Capítulo Cinco: Despertar

9.2K 1K 412
                                    

      "Você matou seus pais, Emilly. "

Preciso de alguns segundos para processar o que me foi dito. O encaro, atônita. Raiva toma conta de mim, sinto meus braços formigarem.

Do que infernos ele está falando?

Eu não quero mais saber; Jeff ultrapassou os limites.

Sinceramente, que me torture. Que me mate. Simplesmente não me importo mais. Qualquer consequência que tenha que lidar é melhor do que viver uma vida miserável.

Não vou permitir que ele faça isso comigo.

Jeff é um monstro.

Levanto-me, caminhando em sua direção e ficando face a face com o desgraçado. Meu coração está disparado e meus olhos marejados. Não consigo mais suportar suas manipulações e jogos mentais.

Minha mão acerta em cheio o seu rosto. Sua pele fica marcada em vermelho no mesmo momento, meus dedos esguios desenhados em sua pele alva.

Alguns segundos de tensão, o ambiente imerso em silêncio após o estalo causado pelo tapa.

Seus punhos estão firmemente cerrados. Suas orbes me fuzilam.

Afasto-me, preparada para o pior.

Ele não dá um passo sequer. Sua falta de reação consegue ser pior do que qualquer coisa. Me sinto um animal prestes a ser atacado.

Jeff respira fundo. Dessa vez, ele que vem até mim.

Em um movimento rápido o assassino se posiciona atrás de mim, segurando-me violentamente pelo cabelo. Força a minha cabeça até a mesa, arrastando o meu rosto pela superfície.

O que infernos ele está fazendo comigo?

Nunca quis tanto matar esse desgraçado.

Tento me desvencilhar da sua mão, sem sucesso. Sua força é surreal.

Jeff então levanta minha cabeça de forma que eu consiga enxergar a mesa — e apenas o suficiente para isso.

— O jornal.

O escuto murmurar algo como "sua vaca".

Ele arrastou a minha cara na mesa por pura raiva?

Definitivamente eu o odeio. Não me arrependo nem um pouco do tapa.

Jeff me solta, após de, pelo visto, aliviar um pouco sua fúria. Se afasta e me observa minuciosamente.

Relutante, pego desinteressada o jornal acima da mesa.

Jeff some entre as sombras do corredor e me deixa sozinha.

Abro a página principal do jornal amassado.

" Emilly Duval . "

A foto da minha casa está ali.

Apoio os braços sobre a mesa.

Sinto-me tonta e nauseada.

Minha visão se torna turva.

O som do ambiente se abafa.

Deslizo para dentro do cômodo escuro sem propagar um ruído sequer. A porta branca permanece entreaberta e a luz fraca do corredor rasga parte do quarto com um feixe luminoso.

Eu não aguento mais. Não posso mais viver desse jeito. Isso é idiotice.

Ele está acabando com a minha vida.

Não posso deixar isso acontecer.

Encaro os olhos roxos e inchados de Debby. O corte em sua boca. Os hematomas em seus braços. Ela não tem paz. Sua imagem antes angelical agora está suja.

Beijo sua testa. Sei que isso é o certo a se fazer. De onde estiver, ela irá me agradecer.

A faca rasga sua garganta de forma delicada.

Elijah. Ah, seu fim não vai ser rápido.

"A adolescente de apenas dezessete anos cortou a garganta da própria mãe e esfaqueou o seu padrasto vinte e quatro vezes."

Saio de cima dele. Seu sangue nojento lava as minhas roupas.

E então. Paz.

Os observo aos pés da cama.

A faca em minhas mãos brilha ao ser beijada pela luz. O sangue que pinga da mesma também está em minhas mãos. O lençol — outrora branco — pinga sobre meus pés, os manchando pelo líquido carmesim.

Subo as escadas. Ainda consigo ouvir seu choro e suas súplicas.

Deito e espero. Lágrimas caem pelo meu rosto.

"Ela não foi localizada desde o dia do assassinato. Buscas locais não obtiveram sucesso."

Distinguir a realidade da minha loucura é quase impossível.

No fim de tudo, era a minha mente que me manipulava o tempo todo.

Negação. Estava em estúpido estado de negação. Combinado com a falta de medicações, devo ter bloqueado todas as memórias de tê-los assassinado para proteger minha sanidade mental.

A realidade me atinge como um soco na cara.

Flashes daquela noite passam pela minha mente.

Eu quero sumir.

Minhas lágrimas caem sobre a notícia.

Apoio as mãos sobre a mesa, minha visão embaçada pelo choro ainda focada no papel cinza.

A Nova Proxy | Jeff The Killer {EM REVISÃO}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora