Capítulo 17

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- Se acalma. Seus pais vão ficar bem.- Dylan passou a mão no meu cabelo. Fugi de seu toque. Eu realmente odiava ter que ficar tão perto dele, porém estávamos em um abrigo seguro e silencioso. – Olha... Desculpa. Eu realmente não gosto desse plano. Na verdade, eu odeio, principalmente por te magoar. Eu te amo. E eu realmente queria que você acreditasse que isso não é minha culpa! É do meu pai. E eu deveria combater ele, enfrentar, eu sei. Mas a questão é que não tenho coragem.- ele mostrou a mão esfolada.- Eu não escolhi ele como pai, Lily!

Comecei a chorar silenciosamente. Ele passou a mão em minhas lágrimas.

- Você... Você promete que não vai deixar que matem meus pais?

Ele ficou um minuto em silêncio.

- Prometo.

Soltei um suspiro e deitei a cabeça em meus joelhos, os segurando com minha mão. Me senti sem poder para nada. Nesse exato momento, alguém travava uma luta lá fora, e eu não sabia onde meus pais estavam.

- Majestade?- um guarda abriu a porta do abrigo após algumas horas. Uma claridade insuportável penetrou o local, de modo que tive de fechar meus olhos.

Quando o significado da palavra- majestade- alcançou meu entendimento, não pude deixar de ficar mal por Dylan.

- Não, aqui é o Dylan.

Os guardas se entreolharam. Ele não tinha percebido. Eu coloquei minha mão sobre seu ombro.

- Dylan, eu acho que...

- Quero ver meus pais. Onde eles estão?- sua voz tinha uma tentativa de controle, mas eu sabia que estava nervoso.

- Majestade, nós tentamos...

Ele ficou devastado.

- Meus pais... morreram?

- Somente seu pai. Sentimos muito.

Ele me abraçou e eu o confortei. Suas lágrimas molharam meu vestido, mas não liguei. Esse sentimento devia ser muito dolorido.

- Eu não deveria ter brigado com ele!

- Dylan, você foi um ótimo filho. Seu pai com certeza se orgulha de você.

- Juro, Lily, que você e sua família estão seguros.- ele disse, meio aos soluços.- Eu preciso ir.

Ele saiu em direção ao corredor.



- Dylan?

Bati na porta silenciosamente. Faziam dois dias que não o via, e já estava começando a me preocupar.

- Hey. Pode entrar.- ele abriu uma fresta de seu quarto. Olhei em volta. As fotos que antes preenchiam seu quarto, dando vida ao local, já não estavam mais lá. A única coisa que se via nas paredes era a cor marrom clara.

- O que aconteceu com as fotos?

Ele vacilou por um momento.

- Não me parecia certo, sabe? Felicidade e luto não combinam.

Senti uma fisgada no coração. Senti um forte odor de álcool. Olhei e vi algumas garrafadas espalhadas pelo chão.

- Isso não vai ajudar nada.- falei tão baixo que duvidei se ele teria me ouvido ou não.

Olhei seu rosto, percebendo, agora, a barba por fazer. Ele deu de ombros.

- Eu só quero esquecer, Lily. Seus pais estão bem, mas se ponha no meu lugar.

- Quer sair?- eu estava tão desesperada para sair dali que nem percebi que Dylan parecia alcoolizado.

- Você só pode estar brincando.- ele sorriu ironicamente.- Você não é o centro de tudo, sabia?

- Você está alterado. Não vou falar com você assim!

- Ótimo! Faça o que você sabe fazer de melhor! Me abandone, vamos!

Revirei os olhos e respirei fundo.

- Faça com sua vida o que quiser.

E bati a porta. Olhei para o lado e via a mãe de Dylan passando, o rosto vermelho e cansado.

- Sabe, não é fácil para mim. Muito melhor para ele. Tente entender.- ela me olhou, e parecia muito fragilizada.

Pensei por um momento.

- Eu sei. Só tenho que lhe dar tempo.

Ela deu um murcho sorriso de agradecimento.

- Obrigada.

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