limo e poeira flutuava no local. Não havia entrada de luz e muito menos de ventilação, mas Vitor precisava sair dali de algum jeito.

Chacoalhou as grades, mas elas eram firmes de mais para cederem. Tinha de tentar outra coisa.

- guarda – era estupido tentar gritar, mas era sua chance, o maxilar doía a cada grito – guarda! GUARDA!

Então passos ecoaram das escadas uma sombra surge, era grande e corcunda, mas quanto mais se aproximava do fogo menor ficava. No pé da escada Vitor conseguiu ver uma gárgula, não como as da entrada, essa tinha um metro talvez menos, com asas e um tridente maior que ela nas mãos. Era vermelha e não parecia ser de concreto e sim de escamas

- Quem é o vagabundo que atrapalhou meu sono? – uma voz nasal saiu da boca dele

- eu – em algumas celas os presos colocaram as cabeças para fora, pareciam perplexos por Vitor estar dizendo aquilo.

O guarda caminhou ate a cela de Vitor, cada passo ecoava no corredor, ao chegar mais perto Vitor viu que saia fumaça dos pequenos buracos onde deviam ser as narinas da gárgula.

- esta querendo morrer, garoto? – o guarda chegou bem perto da cela de Vitor, ele cheirava a cebolas queimadas.

Então Vitor teve uma ideia, parecia tão idiota quanto chamar o guarda, mas tinha de tentar.

- qual seu nome, amigo? – perguntou com um sorriso pretencioso

O guarda olhou Vitor desconfiado e deu meia volta e começou a caminhar em direção as escadas, na metade do corredor Vitor grita:

- é que você fede tanto que ao menos o nome devia ser bonito – o guarda parou, mas em seguida continuou sua caminhada – mas aposto que você não tem um nome, deve ser um xingamento.

O guarda continuou sua caminhada, mas ao pé da escada parou, olhou para a cela de Vitor e deu um leve sorriso

- amanha veremos quanto tempo dura...

Vitor ficou pensativo, o que ele queria dizer com "durar"?

- Você tem coragem, garoto – era uma voz feminina em tom de deboche – ou é muito corajoso ou muito idiota.

Vitor colocou o que consegui do rosto pra fora das grades da cela, conseguiu ver uma mão, tinha um pedaço de pano amarrado ao pulso, também tinha carne e pele, como Vitor. Era uma mão morena clara, as unhas estavam muito sujas.

- Quem é você? E onde eu estou?

- Você está no calabouço do castelo, o rei deve te odiar muito para você estar aqui, quando chegou disse que seria torturado e morto amanhã.

- não estou muito afim de morrer – Vitor, pela primeira vez sentia medo, o poder do rei era descomunal, e agora iria morrer, apenas por ter entrado no castelo

Vitor Salavar - Os Quatro ReisWhere stories live. Discover now