Capítulo 30

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Marina


Nunca imaginei que fosse revê-la após tantos anos. Tudo estava vindo na minha cabeça. Quando mais precisei da sua ajuda, ela simplesmente, virou as costas e continuou com aquele homem.

— Não quero incomodar — ela fala — mas gostaria muito de conversar.

Minha vontade era de gritar, mandar ela embora, falar tudo que estava entalado na minha garganta, mas fiz ao contrário.

— Pode liberar a entrada dela — peço ao Zeca.

Samuel estava sentado no banco, chamo ele e começamos à caminhar em direção aos elevadores. Observo que Eduardo é o último a entrar.

— Quem é ela, mãe? — olha para mim.

— Sou sua avó — responde sorrindo — é um lindo menino.

— Ela é minha avó? — pergunta.

— Sim — respondo.

Eduardo segurou minha mão, olhei para ele e ganhei um sorriso lindo. Tentei de qualquer forma retribuir ele, mas tinha certeza que não foi dos melhores.

Samuel entrou correndo dentro do apartamento, largou sua mochila no chão e foi para sala.

— Pega sua mochila — falo.

— Vou assistir um pouquinho de desenho — suspira.

— Agora não — Eduardo, fala — iremos fazer seus temas. Pega sua mochila.

Por incrível que pareça, ele não reclama e acaba fazendo o que Eduardo falou.

— Não saíremos do quarto — ganho um selinho — qualquer coisa é só chamar.

— Ficarei bem — digo.

Ele lança um olhar para minha mãe e nós deixa à sós.

— Aceita alguma coisa? — pergunto, caminhando para cozinha.

— Muito bonito seu apartamento — diz.

— Obrigada — abro a geladeira — aceita alguma coisa? — pergunto novamente.

— Uma água — responde.

Encho um copo d'água para ela e entrego.

— Então, qual o motivo da visita? — cruzo os braços.

Luciana toma apenas a metade da sua água, ela coloca o copo sobre a mesa e foca seus olhos em mim.

— Leonardo, passou teu endereço.

— Imaginei isso — suspiro — agora vá direto ao ponto, por favor. Depois de tantos anos, acho que tem algum motivo para aparecer.

— Quero vocês perto de mim — fala — foram anos difíceis, Marina. Não sabe como me culpo por tudo — limpa as lágrimas — sempre aceitei aquelas condições que vivíamos com seu pai. Nunca fui uma mulher de levantar a voz para ele. Quis muito ajudar você quando descobriu a gravidez, porém, eu não tinha nada para oferecer. Dependia totalmente dele — fecha os olhos — gostaria muito de voltar ao tempo e fazer diferente. Vocês não mereciam ter passado por isso. Quero muito seu perdão. Poder ter contato com meu neto — sorri — não sabia que havia casado com o pai dele.

— Por que depois de tantos anos?

— Tive depressão quando saiu de casa — arregalo meus olhos — foi um período muito difícil. Não tinha vontade de fazer mais nada. As agressões ficaram cada vez pior. Um dia não estava mais aguentando os berros do seu pai — bebe sua água — joguei uma panela d'água quente nele, arrumei minhas coisas e saí de casa. Isso faz uns cinco anos — fala — fui procurar ajuda e encontrei. Posso dizer que esse é meu melhor momento — sorri — e para ficar perfeito, gostaria do seu perdão. Você me perdoa, Marina? — pergunta.

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