ELBA

Chapter 6

"I won't tell a lie now"

"Eu não vou dizer uma mentira agora"

Grace Mitchell - Cali God

O desejo de vingança é mais doce que o próprio doce, entretanto eu não tive essa chance. Quando descobri que Melissa havia me dopado, não tive forças para brigar, para discutir. Aceitei ser expulsa do que eu mais amava, as tigresas. Fui pisada e machucada por todos a minha volta, olhada com menosprezo por todas aquelas ignorantes. Motivo de picuinha entre o time de embeiceis.

Chamada de puta e vadia, mas no fundo eu era, não deveria ser xingamento algo que cada mulher se faz em quatro paredes ou fora delas. A antiga Elba voltou, mas essa não vai maltratar e pisotear quem não tem voz, não vai infernizar meninas inocentes e difamar. A partir de hoje, vou reconquistar meu lugar naquele inferno, que a guerra comece.

Assim que estaciono no pátio, todos olham. Desço do carro e pego a bolsa, no banco de trás. A cada passo que dou, todos os olhares se dirigem a mim.

Entro determinada, marchando de forma calma. Avisto, Melissa, encostada em seu armário. Sempre bem vestida e com uma classe invejável para todos, pena que é uma vadia egocêntrica. Avanço até ela, toco em seu ombro levemente. Quando está de frente para mim seus olhos esbugalham.

- Isso é por ter me dopado, sua desalmada. – rugi de forma impiedosa.

O tapa continha tudo, raiva, ira, nojo, amor, ódio. Minha mão queimou, mas não recuei. A vi me encarar como nunca antes, sua face vermelha, a mão amparando o rosto.

Me aproximei.

- Eu voltei, vaca. – admiti.

O sinal tocou nos informando o início do dia. Quando olhei ao redor, tinha admiração e medo, surpresa e incredulidade nos olhos de que ali estava.

Andando por entre os corredores o vejo. Como sempre, o casaco de couro preto por cima de uma camisa vermelha, uma calça de lavagem escura e os contornos marrons.

Me aproximo, o fazendo se assustar.

- Cerejinha? – sua entonação surpresa me faz rir.

- Oi, o que achou? – dou um volta.

- Linda, muito linda. Nossa... – sorri, está abismado.

- Vamos sentar juntos? Temos química aplicada agora e história geral depois do almoço. – o convido.

- Sabe o que vão falar de você por estar andando comigo? – questiona, com uma de suas sobrancelhas arqueadas.

- Nada que eu não possa lidar. E vadia e vaca, não são xingamentos. – amenizo sua preocupação.

Seguro sua mão e adentro na sala. A banca da frente é ocupada por mim e ele, que ainda ressentido tenta sentar mais longe.

Pego meu celular dentro da bolsa e abro a câmera, alinho em seu perfil e bato a foto. Era incrível como ficava bonito nesse ângulo.

- Tem permissão pra tirar foto minha? – encara.

- Tem permissão para se afastar de mim? – aproximo meu rosto do seu.

Poucos centímetros nos separam, sua respiração balançando a pequena franja.

- Ora, ora, ora... – fala o professor – que dupla intrigante, não? – questiona.

- Sim. – o olho – Como vai? – sorrio.

Nunca agradeci tanto por um professor ter chegada na sala. O clima realmente pesou um pouco.

- Namoro aqui não, crianças! – afirma.

Estranhamente nem eu, nem ele tentamos o convencer do contrário, apenas nos olhamos. Havia algo indecifrável. Ao olhar para o lado, os olhos de Taulli me encararam friamente, levantei minha postura tão fria quanto. A guerra tinha finalmente se dado início, mas por enquanto a bandeira branca ainda estava aqui.

- Está tudo bem? – me chama.

Quando o olho, está preocupado. Seus olhos vasculham até encontrar para onde estava olhando.

- Quer que eu saia? – receoso, fala.

- Não! Claro que não... – me viro uma última vez – quero que fique. Por favor, fique Noah. – peço.

Sem nenhuma palavra dita, apenas nos viramos e nos concentramos na aula.

Por muitas vezes no dia, o relógio era o que eu mais olhava e ansiava, mas hoje meus olhos não saíram de quem estava ao meu lado. Seu cheiro amadeirado, sua atenção me explicando a questão que não tinha entendido, seus sorrisos ou parceria estampada em seu olhar.

Atento a tudo em volta, pronto para se defender. No fundo tinha medo também, de voltar ao inferno por estar andando comigo, a todo momento lhe olhando e observando, pude ver o quão inteligente e rápido era, o quando tinha voz e argumentos bons.

Eu o queria, deduzi.

Eita, que nossa Elba tá determinada! O que foi esse final! O que acham que vai acontecer?