Intense

Vinte e Um

Taeyong não sabia ao certo o que vestir, aquela noite. Para si sempre parecia fácil escolher uma roupa e sair de casa pontualmente na hora em que se era marcado algo consigo. Mas naquela noite, estava um pouco atrasado. Talvez propositalmente.

Apesar de mais cedo ter ligado para Lucas enquanto estava com Ten e este o ter assegurado que só ajudara Taeil com isto porque este tinha lhe assegurado que de fato queria colocar tudo a limpo, ainda tinha medo. O medo de uma incerteza, de se ferir ainda mais, como se sentira ferido nas últimas vezes que vira Moon Taeil.

Iria sozinho. Devia ir sozinho. O que o confortava era a certeza de que Ten o estaria esperando com seu sorriso lindo e seus braços acolhedores quando voltasse.

Deu um mínimo sorriso pensando nisso, respirou fundo, abotoou os últimos botões de sua camisa social simples preta e calçou seus sapatos. Deu uma última olhada em si, então saiu.

Colocou o endereço do restaurante no GPS do carro, então deixou que o aparelho o guiasse. Ao contrário do que pensou, o local não era tão longe de seu prédio, então não demorou a chegar.

Entregou sua chave ao manobrista, então fechou os olhos, respirando fundo e adentrando o estabelecimento aconchegante e iluminado discretamente por luzes amarelas.

Não demorou a encontrar Taeil, vestindo uma camisa de mangas longas branca, sentado em uma mesa próxima à janela de vidro que possibilitava uma limpa visão das ruas movimentadas, aquele horário. Caminhou lentamente até lá, sentindo seu corpo querer parar, seu peito incomodar-se em ansiedade.

Taeil logo o viu, então levantou-se a sua espera, com uma expressão aparentemente calma, mas um olhar um tanto ansioso, também. Este sorriu minimamente, estendendo a mão para Taeyong. Como esperava, não foi correspondido.

O ruivo apenas se sentou, acomodando-se com os braços acima da mesa, mordendo um pouco o lábio inferior enquanto observava o mais velho se sentar com um sorriso sem graça.

—Eu... já fiz nossos pedidos.—Taeil falou baixo, fazendo com que o ruivo levantasse o olhar para seus olhos.—Acho que ainda lembro do que você gosta...—sorriu fraco.

—Não sabia que se importava de verdade com essas coisas...—Taeyong finalmente falou, o tom baixo e a voz grossa, perceptivelmente cortante.

—Eu gostava de você, Tae...—encarou os olhos do mais novo. —Eu realmente gostava...

—Eu amava você.—os olhos do ruivo queriam colocar para fora lágrimas pesadas, mas Taeyong se conteve.—E eu tenho certeza demonstrava isso.

Taeil ficou em silêncio alguns segundos, então engoliu em seco. Sabia que ele tinha errado em ignorar aquilo na época. Ele sabia muito bem que Taeyong era muito apegado a ele.

—Eu sabia, Taeyong. —sentiu seu peito apertar. —Eu só...não queria aceitar isso. Eu não queria me apegar, não queria me machucar. E então...eu machuquei você. Eu fiquei com outras pessoas, eu transei com outras pessoas...

Taeyong não conseguiu segurar as lágrimas. Suas mãos em punho apertavam o tecido de sua calça jeans. Doía. Muito. Mas estava escutando a verdade, por mais terrível que ela fosse.

—Eu realmente gostava de você, não queria ficar longe de alguém tão... limpo. Puro. Você era inocente aquela época e eu ficava pensando que eu não queria que você fosse, porque poderíamos nos ver mais sem nos preocuparmos com isso de...sentimentos. —pela primeira vez, Taeyong viu Taeil chorar.— Eu não queria ter que me preocupar, não queria ter que... assumir nada.

—Por que, Taeil? Eu não consigo entender...—passou as mãos pelo rosto, limpando as lágrimas que insistiam em cair.

—Antes mesmo de começar a ficar com você, eu já sabia que iria sumir por anos. Eu já tinha sido selecionado para o meu intercâmbio. Eu não queria me apegar a ninguém, sabe? Eu só queria...