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Me encarei no espelho gigantesco na penteadeira do meu quarto. O vestido preto de decote coração e alças finas, cobria meus pés. Eu tinha optado por uma maquiagem simples, esfumando um pouco os olhos, mas escolhi o batom vermelho para combinar com o pingente pequeno do meu colar.

Meus braços doeram assim que os levanteis, na intenção de prender apenas alguns fios da parte da frente, e deixar o restante solto.

Como Helena havia dito: eu não me curava tão rápido quando os vampiros comuns. Por sorte, o único trauma visível, era uma mancha roxa no meu ombro direito, o restante era apenas muscular.

Eu estava pronta há alguns minutos, mas estava tomando coragem para me juntar ao povo no salão no prédio ao lado.

Eu sabia que alguém que carrega o sangue letal nas veias, não seria bem aceita entre os vampiros. Eu teria que lidar com os constantes olhares durante a noite, sem a presença de ninguém que eu conhecia, já que nem ao menos pude chamar Nancy, para me dar algum tipo de apoio.

Sai do quarto, atravessei a passarela pequena que ligava os dois prédios, e atravessei o lobby principal.

Alguns vampiros circulavam por ali, todos bem vestidos, e mal encarados, como de costume.

Não era o mesmo salão do baile de apresentação que eu tinha estado meses atrás.

O salão escolhido dessa vez, ficava do lado contrário, eu acho. Eu ainda estava meio perdida na geografia do prédio.

Uma música melódica e instrumental, vinha do de lá. As vozes se misturavam umas as outras, me fazendo antecipar o número de pessoas que que eu iria encontrar.

Dois homens na porta, usando fraque preto, fizeram reverência e abriram a porta para que eu me juntasse as dezenas de vampiros ali presentes.

Sob a luz baixa e amarelada do salão, eles conversavam entre si como aristocratas e pessoas civilizadas. Todos bem vestidos e elegantes, porém o líquido dentro dos cálices que a maioria deles tinham nas mãos, entregava que não havia ninguém civilizado ali.

Observei a cena que parecia ter saído de um filme de terror de época: as luzes quentes, as flores e adornos de ouro, os homens tocando violino com serenidade e tentando criar um clima agradável, toda aquela naturalidade com que eles bebiam sangue em cálice de ouro, me causava um certo desconforto. Eu não tinha me acostumado com nada daquilo.

Atravessei o grande salão, procurando por um lugar menos cheio. Segui pelo lado esquerdo que levava à varanda. Dali eu podia ver apenas o fim do jardim, me permitindo ter uma localização geográfica de mais ou menos onde eu estava.

Aquele lugar era confusamente grande.

Me encostei na pilastra de mármore, me sentindo fora de lugar. Eu podia ver o céu dali, estava escuro e sem estrelas. O ar estava parado, e eu sentia que estavas prestes a chover.

- Eu comecei a achar que eu não te encontraria aqui hoje. - Eu me virei, encontrando Kim usando um vestido vermelho sangue, que acentuava ainda mais a palidez de sua pele e de seus cabelos curtos, que estavam perfeitamente mal alinhados. Em uma de suas mãos ela também segurava um cálice cintilante, como o restantes dos convidados.

Eu não tinha a visto há um tempo, e já estava convencida de que ela tinha me passado a perna.

- Ei, eu não soube mais de você. Eu tentei te ligar.- Ela se aproximou um pouco mais, e encostou-se ao meu lado.

- É, as coisas meio que saíram do controle. Acabei ficando sem tempo- Ela justifica.

Dei uma olhada em volta.

Sweet NightmaresWhere stories live. Discover now