Capítulo 27

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Terry escrevia todos os dias. Vagamente ele se lembrava de já ter feito isso em outras fases de sua vida.

A agressividade estava cada vez mais aflorada em seu dia a dia. Josh já havia sido agredido inúmeras vezes por Terry em poucas semanas, sendo desse modo proibido de encontrar-se com Terry fora do horário de terapia.

John ficava de olho no loiro, e percebia que a cada dia que passava ele se tornava o que realmente era. Um louco agressivo e dissimulado que destruía tudo ao seu redor. O que ninguém sabia era que o motivo da raiva de John em relação a Terry havia um por que.

John era irmão Emmy, namorada de Dylan. Ele vivenciou toda a historia bizarra que havia acontecido anos atrás, e o ódio por ter destruído a vida da sua irmã, era a força que ele precisava para tentar de todas as formas para que Terry pagasse pelo que havia feito.

Emmy era uma jovem dócil e feliz que sonhava em ser advogada. Porém, seu sonho foi interrompido. Depois da morte de Dylan, Emmy entrou em um profunda depressão, que resultou em sua morte anos depois. A doce Emmy tirou a própria vida ao se jogar de uma ponte após conviver com a dor diária da ausência do seu grande e único amor.

Terry não destruiu apenas a vida de Dylan e sua família quando o matou. Ele também destruiu a vida de todos ao redor, como um granada jogada por um terrorista sem alma, que abrange uma destruição em volta de onde ela é jogada, espalhando seus estilhaços em todas as direções.

Era dessa forma de John enxergava Terry. Um ser que estava apenas ocupando espaço na terra, e que deveria pagar com a vida o sofrimento que causava a todos ao seu redor. Por isso ele havia se tornado enfermeiro e vindo trabalhar nesse lugar. Ele queria vigiar Terry de perto para garantir que ele apodrecesse naquele lugar, e que só saísse dali morto.

Terry por sua vez não fazia idéia o que havia com a vida de John e sua família por causa dele. Na realidade, Terry estava cada vez mais perdido em sua própria mente doente, não sabendo o que era lembranças ou o que era delírios.

***

Deitada em sua cama Belina olhava o celular em sua mão indecisa se ligava ou não para sua cunhada Sarah. A morena precisava desabafar, e ela sabia que somente Sarah saberia compreender tudo o que ela estava passando.

A visita a casa dos pais de Tyler foi no mínimo desgastante para Belina. Não de uma forma negativa, pelo contrario, a morena havia sido tratada muito bem, com muita atenção e cordialidade. Entretanto, ela havia ficado apreensiva e constrangida pelo fato dos pais de Tyler saber a verdade do triangulo amoroso existente entre ela e os dois filhos do casal em questão.

Com a cabeça a mil, e quase explodindo. Belina decide ligar para a Sarah, e contar para ela tudo que estava acontecendo com ela por esses dias.

— Então foi isso — disse Belina depois de narrar tudo para a cunhada e confidente.

— Eu nem sei o que falar — respondeu a cunhada do outro lado da linha.

— Nem eu mesma sei o que pensar dessa historia toda — Belinda suspirou — às vezes me sinto como se estivesse adormecida, vivenciando tudo o que está acontecendo fora do meu corpo.

— Eu imagino.

— Sabe o que é pior? Eu ter que voltar para o hospital. Sinceramente não sei como agir da próxima vez que eu estiver no mesmo ambiente que Terry.

— Esse sim vai ser um grande problema pra você.

— Sarah, a mãe de Terry me deu os diários dele.

— Terry tinha diários? — Sarah achou um pouco estranho um menino com diário.

— Sim, ele escrevia praticamente todos os dias — Belina olhou os três cadernos que eram usados como diários em cima da mesa e suspirou — ela me disse que ali eu saberei realmente quem é Terry Burquer.

— Você está com medo de lê-los não é? — a amiga conhecia bem Belina, ela sabia que a cunhada estava com medo do que poderia está escrito ali.

— Eu não sei o que poderei encontrar ali.

— Eu acho que você encontrará todas as respostas que precisa para resolver a sua vida.

— Assim espero.

Belina conversou um pouco mais com Sarah antes de desligar. Ela precisava se preparar psicologicamente para começar a ler os diários.

A morena tomou um longo banho quente, vestiu-se confortavelmente. Preparou uma xícara de café, e sentou-se próximo a janela, onde era o seu local preferido para leitura.

Belina colocou os diários em seu colo, e pegou um deles abrindo em uma pagina qualquer.

A letra bem desenhada de Terry não a surpreendeu, já que ela sabia que sua grafia era perfeita.

21 de abril de 1999

Como eu queria está dentro daquela escola... Columbine. Templo do horror. Templo do desespero.

Eu queria ouvir cada grito de pavor. Eu queria sentir de perto o medo daquelas pessoas. Eu queria presenciar tudo àquilo de perto.

O medo é algo que me motiva. Eu invejo os caras que tiveram a inteligência de fazer todo aquele circo. É motivador!!!!

Como eu queria ter pelo menos acertado uma daquelas criancinhas choronas. Eu queria ver o sangue escorrer. Eu queria ver o medo. Eu queria ser o medo delas.

Pena não ter conhecido aqueles caras.

Uma pena morar longe deles.

Sou fã dos dois. Eu queria ser os dois. Eu invejo os dois.

O ódio me alimenta. A dor me causa prazer. Eu gosto de fazer com que os outros sofram. Eu amo odiar. Eu quero odiar.

Salve Dylan e Eric!

Eles são meus heróis.

Belina estava assustada com que acabara de ler. Os desenhos de caveiras e corações negros estavam moldurando a páginas. Formas bizarras e símbolos nazistas também estavam presentes por todo lado. Era horrível folhear aquelas páginas amareladas. Dava medo correr os olhos no que estava escrito ali.

Quem realmente era Terry? Como poderia uma pessoa achar que a dor, o desespero e o medo era algo bom?

A morena estava estática com cada palavra que ali estava. Ela não sabia que ainda havia muita coisa escrita ali que provavelmente a chocaria mais. A mente doentia de Terry a surpreenderia, e ela conseguiria entender o porque do abandono, do desprezo e do sofrimento relacionado a família do mesmo.




Olá,

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Olá,

Para quem não sabe, o massacre de Columbine aconteceu no dia 20 de abril de 1999. Dois alunos da escola secundária de Columbine: Dylan Klebold e Eric Harris, entraram armados e atiraram contra os alunos. Matando um professor e 12 alunos. Eles foram cruéis e dissimulados. Mataram os próprios colegas e depois cometeram suicídio simultaneamente. Foi um dos casos mais famosos de massacre escolar, e um dos mais cruéis também.

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⏰ Última atualização: Aug 28, 2018 ⏰

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