Alexia narrando:
Ontem fez exatamente 2 anos que perdi minha mãe. Foi meu primeiro dia de aula, que ótimo. Não fui, já que não consegui nem levantar da cama direito. Dois anos de saudade e de arrependimento. Se eu não tivesse pedido pra ir na casa da vovó naquele maldito dia, não teríamos sofrido aquele acidente. O acidente que matou minha mãe e meu irmão menor. Meu irmão até que chegou a viver mas depois de 3 dias veio a falecer. É horrível pensar que tudo isso aconteceu graças a mim. Graças ao meu pedido. Eu devia ter ficado em casa, mas não, me deu uma vontade enorme de ir pro campo e visita-la. Como meus pais sempre faziam meus gostos, disse que iríamos sair de madrugada já que é menos movimentado a estrada. Eu estava tão feliz, mas tão feliz, que nem dormi direito. Quando vi aquele caminhão vindo em nossa direção, juro que pensei que iria morrer. Mas não. O caminhão tentou desviar e foi bem do lado aonde mamãe e meu irmão estavam. Eu apenas desmaiei por uns minutos. Quando acordei e vi meio embaçado tirarem minha mãe morta de dentro carro, é como se o meu mundo tivesse acabado.
Após escutar um som vindo da porta, fechei o diário e respirei fundo.
-Pode entrar. -Me levantei da cama.
- Filha? Já está acordada? -Ele entrou e se aproximou de mim.
-Resolvi levantar mais cedo, já que tenho que ir para a escola hoje.
-Não fica assim, eu sei que não é fácil, mas temos que ser fortes.
-Eu estou tentando, pai. Juro que estou tentando. -Ele me abraçou.
-Eu sei que está. Sabe filha, temos que seguir em frente. A vida nunca será fácil e temos que passar por várias barreiras, inclusive essa. -Encostei minha cabeça em seu ombro. Eu precisava de um abraço, precisava de um conselho.
-Obrigada, pai. -Me separei e sequei meus olhos.
-Vou arrumar a mesa para tomarmos café, vá tomar um banho. -Concordei e ele sorriu. -Quero ver você com um sorriso no rosto. Você fica linda assim.
Sorri e prendi meu cabelo.
-O que fazia antes de eu entrar?
-Escrevendo. Estou fazendo isso pra poder contar o que estou sentindo. Está me fazendo bem.
-Você pode conversar comigo também, Lexy. Estou aqui para o que precisar.
Lexy é um dos meus apelidos favoritos. Desde que me lembro ele sempre me chamou assim. Exceto quando está bravo comigo.
-Eu sei. -Olhei para o relógio. -Preciso me apressar.
-Tudo bem, estou lá em baixo, se precisar de qualquer coisa é só me gritar. -Concordei e ele saiu do meu quarto.
Fui até meu guarda roupa e peguei meu uniforme. Coloquei sobre a cama e fui para o banheiro.
(...)
Desci as escadas e vi meu pai e Charlotte sentados sobre a mesa.
Charlotte é minha madrasta. Meu pai a conheceu no ano passado. No começo não concordei muito que em tão pouco tempo ele entrasse em um novo relacionamento, porém se isso está o fazendo feliz, me esforço para parecer feliz também.
O que lá no fundo eu sei mais do que ninguém que ela está com ele apenas pelo dinheiro.
-Bom dia. -Me sentei à mesa e respirei fundo já me preparando mentalmente pro sermão que sei que virá daqui alguns segundos.
-Vai a escola assim? -Perguntou Charlotte. Não falei? -Está péssima. Por que não vai com as roupas que eu e seu pai compramos? Não gastamos um absurdo pra você deixar tudo mofando no guarda roupa.
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Eu odeio amar você
Teen FictionAh o ensino médio, o ensino médio é sem sombras de dúvidas o ano mais complicado para os estudantes. As matérias não são fáceis, as pessoas não são fáceis e os amores com certeza é o menos fácil. A vida de Alexia Gomes virou do avesso nesse último a...