Capítulo 1 -O fim como inicio de tudo

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Me sentia tão bem, meu corpo parecia que flutuava, engraçado...não sentia nenhuma dor. Tentei abrir meus olhos, mas eles estavam pesados, mas não era ruim, dava uma sensação de conforto ficar assim, quieto, em silencio. Não ouvia nada, e sentia um bem estar inexplicável. Queria ficar assim, e fiquei...não sei quanto tempo, pois ate tentei ver a hora no relógio do meu pulso, mas quando fui olhar não havia nenhum relógio ali, logo eu que nunca ficava sem ele.

Eu sempre fui um adorador de relógios, tinha vários. Desde que acordava, já colocava um no braço. O tempo para mim sempre foi precioso demais. AH O TEMPO...tentei me mover, mas o bem estar era tão grande que decidi tirar um cochilo, sempre adorei tirar cochilos, entre uma tarefa e outra. Acordei com uma voz suave, melodiosa, que mais parecia uma voz de fada, ela dizia.

-Meu irmão C. acorde, veja a beleza ao seu redor. Tentava abrir meus olhos, que teimavam em fechar, uma claridade boa se fez diante de meus olhos, via uma jovem mulher, cabelos negros presos no alto da cabeça e um enorme sorriso nos lábios, eu disse:

-Onde estou, cadê minha esposa? Lembrei de minha esposa, a ultima vez que havia visto, ainda tinha muitas dores, e ela me apoiava no leito do hospital, e me acalentava, me confortando pelas dores que me atormentavam. Ela rezava comigo nos dois da minha internação, chorávamos. Quanto sofrimento ela enfrentou, como foi forte, onde ela esta? Quem é você?

-Meu irmão, você esta na colônia espiritual ,aqui recebemos os desencarnados com câncer. Eu sou Márcia, e sou encarregada destes dez pacientes desta ala, apontou com o dedo em direção aos outros pacientes que também dormiam.

-Eu desencarnei?

-Sim, você desencarnou tem alguns dias da terra. Você não lembra do dia que foi no velório?

-Não, mas não se preocupe estou bem. E minha esposa tens noticias dela? Como ela está?

-Ela está bem, desde antes de você partir da terra ela aceitava sua partida, ela via o quanto sofria, e pediu para que o tirassem daquele sofrimento.

-Eu estou muito preocupado com ela, era eu e  ela, e sei o quanto vai ser difícil para ela. Não deixei bens para ela, nem dinheiro. Vai ser uma grande luta.

-Não se preocupe com isso, ela tem forças espirituais com ela, é forte. Ela não sabe mas estava ciente espiritualmente da sua partida.

-Eu sei, sentia que ela sabia que eu iria embora, nunca pude falar sobre isso, era muito triste ter que tocar nesse assunto com uma pessoa que você ama, e ter que deixa-la e aceitar é mais difícil ainda.

-Sei como é, e logo mais ela virá te visitar, você não lembra mas ela veio enquanto você esteve na enfermaria.

-Enfermaria?

-Sim, logo que você desencarnou foi para uma enfermaria, bem parecida com aquelas da terra, é no plano intermediário. Como estava com seu braço todo danificado e ainda as dores o incomodava, teve que passar por um período transitório para se recompor das mazelas da doença que o acometeu. Não foram muitos dias, mas o suficiente para que todo aquele incomodo dos anos que ficou lesionado pudesse sair do seu períspirito.(  Períspirito é o nome dado por Allan Kardec ao elo de ligação entre o espírito e o corpo físico. Quando desencarnamos, é o períspirito que lhe serve como meio de manifestação.)

-Nossa, você fala como quando eu estudava espiritismo.

-Ah, é verdade, você sabe muita coisa daqui, vi na sua ficha que você na terra dizia que quando desencarnasse, não reencarnaria, e se dedicaria aos sofridos do umbral, ainda esta de pé isso?

-Nossa, lembro sim que falava isso para minha esposa, e ela dizia que para trabalhar no umbral tem que ter muitos requisitos, paciência e muita dedicação.

-Sim é verdade. Mas por enquanto quero que olhe por esta janela, a nossa colônia, veja como é bela. Eu me levantei, apoiando as mão naquela maca que parecia cama, ou ao contrario, não sei bem. E pude olhar para tudo aquilo que os livros contavam, era verdade. Um lugar muito grande e com muitos prédios, olhava para baixo e via muitos caminhando. O céu era límpido, de uma azul. Vislumbrando o horizonte, vejo o céu azul anil. Posso imaginar pequenas embarcações despontando no horizonte. O vento traz boas recordações, me encontro num êxtase de paz e tranquilidade.

Depois de algum tempo sozinho, ainda olhava aquele imenso espaço a minha frente, pensava na terra, nos que ficaram, e naquela beleza imensurável a minha disposição. Eu havia iniciado uma nova vida.

Rasgam-se as nuvens no céu estrelado, invade-se a vontade de gritar, o Sol mantém-se ao longe... calado, ouvindo o som do belo luar.

A fada desperta do sono encantado, com a sua harpa de sonho a tocar, o sol dormindo... sonha deleitado, vislumbrando ao longe um novo acordar. Surge então um novo céu... a nevar.

De noite e durante a madrugada, O sol mantém-se coberto a sonhar, com estrelas e com a sua amada...(lembro do meu na terra e penso que se eu olhar o céu, quem sabe ela também está a contemplar. Ouve-se ao longe um galo a cantar, adivinha-se o nascer de um novo dia. A lua vai-se embora a chorar, mas o Sol... desperta com alegria. A lua adormece por fim. Mas o Sol nada leva a mal, pois ama a Lua tanto assim, que voltará a encontrá-la num sonho .

Me deito, e a felicidade dos que emanam o bem, circundando o planeta num raio de paz e harmonia. 


Meus queridos leitores, esta é mais uma obra que tenho o prazer em trazer para vocês. Ensinamentos sublimes de uma alma que após deixar a terra, nos traz a boa nova da vida espiritual.

Sejam bem vindos!


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Uma vida depois da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora