One

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Eddie nunca possuiu amigos. Nunca nem conseguiu fazê-los, e quando conseguia, sempre perdia-os dentro de meses. Talvez pelas suas manias de perfeição e por possuir hipocondria, que ninguém nunca entendia, as pessoas sempre o deixavam, seja por escolha delas ou não. Não, Eddie não era apenas um garoto mesquinho ou fresco. Não, ele não possuía "nojinho" das coisas, muito menos estava sobre seu controle. Ele era apenas um garotinho que se importava muito, talvez demais.

Era fato: Sônia Kaspbrak destruíra o psicológico do próprio filho ao longo da infância e pré-adolescência. Suas torturas psicológicas e chantagens deixaram marcas eternas na mente do pequeno Eddie, que a cada ano que se passava sentia-se incapaz de realizar tarefas simples. Eddie era como um passarinho confinado em uma gaiola, pela própria mãe. 

A mulher já até tentou convencer o filho a estudar em casa, para não correr perigo nas ruas marginais. Mas ainda sim, Eddie preferia frequentar a escola, por mais horrível que fosse, há ter que manter-se o tempo todo perto de sua mãe. Ele gostava de ser mimado, é claro, mas muitas vezes sentia-se sufocado com o que conhecia por amor. Ele não sabia na época, mas amor não sufoca, nem confina. 

O tempo passou e ele desistiu de tentar. Desistiu de tentar se rebelar contra sua mãe superprotetora. Desistiu de fazer amigos ou ser ele mesmo. Cansou de sentir-se solitário, e aceitou a solidão como sua única amiga.

Ele nutria esperanças de que quando a época da faculdade chegasse, ele pudesse voar para longe da mãe coruja, voar para longe da escola, voar para longe de sua vida. Passava todo o seu miserável tempo em mundos imaginários, onde a definição de liberdade se aplicava em sua realidade.

Dedicava-se aos seus estudos, possuindo as melhores notas da escola em certas matérias (não todas, poxa, o menino não era um gênio). Ele sabia que a escola não era seu lugar de lazer, e já deixara de esperar mais do que simplesmente existir por lá.

Passava o intervalo lendo embaixo de uma árvore afastada, onde os sons de estudantes correndo e gritando era substituído pelo leve som da brisa de outono, sua estação preferida. O período de renovação sempre lhe trazia esperanças, ainda mais a temperatura agradável e fresca.

Ele passou a não sentir falta, nem pensava em ter companhia além da sua própria. Tinha ciência de que os livros lhe proporcionam experiências das quais ele nunca poderia viver, eram sua companhia e, sinceramente, acreditava que não encontraria uma melhor.

 Tinha ciência de que os livros lhe proporcionam experiências das quais ele nunca poderia viver, eram sua companhia e, sinceramente, acreditava que não encontraria uma melhor

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Richie sempre possuiu amigos. De todos os tipos e personalidades, ele nunca estava sem companhia, mesmo que fossem de colegas ou pessoas insignificantes para ele, sempre havia voluntários para acompanha-lo onde quer que ele fosse. Talvez fosse seu jeitinho brincalhão e espontâneo, que ele não sabia que possuía, pois sua autoestima baixa não o permitia ver como realmente era. Para si mesmo, não passava de um adolescente esquisito e fracassado.

Praticamente não frequentava a escola, só raramente aparecia (geralmente em dias de provas e avaliações). Pois preferia passar os períodos de aula nos fundos da escola, fumando na companhia de seu grupo de amigos. Era uma das poucas horas de seu dia em que ele sentia-se bem, longe de sua casa, com quem menos odiava. Estava incendiando seu interior e matando a si mesmo, mas não se importava nenhum pouco. Não se orgulha de quem se tornou depois das decepções que a vida lhe causou, mas ele não possuía mais escolha.

Sua saúde mental nunca foi das melhores, principalmente por nunca ter recebido seu diagnóstico de depressão e bipolaridade, apesar de ser como entidades o perseguindo o tempo todo, ele nunca conseguia se livrar delas. Seu ambiente familiar era péssimo, pois seu pai era abusivo com sua mãe, e a mesma também nunca se vinculou ao filho, mantendo em baixo do tapete o sentimento de tristeza por não ter ganhado uma menininha pelo suposto Deus que acreditavam.

Tudo desandou ainda mais quando ele se negou a seguir a religião da família. Passou a virar noites em festas, para não voltar para casa. O ambiente era tóxico e ele não suportava a pressão colocada sobre ele pelo fato de ser a decepção da família Tozier em tantos aspectos, como se ele realmente não servisse para nada – como seu pai costumava dizer. Depois de todos esses longos anos esforçando-se para não decepcionar e ser um bom filho, em contra partida sendo completamente ignorado pela sua família, ele desistira.

Preferia não ter uma família, por isso seguia sozinho no mundo

Mas, é claro: As coisas mudariam. Não seria do dia para a noite que eles encontrariam a disposição para mudar suas realidades, mas só ainda não haviam encontrado suas fontes de energia. Como mudar algo que não se sabe que pode ser melhor? Ou se sabe, onde conseguir a energia para fazê-lo? O destino sempre esteve ali, e provaria mais uma vez para nós como sempre sabe o que faz.

Notas Da Autora: 

Olá, pessoas! 

Esse foi o primeiro capítulo "de verdade" da fanfic, que na verdade foi apenas para deixar claro a realidade de cada um, para assim avançarmos na história :) 

Espero que estejam gostando, de verdade. 

Tenho uma dúvida: É melhor eu publicar capítulos de mais ou menos 700/800 palavras todos os dias OU eu postar a cada 2/3 dias capítulos enormes de mais de 2000 palavras? 

Abraços, Lua. 

Os Dispostos Se Atraem - ReddieWhere stories live. Discover now