Casal

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"Seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento"
{Deepak Chopra}


Kailan girou a chave na maçaneta ás cegas. A luz do corredor havia queimado novamente. Pra variar. Ele entrou no apartamento apertando o primeiro interruptor que encontrou para poder trancar a porta de volta. Se jogou no sofá e tirou o celular do bolso para ver o horário. "Onze horas da noite. Parece que fiquei fora por anos."

O dia que começou com a dúvida frequente de Kailan em aceitar o papel terminou melhor do que ele esperava apesar de tudo. A sessão de fotos foi mais tensa do que previa e agora ele teria que trabalhar ainda mais para não ter nenhuma recaída durante as gravações. Ainda sim lá estava ele de visual novo, um emprego, um personal trainer e ainda teve a chance de passar um tempo com Hyung. Mesmo que em alguns momentos o clima ficasse pesado entre eles Kailan não se sentiu mal como aconteceria em qualquer outra situação. "Acho que conviver com alguém que consegue manter tanta calma acaba me deixando tranquilo também."

Então, logo depois do almoço Hyung o levou até o prédio onde funcionava a emergência e atendimento médico para o caso de acidentes, algum tratamento ou acompanhamento. Assim Hyung o apresentou a Sun, a psicóloga que faria todo acompanhamento com eles durante a série e que ele já conhecia de um filme anterior.

A princípio Kailan ficou bem inseguro e nervoso, não gostava de psicólogos, psiquiatras ou quaisquer outros tipos de profissões e pessoas que o ficassem analisando. Mas a mulher, além de muito simpática, conversou apenas trivialidades enquanto eles preenchiam alguns documentos para serem oficialmente pacientes da doutora e Kailan realizava, também, seu cadastro na clínica do estúdio para o caso de possíveis ermidenses. Então podia-se dizer que tinha até mesmo um plano de saúde agora.

A claridade da lâmpada começou a incomodá-lo, ele cobriu os olhos com o braço e se acomodou melhor no sofá. Como de costume acabaria dormindo ali mesmo, afinal seu quarto estava intransitável e sua cama virou um verdadeiro deposito de bagunça. O cansaço o dominava pouco a pouco, mesmo Alek tendo pedido para encerrar o dia Hyung não só fez questão de manter a agenda, como adiantá-la. Eles fizeram vários exercícios corporais, contracenaram e repassaram algumas cenas dos mais variados roteiros. Ficaram por minutos treinando expressões na frente do espelho e Kailan sentiu na pele o que era lidar com Nancy Prado quando ela simplesmente apareceu no meio dos ensaios e começou a mandar em tudo e todos.

O sono finalmente começou a se apoderar de Kailan que não resistiu. Fazia dias que não dormia direito, que não tinha a mente tão cansada ao ponto de superar sua insônia. Mas então o barulho do celular o fez sair dessa zona de conforto. O aparelho tocava e tocava e Kailan tinha a impressão de que cada vez mais alto. Olhou a chamada no visor, não era nenhum número conhecido, aliás parecia ser de outro estado.

— Alô? — ele atendeu com a voz sonolenta.

— Dormindo a essa hora? — a voz feminina do outro lado o fez parar no meio de um bocejo e despertar de vez sentando-se no sofá. — Isso não é típico de você, Kai.

Kailan queria responder, queria retrucar, queria... Mas sua boca mal se mexia, nenhum som saia, suas cordas vocais pareciam anestesiadas. E ele sabia que ia acabar gaguejando.

— E-Eu.... V-Você... Como? Esse número não...

— A tecnologia é bem evoluída Kai, consegui pegar os recados deixado no telefone da casa e com isso seu número também. Então... Não vai me contar sobre o teste? Não está feliz com a minha ligação? — Ele pode sentir que ela sorria do outro lado.

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