Febril

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Warning: Menções de sangue

Tudo é silencioso nas horas misteriosas da madrugada.

O mundo está dividido entre lucidez e inconsciência e é aí que as coisas que estão escondidas lutam para serem expostas. É aí que Jungkook está em seu estado mais vulnerável, uma bagunça de bocejos e remelas. A sala de monitoramento é escura, não por causa da falta de lâmpadas, mas sim porque Yoongi gosta desse jeito; O beta, surpreendentemente, está acordado mesmo depois de uma noite inteira de trabalho, óculos na ponta de seu nariz e caneca de café firmemente em sua mão direita. Jungkook se pergunta quantas canecas ele já havia bebido até agora.

Não consigo controlar, o alfa boceja, abrindo largo para todo o mundo ver;

"Você pode tomar um pouco do meu café, se quiser," oferece Yoongi, deslizando a caneca para o alfa.

Jungkook olha para o relógio visível nos monitores. Não são nem três da manhã, e ele está em serviço até as sete. A matemática é fácil, Jungkook sabe que ele não irá resistir sem nenhuma ajuda. Ele pega a caneca, cheirando um pouco e fazendo uma careta.

"Isso tem um cheiro horrível," ele reclama e Yoongi arranca a caneca da mão do alfa antes que Jungkook possa ao menos dar um gole.

"Pirralho. Isso quase esgotou no mundo inteiro e você diz que o cheiro é horrível," o beta diz, bebendo o líquido como se fosse algo doce. "Tolo."

O alfa dá de ombros, olhos cansados voltando seu foco para as telas. Nada realmente acontece por um bom tempo. Na verdade, a maior movimentação que Jungkook conseguiu testemunhar foi dois esquilos lutando por uma pinha. Ele faz uma aposta com Yoongi, cada um escolhendo um esquilo como o vencedor. Jungkook perdeu.

"Como você faz isso?" o alfa reclama, massageando os ombros do beta como punição. "Tipo... como você não fica louco, ficando aqui sozinho?"

Yoongi suspira, olhos se fechando brevemente em prazer. "Tem sempre um babaca que é punido para ficar aqui comigo, então eu nunca estou realmente sozinho."

O alfa propositalmente aperta mais forte do que o necessário, fazendo o beta soltar um ganido. Yoongi se vira com um olhar que poderia congelar metade do país e Jungkook sorri sorrateiramente, lentamente se voltando para seu lugar.

"Quantas horas faltam?" ele pergunta, quase choramingando.

Yoongi olha para o relógio. "Três."

Jungkook solta um grunhido.


Quando Jimin acorda com febre mesmo na frieza de seu quarto subterrâneo, ele sabe que está com problemas.

Os lençóis grudam em sua pele quando ele os puxa para o lado. Ele está completamente encharcado, da cabeça aos pés, assim como sua cama. Quanto mais Jimin se deita na densidade de seu cheiro,  mais pesado seu peito fica com o peso da verdade. Não há como negar, isso já foi anunciado por si só há semanas.

Jimin está em cio e a repentina náusea faz ele colocar uma mão sobre sua boca.

Com pernas trêmulas, Jimin se levanta, secando sua pele antes de vestir umas roupas. Ele não se incomoda em lavar seu rosto antes de sair de seu quarto, já que suor já está se coletando em sua testa. Tão cedo da manhã, os corredores estão mais ou menos vazios, apenas algumas pessoas caminhando por aí. Jimin mantêm seus olhos para baixo, puxando o tecido do seu suéter que dá uma sensação de desconforto sobre seu tronco nu. Alguns dos rebeldes se viram para encara-lo, e Jimin sente seu coração se acelerar em medo.

Quase esperando para alguém apontar um dedo e o chamar de vadia.

O ômega não tem ideia de onde está indo, cérebro nublado, nadando em hormônios e cansaço. Ele apenas espera que ele consiga achar a enfermaria antes que seu cio venha em força máxima.

The Omega RevolutionOnde as histórias ganham vida. Descobre agora