A continuação...

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Exibido, caminhava por uma passarela de pedras negras reluzentes em direção a um trono talhado nas mesmas rochas brilhantes. O lugar era escuro, sem janelas e absurdamente claustrofóbico, apesar de amplo e do pé-direito altíssimo. A fumaça liberada das tochas nos nichos talhados nas paredes criava uma atmosfera abafada. Não fosse pela música alta e a animação de seus ocupantes, seria um ambiente lúgubre e assustador. A silhueta de um homem de porte largo nos aguardava no trono. De longe não consegui visualizar seu rosto, mas, pelo que todos descreviam, aquele devia ser o temido Shakur. Richard sorriu quando viu o líder solicitando que ele se aproximasse. As pessoas olha olhavam excitadas para mim e para o líder. Eufóricas, repetiam em uníssono o apelido de Richard, dispensando-lhe sorrisos e tapinhas de saudação e reconhecimento. — Venha para cá, lindo! — chamou uma voz feminina no meio da multidão. — Estamos sentindo sua falta. Não devia, mas detestei ouvir aquilo. Não deu para ver de onde veio a voz, mas Richard parecia saber de quem era porque alargou ainda mais o sorriso de satisfação. — Estou morrendo de saudade, baby — gritou dengosa outra garota que apareceu rapidamente no meu campo de visão. — Eu vivendo. — Richard soltou uma gargalhada alta, mas não parou sua caminhada em direção ao líder. — Diga a Raymond que hoje você será minha. Baby? Será dele? Ora seu… Deixe de ser ridícula, Nina! A voz da razão ralhava comigo. Afinal, qual a surpresa, hein? O que você achou, sua bobinha? Que ele era um rapaz lindo e casto que estava esperando por você, a donzela encantada, desde os primórdios da humanidade? Se enxerga, garota! — Negativo! — Outra voz feminina rompeu o salão e os rapazes se contorceram de rir. O cheiro de álcool ia longe. — Hoje você é meu, Rick! — Olá, galega — saudou ele, reduzindo o passo em meio àquela loucura de pessoas alvoroçadas. A garota segurava uma caneca cheia de bebida. Era loura e, para o meu desagrado, atraente. — Chegue mais perto — pediu em tom lascivo. Ela concordou satisfeita e a multidão foi à loucura. Risadas se ouviram de todos os lados. Ótimo! Agora tinha a “galega” também. Não conseguia acreditar que eu estava ali, como uma estátua boçal, bem no meio daquele tiroteio de flertes de quinta categoria. Tentei esboçar algum movimento, mas não consegui mexer um único músculo sequer. Argh! — Mais perto — mandou Richard. Sua voz estava leve, sem tensão. — Na minha boca — continuou e ela soltou um gemidinho. Aquela conversa apimentada já estava me enjoando. Náuseas de raiva e ciúmes. Constata Constatações: 1) zirquinianos não eram tão insensíveis assim; 2) Richard era um galinha; 3) Richard não valia nada; e 4) eu continuava insanamente atraída por ele. — A bebida, galega — explicou com urgência, mas seu tom era brincalhão. — Ponha na minha boca. Estou com as duas mãos ocupadas. Ah, tá! — Tenho um jeito melhor— ronronava a loura. Então ela levou a caneca à boca por um momento e, no instante seguinte, vinha ao encontro do rosto dele. Richard sorriu e abriu os lábios sem a menor cerimônia. O quê?! Ela ia usar a própria boca para colocar a bebida na boca

Não olhe!Where stories live. Discover now