Capítulo 4

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Já estava, finalmente, chegando ao palácio. A viajem foi cansativa. Primeiro, tivemos que pegar a fila, passar em toda a burocracia (você realmente achou que por ser da família real, não temos que passar por tudo isso?) e sentar em nossos assentos, na primeira classe. Depois de doze horas comendo a "comida" do avião, e passando mal por isso, chegamos no país. Agora estamos em um carro que nos levará ao palácio.
Comecei a avistar um castelo enorme, com algumas estátuas antigas, que pareciam ser de ouro. Por fora, parecia realmente maravilhoso. O carro deu uma volta sobre uma fonte linda que jorrava água, perto da entrada. O palácio estava em volta de um jardim muito bem cuidado, e, depois do jardim, vinha uma floresta de mata densa. O palácio, por fora, era branco.
Minha barriga parecia estar explodindo quando tocamos a campainha. Antes de atenderem, minha mãe deu uma piscadela e meu pai, um sorrisinho. Isso só fez as simples explosões da minha barriga virarem nucleares.
- Boa tarde. Vocês chegaram!Prazer, Troin.- e, um mordomo, fez uma reverência.
- Hum... oi. Meu nome é Lily.- tentei ser gentil.
- Claro.- o homem de mais ou menos quarenta, afirmou.- Vossa Alteza e Vossas Majestades o estavam esperando.
Meu pai e minha mãe se apresentaram, e um outro empregado chamou uma criada para me levar ao quarto. Segundo ele, as bagagens já (JÁ!!!) estavam lá. Uma mulher de mais ou menos trinta anos, gentilmente me acompanhou até meu quarto. Seus cabelos eram bem ruivos, e as sardas estavam em toda parte por seu rosto.
- Meu nome é Mira. Eu vou te servir esse tempo que passará no castelo.
- Prazer! O meu é Lily.
Ela me olhou como se eu estivesse falando algo óbvio.
Depois de subirmos dois andares (todos bem chiques, devo ressaltar), ela me indicou uma porta. O quarto que eu ficaria. Abri e não consegui disfarçar a supresa. Nunca, em minha vida, vi um quarto daquele tamanho! Tinha um carpete macio e vermelho que cobria todo o chão, e uma cama de casal muito macia encostada na parede. Haviam dois armários elegantes, um espelho do meu tamanho, uma televisão, um criado mudo e uma porta para ir ao banheiro. Ao entrar, vi a banheira imensa, uma privada, um espelho com a torneira (aquilo é ouro?!) e um tapete. Fui falar com Mira, mas ela já tinha saído. Depois de sair do banheiro e voltar ao quarto, percebi minhas bagagens encostadas na parede. Me joguei na cama por um momento para sentir a maciez.
"Meu Deus! Isso aqui é maravilhoso!"Depois de um tempo, resolvi sair do quarto com minha câmera. Queria tirar umas fotos do jardim. Desci apreçada uma das escadas, e...
- Ai!- algo duro se chocou contra mim.
- Desculpe!- uma voz masculina parecia preocupada.
Levantei minha cabeça para ver quem era. E minha respiração acelerou.
- Dylan!
Ele arregalou os olhos perdidamente azuis. Seus cabelos negros estavam levemente bagunçados. Como ele era lindo! Pare de pensar nisso!!!
- Oi... Lily
Suas mãos, que haviam me segurada na hora da colisão, continuavam sobre meus ombros. Ele parecia não saber o que falar ou fazer.
- Eu... não sabia que você tinha chego.
Ele falando com aquela voz, me quase me convenceu que não é um canalha. Quase.
- Sim. Acabei de chegar.
Ele finalmente tirou as mãos do meu ombro.
- Ah. Onde você estava indo?
- Tirar umas fotos.- mostrei a câmera com a cabeça.
- Sério?! Você também gosta?
- Como assim, também?
- Eu adoro fotografar. Posso te acompanhar?
"Claro que não!"
- Claro!
- Só vou pegar minha câmera.
- OK.
Fiquei esperando um tempo, retorcendo minhas mãos. Queria ir só, não com um cara que provavelmente seria meu marido. Mas meus pais iam ficar contentes, não é? Quer dizer, o que eles mais querem é que eu dê uma chance ao Dylan. Fiquei me convencendo que ia ser legal (sem muito sucesso), até que eu o vi correndo até mim.
- Desculpa a demora. Vamos?- ele ofereceu o braço em "L" para apoiar minha mão. Coloquei meio constrangida pela proximidade.
- Nossa! Que legal sua câmera!- contemplei a câmera profissional que tinha uma qualidade incrível.
- Eu sei! Essa é uma das minhas preferidas.
Dei um sorriso e caminhamos em silêncio até o jardim. Tiramos umas fotos, eu tirei algumas do castelo, da paisagem, das montanhas no fundo, da fonte.
- Quer ir a um lugar mais legal?- ele me tirou do meu devaneio.
- Claro!
Ele me puxou pela mão e começou a correr como uma criança, me fazendo rir. Depois de um tempo correndo, entramos no castelo (para a surpresa dos empregados, correndo) e ele me ajudou a subir uma porção de escadas. Ao chegar a um andar, ele puxou uma espécie de alçapão, e subimos por ali. Depois de destrancar uma porta, prendi minha respiração.
- Nossa!
Aquele lugar era mágico. Era um lugar que tinha uma vista incrível de tudo ali. Supus que era um local de proteção, antigamente, para os soldados se posicionarem e atirarem, se fosse necessário.
- O que é isso? - perguntei, boquiaberta.
- É um local que não se usa mais. Os soldados, a muito tempo, ficavam escoltados aqui, para o caso de aparecer algum inimigo.
Então era isso mesmo!
Comecei a tirar fotos, como uma criança que ganha um brinquedo. Dylan riu.
- Gostou?
- Muito!
Ele também tirou sua câmera e começou a tirar fotos.
- Lily? - me chamou.
Me virei e um flash bateu em meus olhos.
- Dylan! - comecei a rir. Ele havia tirado uma foto minha.
- O que foi?- fez cara de inocente.
Naquela hora, minha barriga doeu de tanto rir. Dylan também riu. Depois de um tempo, ele olhou seu relógio.
- Acho melhor já descermos. Não quero ter que explicar que só saímos como amigos. - e fez uma careta.
Então éramos amigos?
- Acho que sim.
Ele me ofereceu seu braço. O peguei sem pestanejar. Ele me levou até meu quarto.
- Tchau. Nos vemos no jantar.
- Tchau. - ele já estava saindo e eu acrescentei.- Realmente adorei.
Ele se virou e sorriu.
- Eu também.
Fiquei por um tempo, no meu quarto, pensando como ele não parecia ser idiota. Mas... não posso me enganar. Vi as notícias. E não teria motivos de me enganar. Nunca me interessaria por ele.
Deitei na minha cama e cai no sono. Acordei com batidas suaves vindas da porta.
- Senhorita?- Mira falou, calmamente.
- Oi!- falei, sonolenta.
Ela adentrou no quarto.
- Levante-se! Está na hora do jantar!
- Só mais um minutinho...
- Por favor, senhorita!- suplicou.
- Tá bem...
Me arrumei com um vestido lindo: roxo, com mangas até os cotovelos e o comprimento ia até os joelhos. Coloquei uma sapatilha e me maquiei um pouquinho. Coloquei meu colar favorito e finalizei com brincos de safira.
Desci, e minha barriga roncou quando senti o aroma maravilhoso da comida. O príncipe já estava lá, mas meus pais nem os pais de Dylan estavam.
O local para jantarmos era lindo: algumas velas para dar um ar romântico, além das flores. Entrei, e no instante que me sentei (a frente de Dylan) fecharam as portas com trancas.
- O que...?!
- Meu deus!
- Nos trancaram aqui, Dylan!
- Eu sei! Mas por que diabos...- ele fez uma cara de raiva- seus pais também te pressionam para nosso casamento?
- Sim! Muito! Ah... eles que nos trancaram aqui! Para conversarmos!
- Sim.- ele assentiu com a cabeça.
Fiquei meio sem graça e comecei a mechem com o garfo na comida.
Dylan me analisava atentamente, e um calor percorreu meu corpo.
- Eu esqueci de falar... como você está linda.- falou, a voz rouca.
- Obrigada.
Depois de um tempo comendo em silêncio, Dylan comentou:
- Você não gosta muito de mim... estou errado?
- Eu gosto de você, Dylan.
- Então por que... fica tão sem graça quando estou com você?
- É que... me falaram algumas coisas a seu respeito...
- O que?- sua feição tentava esconder a raiva.
- Que você é... manipulador, mulherengo, esnobe...
- O quê?! Lily, você não pode acreditar nisso! Eu juro que é mentira!
Fiz que sim com a cabeça. Ele não pareceu convencido. Pegou mas minhas mãos e me fitou intensamente.
- Acredite em mim. - foi como um apelo.
- Tudo bem.- forcei um sorriso.
Ele soltou o ar com força.
- Obrigado.
Comemos tentando evitar o olhar.

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