Livro 2 - Capítulo 8

5.6K 362 6
                                    

Henrique

Hoje completa duas semanas que Helena está em coma e todos esses dias eu saio daqui vou aos treinos e jogos que são de viajem longa o presidente me deixa fora do time e claro que isso me custa menos quinze por cento a menos do meu salário. Isso não importa, eu só quero que minha Helena volte para mim.

Eu era o único responsável por ela estar nesta situação, se eu não tivesse dado a ela algum motivo para desconfiar de alguma coisa ela não sairia em alta velocidade e não tinha capotado o carro sete vezes e nem batido a cabeça com força.

Eu ainda não conseguia explicar direito o choque que eu tive quando recebi a ligação dos paramédicos dizendo que ela tinha sofrido um acidente. Foi questão de minutos, só deu tempo de eu ir pegar sua carteira de motorista provisória para sair atrás dela e o estrago estava feito.

Foi mais dolorido quando liguei para nossas famílias. Quando eu disse o estado que Helena se encontrava sua mãe desmaiou na mesma hora, só que eles precisavam saber de mim ao invés de notícias de jornais e televisão.

Alice e seu namorado Fernando, Solange, Antônio e o irmão Gustavo, minha mãe. Todos estão hospedados em minha casa esperando alguma melhora em seu estado de coma. Ela está na UTI por apenas estar inconsciente e não por nada mais grave.

Aprendi a verdadeira força da palavra fé. Todos os dias eu rezava para que ela acordasse e sorrisse ou falasse mais alguma besteira com aquela boca inteligente para mim, era tudo o que eu queria e tudo o que eu mais precisava nesse momento. Olho novamente para ela através do vidro, parecendo estar em um dos mais profundos sonhos, se eu não estivesse tão pirado poderia jurar que ela sorria levemente.

– Vá pra casa descansar um pouco. – Dona Solange me tira de meu devaneio. Os olhos das duas são parecidos demais.

– Vou ficar mais um pouco. – Olho novamente para Helena.

– É quase meia noite, durma e volte amanha de manhã. Eu e Alice combinamos de ficar esta noite. – Eu estava mesmo precisando dormir até porque tenho treino amanhã a tarde e principalmente tomar um banho.

– Acho que vou aceitar, estou morto. – Esfrego meus olhos.

– De um beijo no Gustavo por mim e tente tranquilizá-lo. – Era irônico quando eu tinha que tranquilizar um adolescente de treze anos sem ao menos eu, com vinte e seis conseguir me tranquilizar.

Chego em casa e todos vieram me perguntar se havia tido alguma melhora, expliquei o que os médicos tinhas me dito: havia um pequeno corte na lateral da testa que foi dado dois pontos e a pancada no vidro blindado do carro tinha sido forte demais e que o cérebro precisava ser desinchado e para isso acontecer só com o tempo mesmo. Não havia nenhuma lesão grave e nem sequelas aparentes. Ela ia ficar perfeita para mim de novo.

Tomo meu banho ouvindo a risada de Helena ecoando pelo banheiro todo, colo a testa no vidro do Box não aguentando mais, choro como uma criancinha. Eu precisava dela, precisava mais do que respirar. Olho para a enorme cama, sem ela ali parecia vazio. Nossas fotos no enorme painel atrás da cama fazem com que tudo se aperte dentro de mim e eu sinta dez vezes mais sua falta de seu corpo do que do meu.

Deito não querendo dormir, coloco meu celular no volume mais alto para que se acontecesse alguma coisa eu ouvisse perfeitamente. Fecho meus olhos e sua imagem de quando estávamos em Paris me veio à mente. Seu sorriso de menina estava estampado largamente e seus olhos estavam mais brilhantes do que nunca. Rendo-me e pego no sono.

Saio do carro e piso em folhas secas e meus sapatos fazem com que as folhas façam barulho. Estou de preto dos pés a cabeça e a minha frente há um portão de ferro preto sendo aberto indicando para que eu possa entrar. Eu enxergo tudo cinza por causa do tempo sem sol, mas também não havia nuvens no céu.

Um amor além de flashesOnde histórias criam vida. Descubra agora