IV

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Sonhou novamente com a colina, agora a vila lá em baixo não existia, no lugar havia uma pedra quadrada com runas que Vitor não conseguia ler. Havia um grupo de pessoas ao redor da pedra, entoavam uma canção em coro, usavam hábitos negros que os cobriam dos pés a cabeça. Os céus começaram a escurecer e as runas começaram a brilhar em roxo vivo, as pessoas deram as mãos e aumentaram a voz.

Uma luz roxa foi aos céus abrindo espaço nas nuvens, os capuzes dos hábitos saíram de suas cabeças revelando rostos deformados, enrugados ou derretidos, alguns com partes faltando, como narizes e olhos.

- Erga-se rei dos reis – gritou um deles – traga o apocalipse

Então o brilho aumentou, uma forte onde de ar acertou Vitor, quando o garoto ergueu a cabeça viu dois raios de luz dentro do clarão roxo, eram amarelos, se assemelhando com olhos. O vento ficou mais forte e mais quente, até que todos os monges homens caíram mortos e a luz desapareceu rachando a pedra.

- Vitor acorde! – era uma voz de menina – vamos seu idiota pare de gritar

O garoto estava em um cômodo mal iluminado, com algumas velas ao redor, deitado em uma cama de bambu dura sem colchão, era um quarto pequeno e úmido, com apenas uma janela. A luz da lua entrava por ela e o ar frio da noite também.

Alice estava ao seu lado o chacoalhando, o olho amarelo dela brilhava em um tom forte devido a fraca iluminação, Vitor pingava de suor, também estava ofegante. Usava uma camisa de botões aberta, faixas estavam amarradas ao seu peito e uma leve manta jazia sobre seu corpo.

- Graças ao imperador você está bem – Alice estava aliviada – você é um idiota – disse socando o peito do garoto o que o fez lembrar que ela era mais forte do que aparentava, sentiu uma dor cegante e gemeu alto – ai desculpe – disse a garota arrependida.

Vitor tentou se sentar, mas cada osso de seu corpo doía, alguns pareciam quebrados.

- Tome isso cara pálida – Alice segurava um copo de barro com alguma coisa branca e grossa dentro – vai se sentir melhor, a dor irá passar. E não se mexa, suas costelas estão quebradas.

- Onde? – a palavra custou a sair de sua garganta – Sirius?

- Você precisa se recuperar antes – disse a garota dando o liquido na boca dele

Voltou a sonhar com a seita, outras pessoas estavam ao redor da pedra, agora havia uma criança, o garoto que sequestraram, ele parecia mais velho, um ou dois anos. Havia também uma nova criatura em cima da pedra, era quase um feto, enrugado e com movimentos fracos e lentos. Era rosa e tinha braços curtos, um resto de cauda ainda existia, seus olhos eram brancos e cegos, abria e fechava a boca constantemente, talvez procurando ar para respirar.

Vitor desceu a colina rapidamente e se escondeu atrás de algumas ruinas da antiga vila, o que não fazia muito sentido, já que ninguém podia vê-lo. O sol começou a se por, deixando os céus laranja, alguns pássaros cantavam ao longe.

Os homens amarraram a criança com as mãos nas costas, amordaçaram e jogaram sobre a pedra quebrada.

- Li...ber...tem... – gemia a criatura em cima da pedra – li..ber..

- Logo my lord – disse um dos encapuzados

Eles deram as mãos e começaram a entoar o cântico novamente, a pedra brilhou novamente, desta vez era azul escuro, nevoa começou a subir do solo. A criança chorava, os olhos dela imploravam por liberdade.

Então Vitor pulou a ruina e gritou.

- Deixem o pirralho em paz!

Os homens pararam o cântico, será que o notaram? O feto ficou inquieto e os monges olharam na direção de Vitor.

Vitor Salavar - Os Quatro ReisHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin