XV

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Enrico

Demorei horas para que finalmente conseguisse me acalmar, estava chateado com a situação e agora arrependido por ter tratado a mãe da Liz tão mal.

Após um longo banho, fui até a sala e encontrei Catarina mexendo no celular, as unhas extremamente perfeitas e nenhum sinal da moça.

-—Cadê a Aline? - perguntei curioso.

— Já foi embora. - disse rudemente, sequer me olhou.

Respirei fundo, deveria iniciar uma conversa? Melhor não.

Fui até a cozinha, tomei um copo grande de água, peguei as chaves do carro e decidi sair sozinho dessa vez.

*

*

Após tanto andar, decidi ir até a casa de Liz desculpar-me com sua mãe.

Aline

Eu estava desesperada e sem acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.

Ao chegar em casa, deixei Liz próxima à minha mesa de centro e fui preparar-lhe uma mamadeira, demorei cerca de dois minutos para voltar e quando cheguei a mesma estava avermelhada, quase roxa.

— LIZ, LIZ... - chamei a sacudindo.

Ela tossia como se quisesse jogar algo para fora, algo que eu não conseguia identificar o que era.

Em seguida, disparou a chorar, um choro compulsivo e preocupante pois não era do seu feitio chorar tanto a ponto de gritar.

Ela tossia e estava cada vez mais escura.

Sem pensar duas vezes, decidi leva-la ao médico, pois se tivesse acontecido algo, ele seria a melhor pessoa a me orientar.

Receosa, a deixei novamente e peguei as coisas mais importantes dela, como por exemplo: seus documentos, porém, assim que cheguei à garagem, o carro decidiu não funcionar.

Liz estava ficando roxa e ali eu senti que estava perdendo minha filha para algo que eu não fazia ideia do que era.

Comecei a chorar como se aquilo fosse resolver algo, sai no portão para chamar algum vizinho e para meu alívio, Enrico, o irmão de Catarina estava estacionando em frente minha casa.

-— Pelo amor de Deus, me leve ao hospital com Liz, estou perdendo a minha filha. - eu disse desesperada mostrando Liz que naquele momento já estava revirando os olhos.

Sem questionar, ele nos colocou dentro do carro.

Seu semblante agora era preocupado.

Chegamos ao hospital em questão de minutos, os enfermeiros passaram Liz na frente devido ao seu estado e eu só pude acompanha-la até o primeiro exame, onde neste constou que minha filha havia engolido uma moeda.

Na sala de espera, aflita, eu chorava pedindo a Deus que cuidasse da minha menina de apenas cinco meses de vida, lembrei-me de todos os momentos em que tivemos juntas, Deus não podia permitir que nós nos afastássemos agora. Chorei por tamanha incompetência, por ter a deixado sozinha naquela sala sabendo do tamanho de sua curiosidade, sequer me lembrei das moedas que ali, havia deixado.

Enrico estava de cabeça baixa, algo me dizia que estava preocupado.

— Pode ir embora Enrico, eu me viro depois pra ir. - tento soar amigavelmente.

— Preocupo-me com Liz, quero ficar, depois a levo embora. - respondeu dando de ombros.

— Obrigada por ter aparecido, aliás, o que você queria?

— Aqui não é um bom momento para conversarmos Aline.

Após dizer isso, nos calamos.

Sentei-me na cadeira desconfortável e ele sem pensar duas vezes sentou-se ao meu lado, passou um de seus braços cobertos por uma blusa de moletom por cima do meu ombro e me puxou para perto do seu peito.

Por dentro estava um caco, com saudade de Liz, querendo a todo custo trocar de lugar com ela. Por fora, eu só tentava sobreviver.


ENRICOWhere stories live. Discover now