Capítulo 4

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Lea Riccio ficou internada por uma semana e meia, e durante esse período, CJ a visitou ao menos uma vez no dia. Sempre que passava em frente à estação das enfermeiras, ele me olhava, até não ser mais possível fazê-lo de forma discreta. Mas não me olhava mais como fazia quando estávamos no Brick Wall ou em algum outro lugar em comum, com aqueles olhos de caramelo se derretendo. Agora era como se houvesse um grande segredo entre nós, um segredo do qual não consigo me lembrar.

Quando Lea saiu do hospital, na manhã do dia de São Patrício, eu estava com um paciente, mas CJ não estava lá. Quem buscou ela, insistindo a respeito da cadeira de rodas e levando todos aqueles balões de gás com desejos de melhoras, foi Frank e dona Anna. As duas não me viram, mas Frank virou o rosto para me olhar rapidamente por cima do ombro, sorrindo.

Esse olhar, embora vindo de um rapaz bonito, não me deixou nem perto de intrigada, como os de CJ.

Eu estava ficando louca. Não é normal as coisas que ele desperta em mim com tão pouco esforço. E definitivamente não é normal que você perturbe tanto assim alguém por quem não tem interesse.

―Entrada! – Ouço Abby gritar, seguindo Dakota com uma maca enquanto dr. Taylor as encontra no meio do caminho.

Dakota comenta sobre um acidente causado pela neblina no começo da manhã. Logo atrás delas vem Jamal, com um menininho em uma maca e outro ao seu lado. Eu, dr. Chong e Zoe nos aproximamos.

― Sinais estáveis, mas ele está reclamando de dor no braço. – Jamal diz.

― E quem é esse? – Zoe indica o garotinho ao lado de Jamal.

Ambos não parecem ter mais de seis anos.

― Nenhum arranhão. – Jamal responde com surpresa. – Estava pegando uma carona, o pai precisa ser avisado.

― Meu braço! – O menininho na maca fala por cima de Jamal. Zoe se apressa a repassar o curso de tratamento para o dr. Chong.

― Andy, pode cuidar dele até o pai chegar aqui? – Ela pergunta apressada antes de desaparecer atrás da cortina 05 com o garoto.

― Ok. – É tudo que eu posso responder, mesmo que ela não esteja mais me ouvindo.

Viro-me para o garoto – um menino com cabelos cor de areia, olhos castanhos e bochechas rosadas que parece assustado e imóvel quando o encaro.

Respiro fundo e coloco minha melhor expressão amigável, ajoelhando-me em frente ao garotinho. Seu rosto redondo de bochechas gorduchas diz que ele ainda está perdendo os traços de bebê e isso me faz sorrir.

― Hey, cara. Eu sou a Andy e vou te ajudar a encontrar o seu pai, ok? – Ele parece se encolher um pouco quando eu falo, apertando os lábios. – Pode me dizer qual o seu nome?

Ele abre a boca depois de um momento, mas não consigo ouvir o que diz.

― O que disse?

― Wade. – Sussurra, encarando-me com um olhar triste.

― Ok, Wade. Vamos encontra o seu pai.

Então eu o pego pela mão e caminhamos até a estação das enfermeiras, por onde a busca vai começar.



Não foi tão difícil quanto parecia. A mãe do outro garoto estava consciente, sem grandes ferimentos, e foi capaz de indicar o número e o nome do pai de Wade – um homem que, devo acrescentar, não foi nada simpático ao telefone, mesmo quando eu disse que Wade estava bem.

As Cicatrizes de Andy - Série Mercy Bay #2 (Degustação)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin