Eu sou o assassino.

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Zayn on

As oito da noite, Ally me mandou uma mensagem, avisando que já estava vindo. Tenho que admitir que minha cabeça está uma loucura e não paro de tremer.

- Você está nervoso com alguma coisa, Zayn?- Doniya me perguntou, enquanto se preparava para sair de casa.

- Não, eu tô bem.- menti, sorrindo fraco.

Ela foi embora, eram apenas eu, Waliyha e Safaa, que estavam em seus quartos. Meus pais ainda trabalhavam. É agora ou nunca. Senti como se meu coração fosse sair pela boca quando ouvi alguém na porta. Respirei fundo e a abri. Allyson sorria pra mim, mas eu não conseguia sorrir pra ela.

- Entra.- falei.

Ela concordou com a cabeça, sentou-se no sofá e me esperou dizer alguma coisa. Só que eu ainda tomava coragem.

- E então... o que você quer me dizer?- perguntou.

- Ally...- comecei.- Antes de tudo, quero que você saiba que eu sinto muito.

Ela me olhou confusa, e fez que sim com a cabeça. Eu não queria prolongar o assunto, e já falei logo de uma vez, sentindo como se um grande peso nas minhas costas desaparecesse:

- Eu sou o assassino.

Ela ficou em silêncio, me encarando. Apenas esperei alguma reação, o medo tomando conta de mim.

- Está brincando comigo, não é?- perguntou, forçando uma risada.

- Não.- respondi rápido.- Quem me dera se fosse brincadeira. Fui eu quem matou toda aquela gente, incluindo Lana e a sua irmã.

Allyson arregalou os olhos, que naquele momentos, já se enchiam se lágrimas.

- Não, você está mentindo! Não se brinca com uma coisa dessas, Zayn!- gritou.

- Por favor, acredita em mim! Eu já estou me sentindo péssimo por te confessar isso, apenas acredite em mim!- falei, lágrimas caindo pelo meu rosto. Me sinto pior a cada segundo.

Ela chorava cada vez mais. Levantou-se do sofá e começou a gritar.

- Por que? Você é um monstro! Você acabou com a minha vida, com a vida de todo mundo! Por que, Zayn? Aah, como eu te odeio!- ela gritava e chorava, ouvir isso dela doía tanto quanto levar um soco.

- Por favor, me perdoa! Allyson, não faço mais isso! Nunca mais vou fazer!- tentei acalmá-la, mas ela se afastou.

- NÃO TOQUE EM MIM!- botou as mãos no rosto.- Por que?

- Eu guardei rancor de muita gente, Ally.- falei mais baixo.- De muitas meninas. E acabou que isso aconteceu. Você não sabe como é fazer um trabalho sem uma dupla, ir a um baile sem um par, ver todas as garotas da escola fazendo cara de nojo pra você. Você não sabe como é isso. Eu não sei, eu... fiquei com tanta raiva delas, que guardei rancor disso...

- Você matou toda aquela gente inocente, Zayn.- falou, quase num sussurro.- Você ia me matar também?

- O quê?! Não! Claro que não!

- Ia matar a Donna, a Bruna? Porque a Molly você já matou, e parece satisfeito com isso, não?- disse maldosa, eu só queria que ela me perdoasse. Mas não consegui dizer mais nada.- Era a minha irmã, Zayn.- lágrimas caíram de seus olhos.- Você a matou! Você matou a namorada do Louis, a minha melhor amiga, você matou tantas garotas de Bradford, como eu te odeio!- foi em direção a porta.- Eu já suspeitava de você, mas eu não queria aceitar isso. Zayn, eu... eu amei você.

- Ally, me perdoa, por favor!- gritei, aos prantos.- Eu ainda amo você, pelo amor de Deus, me perdoa!

Ela encarou o chão, a mão na maçaneta da porta, ainda chorando.

- Apenas não faça mais isso.- disse sem olhar pra mim.- Nunca mais. Sua infância foi sofrida, com certeza. Mas isso dói mais. Isso é muito pior que qualquer outra coisa.

Abaixei minha cabeça. Idiota, idiota, você não merece viver. Aproveita e se mata logo.

- Eu tenho que ir.- ela bateu a porta com força e se foi. Talvez pra sempre, talvez não. Merda, merda, merda!

Sentei no sofá, tentando parar de chorar. Me perguntei se minhas irmãs ouviram isso tudo, o que só pioraria a situação. Logo vejo Waliyha no pé da escada. Tremi mais ainda. Ela ficou a me encarar.

- O que aconteceu?- perguntou, normalmente.- Você e a Allyson discutiram? Terminaram o namoro? Ei... você tá chorando?

Soltei um suspiro de alívio na hora, sequei minhas lágrima e olhei pra Waliyha.

- Sim, eu discuti com ela. Não sei se ainda estamos juntos. Só espero que ela me perdoe um dia...

Waliyha desceu as escadas e me deu um abraço, tentando me acalmar.

- Não sei o que aconteceu. -disse ela.- Mas com certeza, vai ficar tudo bem.- sorriu.

Passei o resto da noite agarrado a Waliyha, eu estava tão nervoso... tão perdido, tão machucado com as coisas que Allyson me disse. Não há coisa pior.

Allyson on.

Cheguei em casa, me joguei no sofá e comecei a chorar. Meus pais voltariam de madrugada pra casa, e é disso que eu preciso. Do conforto dos meus pais. Subi as escadas e entrei no quarto de Molly, toquei em todas as suas coisas. O quarto nunca deixava de ter o seu cheiro. Aquele quadro dos Beatles me lembrava muito dela, porque Molly era viciada neles. Nossas fotos, seus enfeites, os pôsters... tudo me lembrava dela! Deitei em sua cama e comecei a chorar muito. Minhas suspeitas estavam certas. O garoto que sou perdidamente apaixonada é um assassino. Um não, o assassino. Queria alguém aqui, do meu lado, mas não posso fazer isso. Não quero que Louis, Donna nem ninguém saiba o que eu descobri. Então, só me restou chorar sozinha, a noite toda. Acabei dormindo no quarto de Molly, e fui acordada pela minha mãe. É claro que ela notou os meus olhos vermelhos.

- Querida, o que houve?- perguntou, preocupada.

- Saudades da Molly...-murmurei, abraçando ela logo em seguida. Meu pai apareceu na porta, porém não fez nada. Apenas ficou com a sua famosa cara de confuso a olhar pra nós. Eu aos prantos, e sua esposa tentando me acalmar. Mas era impossível. Sabe quando você sente raiva e tristeza ao mesmo tempo? Então, esses são os piores sentimentos do mundo, e é um sofrimento sentir os dois juntos.

Killer |Z.M|Where stories live. Discover now