Azul

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"Há alguém mandando sinais...
Você consegue ver?"

15.

── Está pronto para conhecer uma nova vida? ── Jimin negou e viu Jeon dar partida no carro, que foi guiado até a cidade, um lugar cheio de luzes, pessoas indo e vindo, máquinas e equipamentos de última geração. Tudo seguia em perfeita harmonia, mas se olhasse bem para os rostos das pessoas, elas pareciam alheias ao mundo, aos cheiros, aos sentimentos. Esse era o preço para ter um mundo tecnológico? Uma vida vazia e cinza? Jimin observava tudo e lamentava. Sua noona o ensinou o verdadeiro amor, algo que aquelas pessoas pareciam incapazes de viver algum dia. ── Eu tenho um apartamento em frente a um parque, fica próximo ao hospital onde você será médico.

── Eu estou apreensivo. Pensei que ela estaria comigo no primeiro dia.

── Eu sei, mas, olha, ela não está visivelmente, mas está dentro dos seus corações e vai estar sempre. ── Jeon sabia que suas palavras eram bem intencionadas, mas Jimin parecia ficar ainda mais triste, então ficou em silêncio até chegarem ao apartamento. ── Bem vindo ao seu novo lar! ── ambos desceram do carro e Jimin pegou a mala que havia levado. Depois entraram no edifício de faixada envidraçada e pegaram o elevador, que os levou até a cobertura. Assim que a porta foi aberta os olhos de Jimin contemplaram a decoração neutra, em sua maioria em preto e cinza, e não deixaram passar a bela vista que as janelas proporcionavam. ── Gostou?

── É lindo.

── Bem, deixe suas coisas e vamos sair. ── Jimin focou sua atenção no Jeon.

── Para onde?

── Vamos ao hospital, há pessoas que querem muito ver você. ── ele assentiu, largou a mala e seguiu Jungkook.

O percurso até o hospital foi breve, assim como o caminho até a sala aonde havia pessoas esperando por Jimin. Quando a porta da sala foi aberta e ele entrou acompanhado por Jungkook, uma cessão de aplausos teve início. Ele era especial e muito aguardado ali, então, pela primeira vez depois que sua amada morreu, ele ousou sorrir.

Jimin não sabia, mas havia alguém com ele, alguém que estava segurando sua mão e observava atentamente suas expressões. Ela prometeu a si mesma que estaria quando Jimin assumisse seu lugar como médico, e mesmo que ele não visse, não sentisse, ela estava ali e dali não sairia.

(... ~◆~...)

Um ano, um ano inteiro se passou desde a morte dela. O corpo continuava na câmara no sótão da mansão. Sorah havia morrido um pouco depois, não suportando a morte da sua menina. Jimin agora era um médico conceituado, que havia mostrado uma medicina diferente, algo que salvou milhares de pessoas. Todos o admirava e ele sentia paz em estar cumprindo o que foi criado para fazer. Mas havia aquele vazio, ele não conseguia esconder.

O inverno estava de volta, trazendo consigo as lembranças, o frio intenso e a certeza que ele nunca mais a veria.

── Jimin!!! ── Jeon entrou no apartamento trazendo nas mãos um dos diários da cientista, os quais ele encontrou no laboratório no dia que Jimin deixou a mansão. ── Eu sei como podemos trazê-la de volta.

── O que? Como assim?

── Na noite passada eu tive um sonho.

── Que sonho?

── Eu a vi. Ela veio me dizer que assim como ela fez com você, devemos fazer com ela e o resto ela ajeitará. ── Jimin arregalou os olhos e não conseguiu nem falar. ── Temos trabalho, meu amigo.

── Faremos um robô dela?

── Exatamente, mas dessa vez será com um acréscimo. Colocaremos na andróide partes do corpo real dela.

── Mas isso não é possível! Vai apodrecer. Até hoje não consigo entender como ainda não apodreceu o meu lado humano.

── Mas eu sei. No dia que te examinei notei a presença de uma substância azul, que fazia seu sangue brilhar, ser extremamente diferente, mas na época eu nem me importei. Porém, agora eu sei o que é, como faremos e aonde aplicaremos para unir a tecnologia com a biologia.

── Eu a verei de novo?

── Se tudo der certo, sim. ── Jimin quis controlar suas emoções, mas começou a chorar, era demais para suportar. Depois de um ano de dor, saudade e culpa, ele teria uma outra chance,  a chance de reescrever a história dos dois, a chance de amá-la. ── Jimin, mas se der errado, finalmente iremos enterrá-la. ── Jeon não queria pensar naquilo, mas era um cientista, tinha que pensar em todas as possibilidades e errar era a maior delas.

── Vamos tentar até nossas últimas forças. ── com um olhar decidido, Jimin se colocou de pé e Jeon assentiu.

Está na hora de trazê-la de volta.

Coração de Robô (Concluída)Where stories live. Discover now