Mansão Schukrut

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— A última vez que coloquei meus pés nesse lugar, estava com tanto ódio que nem observei como é grande. — Isac falou enquanto admiravam o hall de entrada.

A mansão de Schukrut era um projeto megalomaníaco executado pelos avôs. A família era muito rica e descendente - em grau distante - da nobreza de algum país europeu. Tudo era elegante, requintado, caro e luxuoso. Um leve aroma de verniz de madeira pairava pelo ar.

— Olha essa tela. — Nico chamou Isac para observar um Renoir original que estava pendurado em uma das paredes do salão principal. — Original.

— O maldito velho não merecia o que tinha. — Isac resmungou enquanto admirava a tela. — O que procuramos?

— Algo que ligue ele ao Tunísio. — Nico se aprumou e começou a subir as escadas.

Já que Schukrut estava morto, os empregados não eram tão resistentes à chegada de intrusos, isto é, os que não tinham sido presos junto com o patrão. Sendo assim, foi relativamente fácil para Isac e Nico entrarem na mansão.

— Vamos levar uma eternidade para vasculhar a casa toda. — Isac reclamou enquanto andavam por um longo corredor cheio de retratos nas paredes.

— Isac, vamos olhar a ala principal primeiro. — Nico falou resoluto.

— Por que você acha que vai ter algo aqui? — Isac perguntou enquanto analisava uma pesada porta de mogno que dava acesso a algum cômodo.

— É a casa dele, claro que é o último lugar onde alguém procuraria algo assim. Um homem rico e poderoso não costuma ser contrariado. — Nico abriu a porta que Isac tinha analisado e encontrou um quarto escuro. Primeiro ligou o interruptor, que estava próximo à porta. Depois tratou de abrir a janela, pois a iluminação natural era melhor que a artificial. No quarto,  havia a mobília básica para a estadia de uma pessoa. Apenas uma cama, guarda roupa e cômoda.

Ambos revistaram todo o cômodo. Cada milímetro quadrado dele. E o mesmo fizeram com mais seis quartos. Procuraram  debaixo de camas, dentro de colchões, no fundo de guarda roupas, atrás de molduras,  dentro de gavetas, no chão, em banheiros privativos, embaixo de tapetes e carpetes, atrás das cortinas, nas molduras das janelas, nos batentes de portas e em todo lugar onde pudesse haver alguma pista, mas nada encontraram. Era um trabalho exaustivo e minucioso. Tanto Nico quanto Isac já estavam cansados quando passaram para o sétimo quarto, mas não poderiam se dar o luxo de desistir.

— Tem mais quartos nessa casa que cômodos na minha. — Isac estava com a testa franzida de descontentamento. — E eu estou com fome.

— Essa é a vida dos ricos, meu caro. — Nico respondeu enquanto começava a revista do sétimo quarto, esse, mais arrumado e mobiliado que os anteriores. — Não é a primeira mansão que eu revisto, mas é a primeira que é tão grande. E alguns móveis são tão pesados quanto um elefante. Se estivesse sozinho, eu não conseguiria tirá-los do lugar.

— Eu sei, me agradece depois. De preferência arrancando essa coisa do meu tornozelo. — Isac apontou para a tornozeleira e Nico riu.

— Não sou eu que coloco isso nos presos, você sabe, não tem como eu tirar de você. A menos que eu corte seu pé. — Nico provocou. Isso fez com que Isac desse uma gargalhada genuína.

Para a frustração de ambos, aquele cômodo  também não possuía as pistas que eles procuravam. Então passaram para o cômodo no final do corredor.

Isac ficou estupefato quando viu o tamanho do lugar. Era um quarto tão grande quanto uma casa popular. Tinha uma gigantesca e pesada cama de madeira negra com dossel alto de onde pendia um luxuoso veludo verde musgo. O chão era todo acarpetado com uma tapeçaria ricamente ornamentada. Nas paredes, havia pelo menos quatro obras de arte cujos dígitos de preço estavam na casa dos milhões. Em um canto, um vaso chinês descansava em uma redoma de vidro. Uma das paredes contava com uma estante cheia de livros do chão ao teto.

A Rosa do Assassino [Concluído]Where stories live. Discover now