O pior detetive

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— Maldita jornalista! — Joguei meu jornal no banco do passageiro.

COMO ELA CONSEGUIU AQUELAS INFORMAÇÕES?! COMO?! MALDITA JORNALISTA!
Ódio, a manchete do jornal era Naila e as apreensões feitas por nós. Como ela tinha conseguido aquelas informações? O empregado teria feito alarde se ela tivesse tentado entrar na casa.

Acelerei meu carro o máximo que eu podia dentro dos limites da cidade, o que não era muito. Malditas leis de trânsito. Maldito eu que era um detetive amaldiçoando as leis de trânsito!

Meu celular tocou. De novo. E outra vez. Maldita pessoa que me ligava, não poderia esperar eu chegar naquela porcaria de delegacia!?

— Alô! — Atendi ao telefone, possuído de ódio.

— Aqui é o delegado — merda —,  tenho uma notícia ruim e outra péssima. Qual você quer ouvir primeiro?

— Qualquer uma, o dia mal começou e já está uma porcaria. — Dessa vez suavizei um pouco o tom ou a notícia horrível seria eu ser demitido.

— Aquela jornalista, Petúnia, conseguiu informações de ontem e publicou. Só me pergunto como ela alcançou essa proeza se demitimos seu informante. — A voz dele não estava exatamente amigável.

— Por isso o dia está uma porcaria, eu me perguntava exatamente isso. — Parei em um semáforo.

— A notícia péssima é que você precisará demitir algumas pessoas assim que descobrir os responsáveis por uma falha interna. — Mas que merda de dia era esse?!

— O que aconteceu? — Esperava que não fosse algo que atrapalhasse mais minhas investigações.

— Naila amanheceu morta. Ao que parece  a envenenaram com estricnina, bem debaixo do nosso nariz. — Concluiu.

— MAS QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO HOJE!? — Gritei descontrolado. — Me desculpe, vou me atrasar um pouco.

Joguei o celular no banco do passageiro, acabou por cair no assoalho.

— MAS QUE MERDA! MERDA! QUE CARALHO ESTÁ ACONTECENDO?! MERDA!
Minha boca se tornou um poço de palavrões. Se houvesse uma forma de medir isso eu poderia apostar que os meus chegariam até Marte. Que se danasse o horário de trabalho. Entrei na rodovia e acelerei, precisava descarregar a raiva ou socaria a cara de cada inútil que trabalhava naquela delegacia.

♠♠♠♠

Esse foi meu verdadeiro dia de glória, Mauro estava emburrado no canto enquanto brindávamos com champanhe. Sim, champanhe! Meu chefe me presenteou com uma garrafa da bebida. Apesar de não poder beber no trabalho, aquele dia seria uma exceção.

Fui informada que fora feita uma tiragem especial com o dobro de exemplares, ele acreditava na potência de minha reportagem. E eu ganharia uma porcentagem por cada jornal vendido.

Saí dançando entre as mesas. Miguel me olhava e sorria. Ele havia me acompanhado ao trabalho porque eu pedira com muita delicadeza, talvez também tenha usado de algumas artimanhas um pouco eróticas. Apesar disso ainda não havíamos transado. Eu queria respeitar o período de luto, esperar pelo menos até o jantar na casa de meus pais.

— Hei bonitão!

Chamei Miguel com a mão e ele veio. Eu não queria algo importante, apenas beijá-lo. Todos fizeram furdunço terrível quando o beijo aconteceu.

— Hei bonitão! — Meu chefe me imitou e Miguel foi até ele. Por um milésimo de segundo pensei que meu chefe o beijaria. — Melhor ir para casa, aquela mocinha não vai trabalhar se você estiver por perto.

A Rosa do Assassino [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora