Epílogo

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Marina

Meses depois...

Acordei no exato momento que senti algo molhando minhas pernas. Não precisava pensar muito pará entender o que estava acontecendo. Minha bolsa havia estourado. Finalmente nosso guri chegaria. Um pouco cedo. Mas chegaria.

Liguei à luz do abajur que ficava ao lado da minha cama. Eduardo continuava dormindo tranquilamente. Coloquei minha mão sobre seu ombro e chamei baixinho.

— Edu? — chamo — amor, acorda.

— Vamos dormir mais um pouco — murmura.

— Não podemos dormir — sorrio — minha bolsa estourou, amor. Precisamos correr para o hospital - sento na cama.

Eduardo acordou naquele momento. Ele ajoelhou-se na cama e tinha seus olhos arregalados. Percebia que estava com medo. Assim como eu.

— Estourou?

— Sim — confirmo — estamos bem — aliso seu rosto — às bolsas estão no closet — lembro — precisamos apenas trocar de roupas.

— Fica sentada — pede — vou pegar tudo.

Eduardo desce correndo da nossa cama, não demora muito para voltar com um vestido florido e às bolsas. Ele vestia sua camiseta ao contrário. Levantei com cuidado e caminhei na sua direção.

— Fica calmo — peço — colocou sua camiseta virada — rio.

— Estou muito nervoso — admite — quero ambos bem — segura meu rosto.

— Garanto que estamos bem — pisco— agora vamos parar o hospital ou teremos nosso bebê aqui — brinco.

Samuel apareceu correndo na minha direção. Estava com seus olhos inchados de tanto dormir.

— Meu irmãozinho irá nascer? — pergunta.

— Nascerá — digo — fique com seus irmãos — falo.

— Vou ficar com eles — alisa minha barriga.

— Cadê seu pai? — pergunto irritada.

— Procurando às chaves — responde.

— Estão aqui — mostro para ele — diga que estou no carro — levanto do sofá.

Estava caminhando para garagem quando ele apareceu. Eduardo abriu rapidamente às portas, jogou nossas bolsas e com sua ajuda, entrei no carro. Observei que seus olhos estavam marejados. Apertei sua coxa de leve e logo estávamos em movimento.


Lágrimas escorriam dos meus olhos. Aquele choro forte e agudo ecoou dentro daquela sala. Estava louca para vê-lo pessoalmente. Segurá-lo e beijá-lo muitas vezes.

Eduardo aproximou-se com ele em seus braços. Foram noites imaginando aquela cena na minha cabeça. Havia pedido a mesma oportunidade com os gêmeos. Mas dessa vez estava sendo diferente.

— Oi, mamãe — Edu, fala baixinho — cheguei.

— Oi, meu amor — digo.

— Ocorreu tudo bem, amor — ganho um beijo na testa.

— Graças à Deus — suspiro fundo.

Eduardo colocou nosso bebê ao meu lado, beijei sua cabecinha e nesse instante, ele parou de chorar.

Os gêmeos queriam segurá-lo de qualquer forma. Eduardo precisou aumentar um pouco sua voz e ambos sentaram no sofá. Não disseram mais nada. Mas isso durou apenas 3 minutos.

Samuel segurava o caçula com todo cuidado do mundo. Depois que sofri aquele aborto alguns meses atrás. Ele mudou radicalmente. Voltou à ser aquele menino que era antes. Estava dando mais atenção ao seus irmãos e sempre preocupado com o caçula. Queria acompanhar em todas às consultas que tinha.

Recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora