capítulo 55

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ANGEL NARRANDO

24h . Já se passaram 24h desde o acidente.
O enterro será em 4h. Em pensar que se tudo tivesse ocorrido bem, estaríamos no Havaí agora, curtindo a nossa lua de mel. Mas não. A vida é injusta. Sempre foi.
Primeiro meu pai. Acidente de carro. O homem que eu amava, que se importava comigo, e me amava também. Morreu.
Agora o kevin. Acidente de carro. O homem que eu amava, que se importava comigo, e me amava também, e bom... morto. Não consigo acreditar.
Quem vai ser o próximo???? O meu filho??
O incrível é que eu não sinto dor. Não sinto ódio da vida. Não sinto nada. Simplesmente nada.
Eu chorei. Passei a noite no hospital por ter batido a cabeça muito forte. E quando acordei, o meu filho, de quem eu devia cuidar, apoiar nesse momento duro, veio me contar a notícia. Deveria ser o contrário. Me fiz de forte. Mas quando ele saiu, derramei lágrimas. Muitas. Não dormi. Apenas chorei. Silenciosamente eu chorei.
Talvez eu tenha secado todo o meu meu estoque de lágrimas, pois não consigo mais chorar nem um pouco.
Procuro em todos os lugares, e encontro no bolso do seu paletó, que ficou comigo, um papel dobrado em 4 pedaços.
"Votos de casamento ♡" tinha escrito com tinta azul brilhante.
Fofo. Como sempre.
Guardo em minha bolsa, e preparo as roupas para o funeral. São 3AM, vou até o quarto do Brad e o vejo dormindo tranquilamente.
Vou até o quarto de visitas e vejo nath na cama,e Brian em um colchão no chão. eles vieram dormir aqui para dar apoio. Não consigo dormir. Talvez se eu sair ajude.
Pego uma caneca de café quente, e saio em direção ao local do acidente.
Vejo os desenhos feitos em branco na pista, e alguns destroços do carro. Mas não choro. Não consigo chorar. Apenas fico olhando friamente enquanto bebo meu café.
-vai passar angel, eu estou com você. E eu sinto muito. Muito mesmo- Brian diz me assustando
-eu estou bem. Oque faz aqui?- pergunto
-te vi saindo e achei melhor te seguir. Mas olha, você não precisa fingir que está bem. Você precisa sentir a dor da perda, ou isso lhe fará mal.
Assinto sabendo que ele está certo. Mas eu não consigo sentir essa dor. Eu sinto falta, e nem faz tanto tempo que ele se foi. Mas dor? Não sinto dor. Nem por dentro e nem por fora.
Talvez isso seja bom.
Se eu não sentir dor não irei me machucar.
Olho pra ele calmo.
Vejo seu olhar preocupado e dou um sorriso de canto de boca.
-2h para o enterro. Vamos? Precisamos nos arrumar, tirar essa mazela- falo e ele assente excitante.
Chego em casa e vou tomar banho.
Demoro mais do que o esperado.
Precisava lavar a alma.
Saio do banheiro e acordo o Brad.
-filho? Meu amor? Tá na hora de acordar-falo e ele assente ja entendendo.
Ele vai tomar banho enquanto preparo a roupa dele.
Visto um vestidinho curto preto com uma sapatilha azul escuro.
Faço um coque no cabelo e ajudo o Brad a se vestir.
Saio do quarto e vejo todos prontos sentados no sofá. Nath levanta cautelosamente e me abraça.
-vai ficar tudo bem ang...- ela sussurra
-eu to bem nath. Eu to bem- bom... eu não estava. Eu achava que estava mas depois do meu banho percebi que não. A minha ficha caiu. Nunca mais o verei. O homem que eu amo. Não vou mais ouvir sua voz, rir das suas piadas sem graça, odia-lo por deixar a luzda cozinha acesa, brigar pra decidir qual o filme que vamos ver no cinema, não vou poder beija-lo,  o abraçar, sentir o cheiro dele em minha camisa. Como eu vou sobreviver á isso? Eu não sei se vou... mas eu preciso! Pelo Brad.
Me solto do longo abraço e abraço o Brad.
-Eu te amo filho-falo o beijando na bochecha
-eu também te amo mãe. Mas eu to bem. Você precisa se acalmar e relaxar. Vai ficar tudo bem- ele Fux me abraçando forte.
Pego meus óculos escuros e um copo de café quente.
Chegamos ao local do enterro.
Todos estavam lá.
Meus amigos, os amigos dele, nossos amigos, convidados do casamento, alguns repórteres tentando uma nova matéria devido a repercussão do acidente, a mãe dele...
Vou até a dona Geórgia  (mãe do Kevin) e ela me abraça chorando.
-ah querida, eu sinto tanto...-ela diz chorando e eu a abraço mais forte.
-eu também tia... eu também -falo a chamando como antigamente
Ela sorri pra mim
O pai do kevin morrer a alguns anos. Foi um momento difícil pra nós.
Ele tinha um grande apego pelo pai, e eu o conhecida bastante, gostava dele, era uma boa pessoa.

Ele foi velado e enterrado.
Ver aquelas pessoas todas chorando, pessoas das quais eu nunca ouvi falar, isso me deixou com raiva, senti nojo, pessoas que não se importam de verdade com quem você é, nunca falaram com você, mas quando você morre, ah! Quando você morre todos te conhecem, você vira uma pessoa maravilhosa com um futuro brilhante pela frente, a vida é uma merda mesmo...
Não consegui derramar uma única lágrima, apenas... apenas vi tudo acontecer lentamente, de forma fria e seca,  doía um pouco saber que eu jamais iria ver o meu Kevin de novo,  mas eu precisava ser forte, pelo Brad.
Saímos do local do enterro e fomos direto para casa. Eu precisava de um banho.
Tomei banho e fui com o Brad para o sofá. O abracei e disse que o amava, ganhando um beijo na testa.
Brad é um anjo.
Eu não mereço um filho desses...
Seguro o papel com os votos do Kevin na mão. Penso em ler mas... não consigo. Eu tentei abrir mas meu coração doeu. Resolvi não ler. Pelo menos não agora.
Fico abraçada com o meu filho assistindo tv. Pedimos uma pizza e ele comeu toda pois eu não estava com fome, e então fomos dormir. Achei melhor ele dormir comigo. Talvez isso diminuísse a nossa dor, pois mesmo que ele não demonstrasse, ele sentia falta do pai. Eu sei que sim.

Namorada De MentiraWhere stories live. Discover now