Capítulo 4

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Se você quer mesmo saber
Por que que ela ficou comigo
Eu digo que não sei
Se ela ainda tem seu endereço
Ou se lembra de você
Confesso que não perguntei

Aquela Mulher 

Chico Buarque

- Merda! - Sibilei, quando senti o líquido quente do café queimar um pouco a minha mão. A xícara tinha transbordado na cafeteira e eu não percebi, distraído, irritado. Irritado, não. Furioso, na verdade, o que já era péssimo porque eu não gostava de me sentir furioso. Era sábado pela manhã, 6 horas ainda, mas eu estava muito inquieto para dormir. Maldita Diana!

Eu tinha acordado no meio da noite para descobrir que ela tinha ido simplesmente embora. Aquilo nunca tinha acontecido antes e eu fiquei por um momento perplexo, enquanto caminhava pelo apartamento, completamente nu, me dando conta que ela realmente não estava lá. Ela levara a calcinha rasgada do chão, notei, olhando em volta.

Aquela maluca tinha ido embora sozinha no meio da madrugada. Por que diabos ela não me chamou? Por que apenas saiu sorrateiramente sem... Sem o quê mesmo? Conversar depois do sexo? Ficar para o café da manhã? Não haveria nada disso, então, porque eu estava puto em descobri que ela tinha ido embora assim? Eu sabia o motivo, ou pelo menos achava que sabia. Eu deveria ter levado ela em casa, sido mais cavalheiro de alguma forma e, principalmente, conversado com ela. Porra, a gente tinha que conversar.

Tomei um gole do meu café, recostado no balcão da cozinha, passando uma mão pelos meus cabelos molhados.

A noite havia sido épica, e o que tinha começado na sala - nas paredes, na verdade - tinha continuado na minha cama de maneira quase selvagem. Eu me sentia assim, particularmente, enquanto tinha Diana em meus lençóis, embaixo de mim, em cima de mim, a minha frente... Ela era como um vulcão em erupção, e as imagens estavam fazendo a sua parte agora para me deixar novamente duro. Às 6 da manhã, e com raiva dela.

Porque nós havíamos transado sem camisinha, da primeira vez. E ainda que eu tenha usado depois, nas próximas, não fez e nem faria diferença nenhuma. E até agora eu fechava os olhos e me dava conta da loucura e da insensatez daquilo e não conseguia ajustar aquele comportamento a minha maneira usual de agir, ao que eu era, ao modo que eu pensava. Transar sem camisinha com uma garota que eu mal conhecia, eu poderia dizer aquilo em voz alta por toda a eternidade e ainda assim essa atitude não se encaixaria. Aonde eu estava com a cabeça? Bem, as duas cabeças estavam entre as pernas de Diana, cada uma de jeito e em momentos diferentes, eis minha resposta, pensei, sardônico.

Então, era claro que eu precisaria conversar com ela. Saber se usava algum tipo de método contraceptivo, se estava tudo bem, e se algo acontecesse? Engravidar uma aluna. Perfeito. Isso era perfeito, pensei, com ironia. Tinha sido para isso que eu mandara as pretensões de papai às favas e fui buscar o meu próprio caminho? E os meus ideais de relacionamento, que estavam em torno de algo sério, planejado meticulosamente com alguma mulher que se ajustasse a minha vida e atendesse às minhas expectativas, como encaixar isso se eu engravidasse uma garota em uma única transa? E os meus discursos sobre responsabilidade para Marcos ao longo da nossa vida? Eu estava fodido. Ainda assim, se por acaso ela engravidasse, eu não me afastaria dos meus deveres de forma alguma, isso estava absolutamente decidido para mim.

DIEGO  Série Avassaladores Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora