O Ceifador

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"Todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer"

Hospital For Souls- Bring Me The Horizon

O vento gélido trazido do norte marcava o inicio do solstício de inverno, as arvores eram despidas de suas folhas já amareladas, as mesmas agora cobriam as calçadas dos parques, as nuvens cinza apagam os rastros laranja deixados pelo sol, apagando os vestígios dos dias mais quentes.

A temperatura foi abaixando gradativamente conforme o sol vai desaparecendo por entre as enormes estruturas metálicas, obrigando as pessoas a se apertarem em seus casacos para manter seus corpos aquecidos. O sol se despediu silenciosamente da cidade movimentada.

Um homem que aparentava estar gradativamente se aproximando dos seus trinta anos, caminhava em silêncio pela periferia da cidade. O traje caro que o mesmo usava deixava nítido sua condição financeira, apenas o preço de seus sapatos valiam mais do que muitos moradores daquela periferia já tinham ganhado a vida toda.

O aroma do café era perceptível mesmo antes de se entrar na cafeteria, a mesma era localizada perto de uma mercearia em uma rua de difícil acesso, onde servia de ponto de venda de drogas e prostituição.

O homem parecia não se importar com o estado precário e a imundície que o lugar se encontrava, ao entrar na cafeteria o mesmo se acomodou em uma mesa perto da janela, através das densas camadas de gordura que revestiam as janelas a Lua brilhava iluminado a noite escura, o estofado de couro em que o homem encontrava-se sentado possuía os mais variados tamanhos de furos era possível ver a espuma –já embolorada – começar a sair, as luzes amareladas deixavam o local mais pesado, o cheiro de cigarro e outros aromas desconhecidos faziam o estomago do homem revirar.

Era nítida a confusão nos olhos amarelados da garçonete ao atender o homem, o terno caro, maxilar marcado e olhos claros, não era o perfil de clientela que a garçonete estava costumada a atender. A mesma lhe oferece um sorriso que revelava seus dentes escurecidos por conta do cigarro, o desconhecido retribuiu o gesto com um olhar tão frio quando o café que a mesma servia.

A porta da cafeteria foi aberta de abruto, um homem – visivelmente transtornado- entrou aos tropeços, chegando a trombar em uma das mesas, o mesmo murmurara coisas incompreensíveis.

"Ela esta morta... eu a matei! O que foi que eu fiz?" a frase foi proferida através da voz embargada do homem. Algumas pessoas aproximavam-se dele na tentativa de acalmá-lo.

"Seu maldito!" uma garota loira, aos berros se aproximava do homem transtornado "Você é um filho da puta! Você tentou me estrangular" ela o socava no tórax ou tentava , por alguma razão sues gritos histéricos não surtiam efeito algum naquele bar,todos pareciam não notar sua presença.Era como se... Ninguém conseguisse vê-la.

",Emily Williams nascida em 13 de agosto de 1990" uma voz surgiu atrás da garota loira, a mesma se virou assustada encontrando um homem de estatura mediana, o mesmo sem tirar os olhos cartão branco que o mesmo segurava ele retornou a falar "Emily Williams é você?" a garota assentiu, o homem agora à encarava nos olhos "você morreu no dia 7 de agosto de 2018, causa da morte: estrangulamento"

A primeira reação da garota foi rir, ela riu muito durante bons minutos. Era uma piada, uma pegadinha tinha que ser, ela não podia estar... Morta.O homem não expressava nenhum reação, apenas continuava observando a garota em completo silencio.

"E-essa foi boa" a garota recuperava o fôlego "morta, não tem como eu estar morta e ainda eu estar aqui" ela gesticulava com as mãos "no mínimo eu estaria no inferno, ao lado do diabo" ela sorriu debochadamente.

O homem esboçou um pequeno sorriso "Tudo em seu tempo" murmurou enquanto guardava o cartão branco no bolso de seu paletó " por favor, me acompanhe" os olhos azuis do homem encaravam os castanhos da garota, o mesmo caminhou calmamente para fora da cafeteria, sendo seguido pela garota.

Caminharam por longos minutos, as ruas antes movimentadas encontrava-se vazia e cinza, desprovidas de cor como a fumaça dos veículos. Caminharam ate um beco, que fedia a mofo e maconha.

"É agora que você me mata?" havia certa cautela na voz da garota.

"Não" o corpo do homem bloqueava a visão da garota "apenas queria que visse isso" dito isso o homem se afastou, um corpo encontrava-se imóvel no chão a alguns passou de distancia dos dois. Porem não era um corpo qualquer e sim, o corpo da garota que se encontrava estirado no chão sem vida.

A garota ajoelhou ao lado de seu próprio corpo enquanto chorava desesperada, sem entender o que estava acontecendo, o homem encarava a cena com uma expressão vazia em seu rosto.

"Por gentileza eu gostaria que você me acompanhasse..."

"C-como isso aconteceu, e-eu não posso ter morrido" sua voz encontrava-se embargada e tons mais elevados que o usual.

"Para que eu á conduza ate o inferno" concluiu friamente como se não tivesse sido interrompido.

"O que em nome de Deus é você" ela o encarava com temor.

O homem esboçou um sorriso " Eu sou o ceifador da Morte".

°ᴥ°

A quem leu, muito obrigado

Ate a próxima.

Angel of Death - L.SHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin