Elba Jossen. Amada. Aluna. Filha. Namorada. Assassina. Muitos títulos para uma pessoa só, mas será que algum desses está certo?
A beira de abismo, Elba luta contra si mesma para não se perder na escuridão que vive dentro de si, entre essas idas e vi...
"Sim, eu estou perdido, mas eu sei que vou ficar bem"
Emily Afton – Lost
Quando menos esperamos a ajuda vem. E de onde nunca esperamos. Aprendi isso quando meu primeiro inferno acorreu, tinha nome, sobrenome, status e era meu namorado. Dash Adams.
Sabem quais as possibilidades de sermos dopados em uma festa? 90 de 100, e entre esses dados, eu estava. Uma festa simples, de recepção para os novatos, e como de costume lá estava eu, junto as líderes de torcida, bebendo e sentada no colo do dono da casa. Clássica cena de filme americano, a diferença era que ao contrário do carinha que protege, ele me dopou e me molestou num quarto imundo da casa lotada de gente.
"- Vamos brincar, meu amor. Vou dá o melhor trato em você. – ele fala, o nojo me corrói, mas não posso fazer nada."
Volto do meu sonho atordoada, tonta, tento me levantar, mas não posso, porque alguém me faz voltar. Pouco a pouco, volto a ver com mais transparência e aquele que menos esperei estava ali ao meu lado. Minhas mãos vão institivamente aos olhos, onde os coço, talvez possa estar vendo coisas.
Novamente o encaro e realmente, ele estava lá. Pela segunda vez.
- Não vou fugir cerejinha. – afirma, deixando brotar um sorriso singelo.
Me acomodo na cama e o observo.
- Não acho que vá fugir, meu príncipe sem cavalo branco. – sorrio.
Olho ao redor e o lugar não me é estranho, a enfermaria se tornou a área mais frequentado na escola desde o caso de estupro quase consumado. Sim, quase, graças a um príncipe sem cavalo branco, com um casaco preto e coturnos marrons claros, um humor mórbido e viciado em quadrinhos de super-herói.
- Foi você? – pergunto, levando minhas mãos aos longos cabelos ruivos, fazendo um coque do mesmo.
- Sim, estava indo pra biblioteca quando vi você trombando sem rumo. – se aproximou, ficando ereto na cadeira ao lado da cama.
- Obrigada, por ter me salvado mais uma vez. – agradeço, abaixo minha cabeça e brinco com os dedos.
- Será que eu devo te fornecer meu número de celular? Pra no caso da cerejinha ter uma emergência? – brinca.
Sorrio. Levantando minha cabeça vejo aquela noite estampada em seu rosto, incrustrada nos olhos escuros.
- Talvez eu aceite. – sorrio novamente. – Olha vamos fingir que isso nunca aconteceu, se meus pais souberem que eu voltei a ter crises de pânico, vão surtar e eu não quero dá mais trabalho e só falta alguns meses para eu ir embora dessa cidade. – supliquei com os olhos.
- Não se preocupe. – fez um sinal de zíper com os dedos na boca – Daqui não sai nada. – terminou.
- É bom falar com você quando não estamos em uma delegacia. – afirmo.
- Também acho, você é legal só anda com pessoas erradas. – termina se recostando na cadeira novamente.
O silêncio recai e nos encaramos. Naquela sala pequena, espero até a última gota do soro acabar e na minha cabeça só se passa o quanto Noah Melton me ajudou em situação que meus próprios amigos não ligaram.
Quando a senhora Tineer aparece de soslaio na porta da infamaria, me abre um sorriso acolhedor. Uma enfermeira gentil que cuidou de mim todas as vezes que vim aqui, rechonchuda e baixa, a senhora sempre me deu bons concelhos além de ser uma confidente fiel.
- Ora, minha menina... – começa se aproximando – a muito tempo não a vejo aqui, o que houve dessa vez? – indaga, tirando o meu soro.
- O de sempre, lembranças de uma noite horrível. – lhe encaro.
Mal sabia que a noite do meu quase estupro nem passava mais em minha mente e sim outra noite.
Me levanto e Noah busca os meus tênis no canto da sala. O vejo de costa e agora que percebo, seus ombros são largos, sua estrutura é alta, as pernas um pouco mais curtas, porém não o deixando menos alto.
- Ele é um bom partido se não fosse pelo humor e gosto por coisas ruins. – sussurra Tinner em meu ouvido.
Tento segurar o riso mais é impossível, assim que o rapaz me encara começa a sorrir também.
- Você fica ainda mais fofa quando sorri sabia? – solta.
Aquilo realmente eu não aguardava, Noah era conhecido por ser o estranho da escola, mas quem já havia falado com ele sabia o quão espontâneo e único ele era.
- E você é o estranho que a senhora Tinner disse que é um bom partido! – falei entre risos.
Um tapa de leve veio da senhora ao meu lado, seu rosto completamente vermelho de vergonha só piorou quando o menino se aproximou e deu um pequeno beijo em suas bochechas rosadas.
- Eu sei que você me acha estranho, mas deixa eu te confortar e dizer que não é a única. – disse, pondo os sapatos perto aos meus pés.
- Você é um bom menino, disso eu sei. – a rechonchuda diz, enquanto sua mão enrugada vai aos rosto dele e acaricia.
Aquela cena diz muita coisa, realmente todos julgavam Noah, inclusive eu antes de conhece-lo.
Filho de pais separados, a mãe havia se mudado para Springfield, Illinois, e o pai comandava um bar na beira da estrada. O irmão mais velho havia sido preso por traficar drogas e a irmã vivia sob os cuidados dele, já que a única hora sóbria do pai era quando estava dormindo. Trabalhava meio período na loja de conveniência perto da escola e aos finais de semana, no restaurante, 24h, da dona Miree na saída da cidade.
Como eu sei disso? Quando fui salva por ele, comecei a procurar saber mais e descobri que sua vida era pior do que se imaginava.
Ele costumava ser alguém invisível e fraco, o time inteiro de futebol, o provocava, as líderes de torcida o humilhava e todo o resto o afastava e ignorava.
Ele era alguém que eu admirava internamente, era alguém que eu queria por perto e que me trazia uma sensação de mundo melhor.
Me levantei e olhei o relógio na parede, marcava 13h e 25min, peguei os cadernos e os pus dentro da bolsa. Abracei a senhora Tinner e depositei um beijo em sua testa, voltei meus olhos pare ele e convidei.
- Vamos almoçar? – chamei.
Ainda que eu precisasse conversar sobre o que tinha acontecido mais cedo, eu só desejo comer uma boa comida e sorri pra afastar ideias ruins.
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Não aguentei, precisei soltar alguns capítulos, aproveitem! Se estiverem gostando, não esqueçam de comentar!
Curtam essa mini maratona desse casal improvável e esses segredos <3