A continuação...

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não só a ele, mas toda a multidão. Quando Richard se ajoelhou para beijar-lhe a mão, Shakur ordenou que ele se levantasse e o puxou para um abraço. Nem mesmo a horripilante máscara negra pôde camuflar o orgulho do líder. Richard, por sua vez, ficou tão pequenino, que até pareceu ter encolhido ao tamanho de um garoto para caber no abraço do titã. Seu semblante autoritário e confiante foi substituído por um de pura felicidade e subordinação. O brilho em seus olhos confirmava o que era óbvio: ele tinha mais que respeito por Shakur, ele realmente o admirava. E o afeto parecia recíproco. — E Collin?— questionou um homem, interrompendo o encanto do momento e o abraço dos dois. — Eu mesmo darei a notícia a ele. O infeliz vai espernear um bocado. — Shakur olhou para Richard e riram. Como um eco, a risada dos dois se espalhou entre os presentes. Pelo visto, Collin não era muito querido por ali. — Ele e os demais devem chegar amanhã, no sol do oeste — explicou Richard recuperando a habitual fisionomia marrenta. — Vão precisar de escolta. — Você não precisou — rebateu o líder. — Tudo bem. Vou providenciar. Agora chega de histórias e vá farrear. Imagino que esteja doido por umas noites de baderna. — Não sou de ferro, senhor — respondeu com um meio sorriso. Shakur repuxou os lábios e assentiu com a cabeça. — Tranquem os portões! À exceção do grupo de Collin, ninguém entra ou sai de Thron até segunda ordem! — trovejou o líder do altar onde estávamos apenas eu, ele e Richard. — Fora os treinamentos, terão folga nas próximas quatro luas. A bebida será liberada por quatro noites! Thron está em festa. Retornem à música e aproveitem! Gritos enlouquecidos foram emitidos, demonstrando a euforia das pessoas com a surpreendente notícia. Elas já não prestavam mais atenção ao que acontecia no altar e se dispersaram pelo salão. — Eu sei que você ficou muito tempo longe, mas não exagere — consegui escutar Shakur em uma. conversa particular com Richard. Na verdade, mais parecia um pai aconselhando um filho chegado a travessuras. — Da última vez que isso aconteceu, você me deu muito trabalho. — Vou tentar me controlar. — Havia uma petulância indescritível em seu tom de voz. — Espero. — Shakur achou graça de alguma coisa. — Precisarei de você dentro de sete luas e o quero cem por cento recuperado. É bom que descanse também e… tudo certo, resgatador? — indagou Shakur ao notar que Richard me observava com olhar indecifrável. — Ela precisa de cuidados — murmurou ele. — Vou mandar levar a híbrida para o aposento ao lado do meu. — Rick, venha!—gritou uma mulher no meio do salão, mostrando para ele uma caneca cheia de bebida. — Acho que elas estão com saudades. — Shakur achava graça. — Preciso ir, senhor — replicou Richard com a fisionomia restaurada e presunçosa. — Senão não conseguirei dar conta de todas. “Todas?” — Você merece. E… Rick? — indagou o líder, assim que o cretino alcançou a escadaria em direção à multidão. — Pois não, meu senhor? — Como disfarçaram o desaparecimento da híbrida? — Ora, Shakur, desaparecimento é fato comum na segunda dimensão. Está superpovoada. Os humanos se reproduzem como coelhos — criticou. — Por sinal, precisamos de mais resgatadores. Tivemos baixas e os que restaram estão sobrecarregados. — O que fizeram com a família da garota? — Ela não tinha família. Só a mãe. Mas não precisei fazer nada, meu senhor. Quando cheguei, outro já havia dado cabo. Stela! Senti nova onda de dor em meu peito, mas me obriguei a não pensar sobre a perda de minha mãe. Tinha de suportar o que quer que viesse pela frente até conseguir reunir minhas forças, meu raciocínio e, principalmente, minha honra e identidade. O líder apertou os lábios, meneou a cabeça e fez um gesto para que ele se afastasse. Alguns serviçais chegaram para me carregar no exato momento em que vi Richard pegar a caneca das mãos da mulher que o chamava e, após entornar todo o conteúdo garganta abaixo, afundar os lábios no pescoço dela, avançando pelo decote avantajado do vestido da vadia. Duas outras garotas se aproximaram e, antes que me retirassem dali, eu ainda o vi passando as mãos pela cintura delas, puxando-as para perto dele. Tá na cara que ele não vale nada, Nina. Por que sofre à toa, garota? Já não chega o que ele te fez? Meu orgulho mais que ferido,completamente

Não olhe!Où les histoires vivent. Découvrez maintenant