63 | Minha volta.

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Fico sozinha, chorando no quarto. Não sou mais a menina de antes, a menina que Dexter conheceu. Conheci o mundo, a dor. Não tenho mais aquela alegria, e aquele sorriso que contagiava à todos. Meus olhos não brilham mais... Desde o dia em que ele me deixou.

Não é vaidade. É saudade. Para Dexter Rivers.

Dias atuais:

Hoje quando acordei pela manhã e notei o primeiro floco de neve cair ao lado de fora, meu coração saltitou. Essa época do ano sempre trás boas lembranças, e ao olhar-me no espelho e através do reflexo e enxergar o que me tornei, um sorriso se alastra nos meus lábios. A vida finalmente está a meu favor.

Vou a sacada do apartamento onde moro. O céu está azul, mas não azul bebê, mas um azul cobalto. A neve gélida enfeita o ar, caindo lentamente sobre Moscou. Inspiro fundo todo esse ar fresco. Mãos rodeiam minha cintura, olho por cima do ombro e novamente sorrio.

— Acordou cedo.

Dou de ombros enquanto sou envolvida por esses braços calorosos.

— Tenho um longo dia pela frente. Na verdade, longos dias. — relembro. Um beijo no pescoço. Sua respiração quente aquece minha pele.

— Ah é... É hoje que irá voltar para casa. Não sei se estou confortável com isso.

Suspiro ao lembrar-me de uma semana atrás.

Meu celular tocou sobre a cama, o toque estridente agonizava o silêncio do cômodo. Sai do banheiro as pressas, molhada e com os cabelos cheios de shampoo. O nome ''cunhada" brilhava na tela juntamente com a linda foto de Katie e meu irmão. Uma imagem um tanto clichê de um casal abraçado.

Lutei contra a tela do aparelho, meus dedos molhados dificultaram. Bufei impaciente, e respirei aliviada ao conseguir atender a chamada a tempo.

Ame? Você está ai?

A voz serena de Katie soou do outro lado da linha.

Sim. O que houve? Já me ligou mais de dez vezes! Se não atendi na segunda é porque estava ocupada. Não poderia esperar que eu retornasse? — perguntei-lhe, impaciente. Ela riu, ignorando meu mal-humor.

— Eu preciso falar com você agora, e não quando se desse ao trabalho de retornar. — resmungou entre um riso abafado. — Você mal me liga, ou atende, e quando liga tem sempre que ser rápida. Sua agenda é lotada demais para sua pobre cunhada. — lamentou.

Revirei os olhos. Além dela, apenas Sofia era tão dramática.

— Deixe de drama que nos falamos na semana passada! Ficamos quase duas horas no telefone! — lembrei-lhe. Ela riu. — O que foi? O que é tão urgente pra me ligar dez vezes seguidas?

Um breve silêncio. Odiava o silêncio que emanava dela. Katie não costumava ficar calada, e sempre que ficava era porque estava pensativa sobre algo.

— É sobre meu casamento com seu irmão... — começou. Fechei os olhos quase que instantaneamente.

— O que tem?

Há um ano atrás Katie ficou noiva, fez questão de ir à  Nova Iorque me contar pessoalmente, e ainda me convidar para ser sua madrinha. Desde então fiz o máximo que pude para não me envolver, desviei chamadas, não atendi ligações e lotei minha agenda para não ter mais tanto tempo disponível. É horrível, eu sei, só não queria pensar muito sobre o dia que eu teria que voltar para casa e encontrar aquele par de olhos negros.

Como Não Te Amar? (REPOSTANDO)Where stories live. Discover now