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Um barulho me faz abrir os olhos, assustada.

Acendo a lamparina ao lado da minha cama, e encaro minha janela aberta.

A cortina voava com o vento, fazendo sombras dançarem por todo o quarto.

Fui até lá e a fechei, com um pouco de dificuldade.

Um estalo no andar de baixo faz meu coração dar uma pulo.

Abro a porta, atravesso o grande corredor e desço as escadas.

A casa que estava sempre iluminada, parecia estranhamente escura.

O piso range sob meus pés, o que era muito estranho, já que o piso da minha sala não era feito de madeira.

Ao chegar na sala, estreito os olhos para tentar enxergar algo naquela escuridão. Apalpo a parede, mas o interruptor não estava no lugar de costume.

Um barulho vindo da poltrona faz eu me virar abruptamente.

Vejo apenas a silhueta do que me parece ser uma pessoa sentada na poltrona, enquanto mantinha sua cabeça baixa, quase encostando o rosto nos próprios joelhos.

- Mãe - chamo, dando alguns passos receosos em sua direção. Mas pessoa continua imóvel.

Chego perto o suficiente para observá-la melhor.

Ela vestia um vestido beje destruído, e cortes profundos cobriam seus pés sujos.

O corpo se mexe, e ergue a cabeça, lentamente.

Uma fresta de luz atinge seu rosto mortificado.

Um arrepio toma conta de mim.

Era eu! Uma versão mais horrenda de mim. Careca, com profundas olheiras, pele pálida, e olhar vazio.

Dei um passo para trás, horrorizada.

Tentei dizer algo, mas minha voz não saiu, era como se eu estivesse muda.

Um sorriso perverso surgiu no rosto da minha cópia, e foi aumentando, até que os cantos da boca quase encostassem nas orelhas, e seus olhos se reviraram para trás.

Tentei desviar meu olhar, mas ela se aproximou, segurando meu rosto, e colocou sua enorme língua para fora e lambeu minha bochecha.

Me encolhi e fechei os olhos sem ação, e petrificada pelo medo.

Senti meu rosto queimar assim que ela se afastou.

Levei minha mão até minhas bochechas, sentindo algo grudento e quente sob meus dados. Era minha pele que estava derretendo feito cera.

Começou pela bochecha, e se espalhou por toda extensão do meu rosto.

Desesperada, tentei impedir que a pele escorresse. Segurei algo que escapou do meu rosto antes que pudesse cair no chão.

Ao ver o meu olho na palma minha mão, a outra versão de mim gargalhou de uma forma macabra.

Soltei um grito de horror a todos os pulmões, enquanto ela continuava a gargalhar tão alto que meus ouvidos doíam.

Sinto braços fortes me segurem assim que tento me levantar aos gritos.

Demorei um tempo para processar onde eu estava, e de quem eram o par de olhos azuis me encarando de forma séria.

Eu estava tremendo de medo.

Lágrimas de pavor marejavam meus olhos, enquanto cenas do pesadelo que eu acabara de ter, voltavam a minha mente.

Tentei me desvincular de Axel.

- Me solta! - exigi, apavorada. - O que você está fazendo?

- Tentando impedir que você deixe todo mundo dessa casa surdo - explica, me soltando, mas ainda estava sentado próximo demais.

Sweet NightmaresWhere stories live. Discover now