Capítulo 3 - Aceitar a morte

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Para mim não foi fácil deixar tudo nada terra, durante o período que estive em coma, foi de duro golpe em meu ser sofrido com dores que ainda estava cravejadas no meu corpo frágil e destruído, pela morfina.

Havia ouvido em espirito que meu tempo na terra era curto, que iria desencarnar. Minha cabeça rodopiou e o medo de que algo não existisse começou me assombrar.

Me via sozinho, vagava pelos corredores do hospital, corria por eles, a dor que sentia em deixar a terra não era real, como poderia deixar a mulher que amava, eu me sentia tão jovem para romper esse laço. Então algo começou acontecer comigo, foi como um puxão, me vi num lugar diferente de tudo que conhecia daquele hospital. 

Sentado num sofá muito confortável, pude retroagir no tempo, me vi de diversas formas com roupas diferentes e cenas completamente fora da realidade pude perceber que eu  estava vendo outras vidas que havia tido. As sensações eram tão vivas tão intensas que parecia sentir cada uma delas. E me deixei levar...

-Eu vi nitidamente e reconhecia minha mulher desta vida que eu estava deixando, ela havia sido minha companheira de outras vidas, eu cometia muitos erros  e ela estava sempre ao meu lado, era fiel e companheira.

-Vi também que  por varias razoes que  ela cometeu suicido, e que agora nesta vida, ela teria que viver um tempo sem mim, para fortalecer esse tempo que dependia de mim em outras vidas. Ela nas outras vidas, quando a minha ausência era notada, ela reagia tirando sua vida.

-Voltei a minha infância desta vida-me vi um bebê, que quase morri ainda muito pequenino, pois tinha intolerância a lactose, então não pude tomar leite de minha mãe e nenhuma espécie de leite, e alimentaram com leite de arroz.

-Cresci um menino magérrimo desprovido de amor, pois minha mãe me desprezava, por conta do meu pai a trair, como eu era homem ela dizia:

-Você é igual ao seu pai, todos os homens não prestam.me deixava sozinho, ainda muito pequeno.

Me vi adolescente, e  trabalhava em plantações de algodão, meus dedinhos eram rasgados para retirar o algodão da flor. Mais tarde, bem mais tarde, mudamos para cidade, onde uma nova vida me esperava , estudos e a mocidade que não tardou a iniciar.

Com a época em que os homens tinham que se tornar homens cedo, os pais levavam seus filhos homens em casas de prostituição para ter sua primeira relação sexual./e assim foi feito comigo.

E desde então, não deixava de ir, comecei aos meus 13 anos. E também foi nessa idade que comecei a fumar, era ser homem, fazer sexo e fumar.

Já tinha meus 15 anos e continuava a trabalhar, agora em feiras livres com meus pais, era cansativo, pois estudava e trabalhava. O lazer ficava em segundo plano e fui me torando adulto.

Foi aos dezenove que conheci a minha esposa em uma das minhas diversões de juventude saudável. A amei de primeira vista, e queria ela para mim, queira casar ter filhos com ela.

O tempo corria ao meus olhos, a visão de tudo me trazia os sentimentos do momentos vivido, e era de puro amor e felicidade. Fui tão feliz, mas o ser humano tem algo dentro dele que o destrói.

Não fui fiel para com ela, ainda tinha o sangue rueiro ,queira aventuras, mas ela era minha amada e companheira. Tivemos nosso filhos, netos, quase nos separamos, por conta da minha irresponsabilidade, mas ela com seu amor não permitiu e isso me salvou.

E assim com tantos momentos felizes, claro que havia divergência, todo casal tem, são pessoas diferentes, com criação totalmente adversa, mas nos nos amávamos e isso ajudava a nos entender.

E foi com todas essas visões que voltava para o presente. E agora me vinha mente tudo que aprendi no espiritismo, as palestras que havia assistido, o evangelho que trazia a palavra de jesus na terra. Isso me confortava.

Foi então que vi, ao lado de minha cama, mas precisamente na cabeceira, um homem vestido de branco, eu continuava em com. Era um homem preto e muito simpático, com um sorriso que me acalmou. E ele pôs  a mão direita sobre minha cabeça e disse.

-Meu querido filho, vim para te confortar, sou seu mentor espiritual, estamos juntos por tanto tempo, você não em via , mas eu estava ao seu lado. Lembrei disso, que eram eles que trabalhavam conosco nos centros espiritas.

-vou ficar com você, ate o momento que seguirá comigo para o plano espiritual, enquanto isso ficarei aqui.

Me senti mais confortável. E pude perceber, mais o íntimo de cada um dos meus parentes que ali vinham me visitar, sabia que era uma despedida, e vi um a um falar comigo, palavras de conforto, e de promessas.

Uma das coisas que me incomodava eram essas promessas. Pois eu sabia que elas não seriam cumpridas e me dava pesar. Mas meu mentor, dava tapinhas nas minhas costas e eu entedia, que não era para levar a serio o tal comprometimento.

Nem com todo o conhecimento que tinha do mundo espiritual me deixava a vontade com a situação com minha esposa. A certeza de saber que ela ficaria a mercê dos meus filhos, quero dizer da vontade deles dar a ela um conforto, que eu sabia que isso não ia acontecer, me deixava agoniado. E mais uma vez meu mentor dizia.

-Meu filho, lembre-se que ela tem os resgates dela, e você não pode interferir. E eu ficava cabisbaixo e impotente.

-Como vou deixar ela, sabendo que ela vai ficar com eles, que não tem desprendimento de cuidar dela como ela cuidou deles.

-Lembre-se, que Deus é pai, e conforta todos, e ela terá o cuidado do mentor dela, dos guias dela. E se você estiver bem poderá estar ao lado dela, dando-lhe conforto no dia a dia, para que ela também cumpra sua missão.

-Eu sei e entendo, mas é difícil aceitar sem interferir.

-Eu sei, mas vai ter que segurar essa vontade. E  agora precisa pensar em você! ela está bem, veja, ela até aceitou que você deve partir, ela sabe que não tem volta seu quadro. Ela consegue por os ensinamentos de jesus nesta hora em seu coração, faça o mesmo.

Aquilo foi um alerta, o que ele me disse, tentei ficar mais calmo. E assim se seguiu, mais alguns dias, ate o dia que meu corpo se desligou do meu  espirito e me senti flutuar, que meu espirito estava liberto daquele físico doente e acabado. E pude sentir o amor de minha mulher agradecendo a Deus por ter me libertado. E a gente tem mesmo é que se libertar do que nos deixa triste. Deixar de lado tudo o que não nos acrescenta. Porque o que não vier para o nosso lado com o intuito de trazer leveza, que tome o caminho de volta.

  O amor exige tudo de nós, e sempre exigirá. Ainda assim, é só o amor que nos liberta. O espiritismo é o caminho libertador. O conhecimento liberta o homem de qualquer limitação.

 O desapego não é indiferença, covardia ou desinteresse. O desapego é se libertar de tudo aquilo que faz mal e causa sofrimento. Desapegar é sinônimo de se libertar. Soltar as algemas. Colocar asas. Se permitir voar novamente. O desapego é a aceitação, é o desprendimento.



Uma vida depois da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora