Capítulo 34

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– Te vejo na quarta-feira. – Henrique me da um beijo como se quisesse me levar em sua pequena mala.

– Te vejo na quarta-feira. – Repito.

E mais uma vez uma partida. Eu já deveria ter me acostumado a me despedir dele e isso é uma coisa impossível. Vendo-o sair pelo portão com o Porsche prata me dava calafrios.

Eu estava vestida apenas com um robbe branco de seda e com a partida dele me senti completamente nua. Entrei na casa enorme sozinha. Denise estava de folga desde ontem quando Henrique a dispensou para que pudéssemos ficar sozinhos. Aah, como eu queria voltar a um dia atrás só para ficar o dia inteiro na cama com ele novamente. Parei na enorme sala que olhando para os cantos e estava tão quieto que eu quase conseguia ouvir o que os jornalistas estavam falando do lado de fora.

Meu Deus, eu nunca odiei tanto ficar sozinha na minha vida. Sentei na poltrona vermelha da enorme sala e peguei o tablet de Henrique.

Vamos ver qual é a boa do casal, pensei. Dito e feito lá estava nós dois como a primeira notícia.

"O casal mais queridinho da ponte Brasil-Espanha estão novamente juntos. A namorada do jogador veio à Espanha passar alguns dias na casa dele. Ontem eles foram à inauguração de uma boate no centro de Barcelona e parece que Henrique teve complicações por ciúmes da namorada. O jogador se desentendeu com um homem na festa. Parece que ele esta caidinho pela brasileirinha."

Como ele consegue omitir coisas que todo mundo viu? Ele deve ser ninja. Ri sozinha da minha descrição. Meu sorriso desapareceu quando abri outro blog de famosos, desta vez este era Frances então coloquei o Google tradutor.

"Nova namorada do jogador do Barcelona Henrique Belmontt, flerta com um homem em inauguração de boate. O jogador então brigou com a moça, mas logo depois já se acertaram. Fontes disseram que eles ficaram o tempo todo na cabine do camarote da boate."

E de novo coloquei as mãos no rosto não acreditando naquilo. Como as pessoas podem fazer essas coisas? Lendo que mais de um site postou a mesma coisa, me senti a pior pessoa do mundo. Nunca gostei de saber o que as pessoas pensam ou acham de mim, mas isso é um grau mais delicado do que saber que a pessoa simplesmente não vai com a sua cara.

Deixei o aparelho caro na mesinha de vidro a minha frente e tentei refazer minha lista de coisas a fazer enquanto estou sozinha, para que pelo menos tentar esquecer dessas baboseiras todas.

1) Eu ia ligar para Martina porque eu estou com saudades e se ela tiver tempo ela será uma ótima companhia 2) Vou ir até a universidade de Barcelona 3)Eu iria ao jogo final do Campeonato Espanhol. 3) Tenho que ter algo a pensar para fazer. Talvez me candidate a empregos nas editoras. Talvez...

Como já era final de tarde de uma segunda-feira, decidi ir para cama mais cedo e ler um livro. Eu comprei o livro Um Dia de David Nicholls durante minha conexão em São Paulo e li ele até um pouco mais da metade, já que o voo até aqui dura 11 horas.

É tão triste, porque quando parece que tudo vai começar a dar certo algo ruim acontece. Nunca gostei que os personagens principais morressem, e esse livro retrata como o amor é cego. Cego porque ele pode estar na sua frente e você não enxergar.

Olhei para o relógio do celular, marcava onze e meia da noite. Neste exato momento meu telefone toca.

– Alô. – Atendo um pouco desesperada.

– Essa foi a resposta de chamada mais rápida que eu já vi. – Sua voz estava calma e feliz.

– Eu estava com o celular na mão vendo a hora.

Um amor além de flashesWhere stories live. Discover now