Capítulo 7 - a culpa

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Uma das coisas das quais vemos muito nos espíritos que não podem serem resgatados, ou ainda não se sente dignos de tal procedimento é  a culpa que sente pelos arrependimentos.

A percepção da "culpa"  trás intermináveis e graves  consequências da conservação da "culpa" em nossa vida, podendo alcançar indescritíveis destroços emocionais, psicológicos, comportamentais e morais.

A famosa "culpa" se consubstancia numa sensação de angústia adquirida após reavaliação de um ato tido como reprovável, ou seja, quando transgredimos as normas da nossa consciência moral.

Sob o ponto de vista religioso, a "culpa" advém na transgressão de algo "proibido" ou de uma norma de fé. A sanção religiosa tange para a reprimenda e condenações punitivas. A sinistra "culpa" religiosa significa um estado psicológico, existencial e subjetivo, que indica a busca de expiação de faltas ante o "sagrado" como parte da própria autoiluminação como experiência sectária. Frequentemente a religião trata a "culpa" como um sentimento imprescindível à contrição e a melhoria pessoal do infrator, pois o mesmo alcança a mudança apenas se reconhecer como "pecaminoso" o ato cometido.

Essa interpretação religiosa não se compatibiliza com as propostas espíritas, até porque a "culpa" é uma das percepções psíquicas que não se deve nutrir, por ser uma espécie de mal-estar estéril, uma inútil insatisfação íntima. Em verdade, quando nos culpamos tolhemos todo o potencial de nos manifestar com segurança perante a vida.

A "culpa" tem perigosas matrizes nas exigências de autoperfeição que nos constrange a curvar-nos diante de alguns atos equivocados. Tal estado psicoemocional provoca em nossa consciência alguns sentimentos prejudiciais tais como o autojulgamento, a autocondenação e a autopunição. Importa libertar-nos das lamentações, dos processos psicológicos de transferência da "culpa", da autocomiseração, das condutas autopunitivas e assumirmos com calma a responsabilidade pelos nossos próprios atos.

É verdade! O comportamento autopunitivo causa gravíssimas doenças emocionais, notadamente a depressão quando encarnados. Atualmente a depressão é um colossal drama humano. "Eu não mereço ser feliz", "eu não nasci para ser amado", "ninguém gosta de mim" etc. Aqui se manifesta um comportamento autopunitivo de complicado tratamento psicológico e espiritual. Neste caso a "culpa" está punindo e aprisionando. O culpado está acomodado na queixa e na lamentação (pela "culpa"). Mais amadurecido psicologicamente poderia avançar pelo caminho do auto perdão e capacitaria abrir mais o coração para a vida.

Nas patologias depressivas, muitas vezes há muito ódio guardado no coração. Muitas vezes oscilamos entre atos que geram a artimanha do "desculpismo" e ações que determinam a "culpa". Dependendo de como lidamos com tais desafios, a "culpa" permanece mais forte, produzindo situações que embaraçam o estado psíquico e emocional, razão pela qual não nos podemos exigir perfeição, inobstante, devemos fazer esforços contínuos de autoaperfeiçoamento, afastando do "desculpismo" que nada mais é do que uma porta de escape para a fuga das próprias obrigações.

Sim! É preciso que nos perdoemos. O autoperdão ilumina a consciência, predispondo-nos à reparação necessária a fim de realizarmos o bem àqueles a quem fizemos o mal; praticarmos a bondade em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-nos humildes se temos sido orgulhosos, amáveis se temos sido austeros, caridosos se temos sido egoístas, benignos se se temos sido perversos, laboriosos se temos sido ociosos, úteis se temos sido inúteis.

Pensemos o seguinte: nós erramos porque somos humanos ou somos humanos porque erramos? 

Na verdade, todos acertamos e erramos, não há pessoas perfeitas na Terra e mesmo depois que desencarnamos. Se fizermos as coisas certas nos regozijemos por isso, porém se erramos sigamos em frente e aprendamos com o erro, pois quando aprendemos com os erros eles se tornam o grande caminho da lição e do crescimento interior. Desta forma fica ilustrado que, se errar é humano, diluir os erros e ter resignação são as alavancas para impulsionar a vida, para prosseguir a marcha nas trilhas do bem, trabalhando e servindo, para reparar os fracassos da caminhada.

  Pior ainda se magoamos pessoas que não fizeram nada. Aí temos dois trabalhos: o de arrependimento e de tentar o perdão da pessoa. Vá com calma. Tem horas que temos que ser mais rígidos. Mas, não a toda hora e sem motivo. Trabalhe em você o perdão e o arrependimento e controle mais a mente e língua explosiva.  Existe um ditado que fala que: "há quatro coisas que não voltam atrás: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado."

Quantos de nós, em algum momento da vida pessoal ou profissional, não falou algo ou teve alguma atitude que agrediu alguém e deixou mágoas com cicatrizes profundas? No momento acreditamos que temos razão das atitudes e palavras agressivas. Mas, se pararmos para uma análise mais detalhada, sem o calor do momento, iremos ver que poderíamos resolver o assunto se outra forma ou se agressão.Perdoar a si mesmo é mais urgente que perdoar ao próximo. Se você não perdoar a si mesmo, como vai ter condições de perdoar a quem quer que seja? Se não perdoar seus próprios erros, suas próprias faltas, como conseguirá perdoar os erros e faltas alheias? Perdoe primeiro a si mesmo, logo, urgentemente, se possível ainda hoje, pois ninguém merece viver carregando culpas velhas de erros cometidos no passado. Não faça essa injustiça consigo mesmo, perdoe-se!

vamos a uma Oração de arrependimento

Ó Senhor, meu Deus e meu Pai!
Mais uma vez eu peço perdão. Minha alma se encontra humilhada de vergonha.
Por causa do meu pecado, a consciência me acusa de dia e de noite, de sorte que já não encontro prazer em mais nada desta vida.
As minhas transgressões me têm sido o pão de cada dia.
Não posso culpar ninguém por isto; eu sou o único culpado, pois fiz o que é mau aos Teus olhos e contra Ti pequei.
Já não sou digno de ser considerado filho Teu...
Lava-me completamente da minha iniquidade, no sangue do Teu Filho Jesus, e restitui-me a alegria da Tua salvação.
Cria em mim, ó Senhor meu Deus, um coração puro, e renova dentro de mim um espírito inabalável.
Permita-me ficar na Tua presença, pois do contrário eu não suportarei mais a vida.
Tu disseste: "Aquele que vier a mim, de maneira alguma o lançarei fora." (João 6:37), e a Tua palavra não pode voltar atrás. Portanto, aceita-me de volta e enche-me do Espírito Santo.
E os meus lábios manifestarão o Teu louvor para todo o sempre.
Em o nome do Senhor Jesus Cristo.

Uma vida depois da morteWhere stories live. Discover now