IV. SANGUE E FAMÍLIA

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Peter havia marcado exatos 5 minutos desde que o Capitão Pollack aparecera na TV da sala de espera do hospital falando sobre os corpos achados em Raytown. David havia usado todas as palavras ditas por Bane através do telefone quando Isabelle entrou na ambulância desacordada. Ela havia caído na inconsciência logo que desceram do sótão. Assim que colocou os dois pés no chão do primeiro andar, o detetive agarrou o corpo mole e fraco nos braços. Apenas depois de avisar ao capitão o que acontecera e a adrenalina no seu sangue diminuir o ritmo, Peter percebeu que seu colete estava tingido de sangue que não o pertencia. A polícia da cidade de Raytown foi acionada, mas eles sabiam que não tinha mais o que fazer a não ser encontrar o assassino.

Seguindo as ordens do seu superior, Bane foi junto com alguns policiais para o hospital esperar os amigos e familiares da vítima com o objetivo de passar as informações necessárias. Enquanto esperava, as indagações explodiam como fogos de artifício na mente do detetive e a imagem dos corpos decapitados lhe aterrorizava.

Enquanto velava junto com outros oficias a segurança de Isabelle Stuart, a equipe da perícia investigava o local com minuciosidade. Era questão de tempo até que achassem alguma pista.

O detetive levantou-se para pedir informações sobre a saúde da Stuart assim que três pessoas entraram como um furacão na sala de espera. Instintivamente, todas as pessoas que aguardavam de forma paciente no local ergueram seus rostos em direção à confusão que se instalava ali.

— Onde está minha sobrinha? Onde está Isabelle Stuart? Diga me onde ela está! — Antes mesmo da recepcionista dizer algo, a mulher baixinha, aparentando estar na casa dos trinta, gritou. Os cabelos pretos estavam bagunçados e o vermelho do rosto era marcado por olheiras de noites mal dormidas e choros contínuos.

— Meu amor, — um homem ao seu lado a segurou pelo ombro — tenha calma!

— Calma? Meu irmão está morto, Ryan! Toda família que eu tinha morreu! Apenas Belle está viva. Eu quero vê-la!

Enquanto a mulher gritava com Ryan, o outro homem que entrara com eles conversava calmamente com a recepcionista, conseguindo as informações que procurava. Ele usava terno e tinha os cabelos cheios de gel, penteados para trás de forma pomposa. Mantinha uma pose serena, profissional e prepotente de quem mandava e não recebia ordens. Peter comparou-o com um dos principais personagens de Suits encarnado em toda sua glória e arrogância.

— Com licença, — falou Bane educadamente — vocês são parentes da senhorita Stuart?

Ryan suspirou aliviado e olhou para o detetive com gratidão estampada no rosto por ter interrompido aquele escândalo de sua esposa. Arrumou ligeiramente a gola de seu suéter branco e estendeu a mão com um sorriso.

— Sim, e você deve ser o detetive que o capitão Pollack nos falou — respondeu ele afável.

Peter correspondeu o seu cumprimento. O homem, que estaria no auge de seus 35 anos, tinha as mãos bastante calejadas e um aperto forte.

— Meu nome é Ryan Dixon. Sou esposo da irmã de Chad. Estamos devastados com a atrocidade que aconteceu.

O detetive observou o rosto de Ryan procurando algum vestígio de tristeza genuína, no entanto, encontrou apenas o luto respeitoso que qualquer ser humano com alma teria naquele momento. A então tia de Isabelle arrumou seus cabelos rapidamente e passou a mão no rosto enxugando as lágrimas que ainda estavam em sua face.

— Fallon Dixon —apresentou-se — Eu sou... — hesitou — Era... Irmã mais nova de Chad.

— Sinto muito pela sua perda, senhora Dixon. — Peter falou com a voz neutra.

Confidente [Completo]Where stories live. Discover now