Calor

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“Seu cheiro, seu sorriso, tudo mexe intensamente comigo.”  

~ 4 ~  

O relógio marca cinco da manhã e eu já estou de pé, usando uma camisola longa e preta e com meus cabelos soltos, que caem sobre meus ombros e costas como uma cascata. Caminho até a enorme janela em meu quarto e observo a neblina do lado de fora, meu coração está batendo de uma forma incorreta e minha respiração está seguindo pelo mesmo caminho irregular. – Sorah! – chamo por minha babá, que após alguns minutos aparece em meu quarto.

Eu sei que nossa relação está um pouco estremecida, mas ela é a única que sabe proceder quando estou passando por crises assim. – O que aconteceu? – ela se aproxima de mim e me ampara.

– Preciso dos meus remédios. – Sorah me ajuda a chegar até minha cama e me sento na beirada enquanto ela vai em busca dos meus medicamentos, que estão guardados na cômoda de madeira de lei presente no ambiente.

– Por que está se sentindo assim? – ela questiona e eu apenas dou de ombros. – Como ficará agora que eu terei que ir para o centro?

– Eu ficarei bem, babá. – Sorah retorna até mim e traz consigo os remédios e um copo com água, que ela pegou da jarra que sempre fica ao meu alcance para que eu não precise me dirigir até a cozinha simplesmente para beber água.

– Você não está pensando direito. – bebo os comprimidos que me são entregues e me jogo na cama. – Aquele robô está te afetando muito.

– Sorah, por favor, me poupe dos seus argumentos contra o Jimin. – fecho meus olhos e coloco minhas mãos sobre meu coração, que continua a bater irregular.

– Você vai acabar morrendo sozinha aqui.

– Eu não estou sozinha e mandarei trazer outra empregada para ficar em seu lugar enquanto você passa um tempo longe de mim.

– Me quer longe de ti?

– Desejo paz, Sorah. Acha que terei isso contigo atacando o Jimin sempre que o ver? – abro meus olhos e volto a ficar sentada. – Eu não te amarei menos por estar te afastando, não pense assim, esse afastamento temporário é necessário até você entender que Jimin é alguém importante e necessário em minha vida. – minha babá revira os olhos e se retira do quarto sem me dizer palavra alguma, ela está desgostosa com toda essa situação, sente-se até ameaçada, mas não voltarei atrás.

Levanto-me e volto a me aproximar da janela, que já permite a entrada dos primeiros sinais do amanhecer. Fecho os olhos e respiro fundo.

“– Eu te perdoo, noona, não pelo que aconteceu mais cedo, mas sim por me deixar tão desnorteado.”

As palavras de Jimin se repetem em minha mente e um sorriso involuntário surge em meu rosto, ele me deixa feliz e desejo mais e mais deste sentimento tão bonito. Será mesmo que já não o amo como uma criação? Será mesmo que Sorah está certa? Como poderei amar se meu sentimento não será correspondido? Jimin é real, mas se eu parar para refletir, ele ao mesmo tempo não é. Eu desejo acreditar que ele consegue compreender as coisas mais do que eu o programei, mas no fundo sei que tal coisa não é possível.

– Noona? – viro rapidamente e o encontro na porta do meu quarto, que continuou aberta após a saída de Sorah. – Está tudo bem?

– Oi, Jimin. Está sim. O que faz em pé há esta hora? – caminho até minha cama e bato ao meu lado para que ele se sente ali.

– Eu ouvi a Sorah passar correndo pelo corredor e fiquei preocupado.

– Eu apenas pedi que ela me trouxesse um remédio. – evito olhar em seus olhos e dirijo minha atenção para as minhas mãos trêmulas, que parecem muito interessantes, embora não sejam de fato.

Coração de Robô (Concluída)Where stories live. Discover now