Sobre poemas anônimos, garotos e amor - Livro I [COMPLETO]

Capítulo XXI: Problemas que não sei como resolver

"Carry your world
I'll carry your world
Carry your world
I'll carry your world
Carry your world and all your hurt
Carry your world"
Atlas - Coldplay

Quando deixei Louisie em sua casa após voltarmos do encontro do grupo de estudos, ignorei o fato de ela estar aérea. Normalmente, quando minha namorada tinha algum problema, vinha me contar, então eu não precisava pressiona-la até que o fizesse.

Mas, daquela vez, aquilo estava me incomodando profundamente.

Já era segunda-feira e ela se atrasou, chegando ao colégio somente na segunda aula. O seu cabelo estava bagunçado e esse era um péssimo sinal: Louisie nunca saía de casa se os fios ruivos não estivessem em perfeito estado.

— Meu amor, tem alguma coisa que você queira me contar? — Peguei delicadamente em sua mão e ela me encarou por alguns segundos, seu olhar um pouco perdido. Por fim, soltou um sorriso e balançou a cabeça em negação.

Porém, conhecia os seus sorrisos.

Louisie era a melhor pessoa do mundo para ajudar os outros, no entanto, quando se tratava de ser ajudada, era completamente diferente. Não gostava de parecer "fraca", como repetia inúmeras vezes.

— Minha família precisa de mim. Não posso ser fraca, Evan. Preciso ser forte. Eu preciso ser alguém.

E sempre repeti que ela é alguém. É uma garota maravilhosa, que todos amam ou querem ser, a melhor filha que uma mãe poderia ter e uma namorada melhor do que mereço. Às vezes, me pego pensando que ela precisava de alguém melhor.

— Problemas? — meu irmão perguntou entrando no quarto, me fazendo desviar a atenção para ele, o que era como olhar para um espelho.

— Não sei ao certo. — Ele levantou uma sobrancelha. — É a Lou, ela está estranha — falei, enquanto ele se sentava na cadeira em frente ao computador.

— Garotas — suspirou. — Elas sempre têm problemas.

— Pessoas, Ethan, pessoas têm problemas. Nem todos são como você, superdotados que pulam séries na escola e sabem lidar com tudo — reclamei e ele levantou as mãos, desculpando-se.

Ethan é meu irmão gêmeo, com a diferença de dez minutos entre o nascimento dele e o meu, tendo como resultado aniversários em dias diferentes. Não bastando ser o mais velho, ainda foi considerado inteligente demais para sua idade, o que fez com que terminasse a escola dois anos antes. Eu, no entanto, só sei jogar basquete mesmo.

— Já falou com alguma das amigas dela? — Ethan voltou ao assunto após algum tempo em silêncio. — Talvez, elas saibam de alguma coisa e possam ajudar. Ou, quem sabe, ela só precise de um tempo, Evan.

Eu esperaria. Aguardaria o tempo que fosse necessário para que Louisie tomasse a iniciativa de me contar o que estava acontecendo. Não a pressionaria a nada, mesmo querendo muito saber o que estava acontecendo, porque sabia que ela não reagia bem às pressões.

Aquela era a terceira bola que eu deixava escapar e a segunda cesta errada de hoje. Os meninos reclamavam enquanto eu passava as mãos pelo rosto em sinal de frustração. Estava irritado comigo mesmo por estar tão aéreo, embora tivesse motivos para isso. Louisie não deu nenhum sinal de vida no fim de semana e não apareceu no colégio hoje. Karyn e Ella, nossas melhores amigas, também não falaram com ela durante esses dias, aumentando, ainda mais, minha preocupação.

Além de Ethan, meu pai foi outra pessoa que me disse para tentar me acalmar e esperar que Lou viesse até mim. O problema é que isso estava demorando demais e eu estava começando a ficar, verdadeiramente, angustiado. Aquele tempo, entretanto, deixava-me apreensivo sobre outra questão: eu fizera algo que Louisie não gostara e ela não me contou?

— Cara, o que está acontecendo? — Brian se aproximou da arquibancada, sem tirar os olhos de mim, alguns momentos após o final do jogo. — Você não está nada bem.

Ele se sentou ao meu lado, puxando sua mochila e remexendo em suas coisas, esperando uma resposta. Eu já havia respondido as perguntas do treinador sobre minha distração durante o treino e sabia que não demoraria muito para que Brian também viesse fazer seus questionamentos.

Sem esperar muito, expliquei a ele toda a história, contando sobre o sumiço repentino de Louisie e minha preocupação referente a isso. Brian ouviu pacientemente e essa era uma das melhores características sobre o ter como amigo: ele te ouve sempre. Não importa pelo que você esteja passando, saiba que pode contar com ele a todo o momento e que Brian terá ótimos conselhos poéticos para dar.

— Vou falar o contrário do que te disseram até agora. — Ele começou, encostando-se à arquibancada como se fosse um psicólogo prestes a iniciar uma sessão. — Acho que já passou da hora de ir até ela, Evan. Você já deu um tempo, mas, se isso está te preocupando tanto a ponto de te causar distração no basquete, que é a coisa que você mais ama depois dela, acredito que esteja na hora de perguntar o que houve.

Ele levantou, dizendo que Ella o mataria se acabasse se atrasando, e seguiu para o vestiário. Fiquei alguns segundos ali, absorvendo tudo o que Brian falou e decidindo o que faria. Por fim, me levantei e peguei minhas coisas.

Iria atrás da minha garota.

Oioi, pessoal! Tudo bem?

Além de vir postar esse capítulo hoje, vim, também, dar um recadinho aqui. Eu me atrapalhei com a ordem dos capítulos e, em vez de escrever o capítulo 22, de sexta que vem (15/06), eu escrevi o 23, da outra sexta (22/06). Fora esse, eu só tenho pronto o capítulo 26.

Além disso, eu vou entrar em semana de provas na faculdade e, como é fim de semestre, também tenho trabalhos para entregar. Também estou com tendinite (e, sim, está horrível pra digitar isso aqui), então não conseguirei fazer o capítulo da próxima semana. Problemas de uma autora universitária.

Espero que entendam o motivo. Nos vemos no dia 22.

Até!