III

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Estavam nos estábulos; cochos, palha e rolos de feno se espalhavam pelo grande galpão que ali era, devia haver uns vinte cochos para os animais de cada lado ali, só havia um problema:

- Aqui não deveria haver animais? – comentou Alice enquanto caminhavam pelo local, um relincho pode ser ouvido ao longe

Era verdade, o local estava deserto, e limpo também, nada de cheiro de animais. Levi baita com mais força ainda na porta, logo a madeira iria ceder e ele entraria com muita raiva, eles tinham de fugir logo dali.

- Quem é o bastardo que esta incomodando meus animais? – era a voz da cabeça de Vitor, o mesmo tom grosso e de certa forma rude

Então um velho sai de um dos estábulos, estava vestido como um bandido de velho-oeste, seu rosto era enrugado, mas ele não parecia nada frágil, tinha pele queimada de sol, um bigode espesso e grosso, um chapéu de cowboy marrom cobria parte de seu rosto, fumava um cigarro quase no fim e parecia que estava dormindo. Quando levantou a cabeça para onde o sol estava revelou uma cicatriz em seu olho direito, o olho esquerdo era preto como os de Vitor.

- Vocês demoraram, são tartarugas ou criaturas? – Ele parecia impaciente, Levi gritava do outro lado, a porta não ia aguentar muito tempo, agora ele estava jogando suas bolas de plasma na madeira. – ah pelo amor do Imperador, que cara chato.

O homem então caminhou ate a porta, calmo e assoviando uma melodia tirou o grosso pedaço de madeira com uma das mãos, a porta se escancarou. Levi estava do outro lado, espumava de ira, ia acertar o senhor, Alice deu um grito de espanto. Antes de atingir o homem Levi se deteve.

- Senhor Morpheu – disse se ajoelhando – não sabia que estava aqui, desculpe-me se interrompi algo, vim buscar dois fugitivos.

- Primeiramente – começou o homem – retorne a sua forma habitual, e segundo, explique-me como essas crianças saíram do calabouço sem magia.

- Foi essa lagartixa gigante que nos libertou... aí – gritou Alice antes de Vitor lhe beliscar.

Levi foi aos poucos retornando a sua aparência humana, seus cabelos em forma de tigela agora estavam embaraçados e divididos no meio, seu corpo estava suado, era possível ver seus músculos, era mais forte do que aparentava quando utilizava aquelas roupas, ainda ajoelhado era possível notar sua nudez, ainda parecia irritado, mas também parecia temer o homem que se chamava Morpheu, tanto quanto temia Lucio.

- Explique-me jovem tolo – o único olho que tinha julgava o jovem ajoelhado

- Eu libertei o garoto, para estudar sua raridade, mas não esperava que ele libertasse a garota quimera, no palácio eles me atacaram desprevenido e tive de reagir desta forma

- Que mentiroso, maldito quatro olhos – Alice foi pra cima de Levi, mas Vitor a segurou, o que era um trabalho complicado, pois Alice era mais forte do que aparentava, principalmente com raiva – me solta cara pálida, se não vou te arrebentar também.

- Alice – o velho a chamou – controle-se, eu sei o que houve e sei o motivo da libertação de Vitor, queria ver se ele mentiria – então dirigiu-se a Levi, vendo que Alice se acalmara – não esperava isto, nem de você que é tão invejoso Levi. Retire-se terei uma conversa com Lucio e você depois.

Levi então se levantou, mostrando assim sua nudez.

- Pelo amor do imperador garoto, cubra-se – disse Morpheu tirando seu xale e dando a Levi, que se retirara correndo do local – lave-o antes de me devolver. Agora vocês – o velho virou-se.

Por baixo do xale ele usava uma grossa camisa de couro, também tinha um cinto, com coldre, mas não tinha pistola; agora Vitor notara que ele usava grosseiras luvas de couro marrom já bem desgastadas, na verdade toda roupa dele era velha, parecia que tinham a idade dele, seja lá qual fosse ela. As rugas no seu rosto demonstravam que ele não sorria muito.

Vitor Salavar - Os Quatro ReisWhere stories live. Discover now