C.P - 57 - Surto

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Meu coração está realmente acelerado agora. Meus olhos quase se encheram d'água por causa da situação.

Eles me levaram até uma delegacia e quando eu entrei minha mãe e o Téo estavam sentados conversando com o delegado. Assim que me viram Téo veio e me abraçou forte e quando me soltou minha mãe veio ao meu encontro com um tapa no meu rosto.

Não fiz nenhuma expressão. Depois ela me abraçou e me largou em seguida. A moça do carro me sentou em frente ao delegado e ele começou a falar.

Delegado: Mia Sattler? — Olhou algum papel.

Mia: Eu.

Tudo estava calmo. Minha mãe não falou comigo e nem o Téo. Provavelmente em casa aí acontecer uma explosão de xingamentos em mim.

Delegado: Você está bem encrencada mocinha. — Falou e eu fiquei quieta. Ele pediu para se retirarem da sala e deixou somente eu e a detetive.

Detetive: Qual a sua relação com Noah Allkimist? — Perguntou.

Mia: Não conheço essa pessoa. — Respondi.

Detetive: Conhecido como Jayden.

Fiquei em silêncio e não respondi. Da mesma maneira que não vou entregar o Itan não vou entregar o Jayden. Mas eu também não posso negar porque eles sabem que eu os conheço.

Delegada: Se não falar, seremos obrigados a te levar como suspeita e cúmplice. — Explicou.

Continuei quieta e com medo. Meu deus. O que estava acontecendo com a minha vida? Eu quero saber como o Jayde está agora. Eu não avisei que tinham pessoas atrás deles por conta da raiva.

O celular da detetive tocou e ela atendeu saindo da sala.

Não dava pra ouvir a conversa, mas pela cara feia dela eu fiquei preocupada.

Delegado: Vai permanecer calada até um advogado? 

O ignorei.

Delegado: Tudo bem... Vamos lá. — Olhou umas fixas e depois jogou umas fotos na minha frente. Na maioria delas eu estava. Tinha uma foto do Jayden dele saindo de uma loja de armas. Olhei pro canto da foto e o que eu vi me chamou atenção. Eu tinha certeza. Era a Katy com seus cabelos brancos descoloridos.

Parei de olhar as fotos e olhei pra o homem a minha frente.

Delegado: Estamos atrás dele a pouco tempo. Aparenta um homem descuidado mass tudo que ele faz tem uma segunda intenção. Um policial dos nossos está desaparecido a um tempo e temos informações de que ele esteve em contado com ele. Não sabemos o paradeiro dele ou se está morto ou vivo. Sua família está com um processo contra nós pelo seu desaparecimento e nossa "incompetência" em procurá-lo.

Engoli seco. Eu sabia quem era aquele policial e sabia onde ele estava também. Eu realmente sentia muito pela família, mas ele não está mais vivo. Lembro bem que Jayden falou que iria ligar para a polícia, mas pensando bem quem ele é, eu sei que ele não fez isso e o deixou lá.

Sinto meus olhos marejarem e meu sangue esfriar.

Meu corpo ficou mole e minha cabeça girou. Minha pressão estava baixa e se eu continuasse ali eu iria desmaiar com certeza.

Delegado: Não estamos apenas atrás dele. Mas o outro caso é mais complicado. E você não precisa saber de mais nada já que pode ser cúmplice e não temos um mandado de prisão temporária já que não temos provas suficientes para te incriminar. O que... Por mim você já estava. — Sorriu.

Ele pediu para me retirar e a detetive já não estava mais lá. Um policial nos levou para casa e assim que cheguei o Téo me pegou pelo braço e me deixou no quarto trancada. Olhei minhas janelas e todas estavam com cadeados enormes.

Agora sim eu estou presa.

Ouvi uma voz do outro lado da porta e era o Téo.

Téo: Mia... — Chamou e depois vi sua sombra no chão. Ele estava sentado.

Não falei nada e me sentei na porta junto a ele.

Téo: Por que você não ouve a gente...? V-você sai por aí mesmo com tantos avisos... — Ouvi a voz dele falhar. — Você não sabe como é frustrante ver sua irmã pequena no meio disso tudo e não poder fazer sua função de irmão mais velho.

Fiquei quieta e ouvindo. Não são muitos irmãos por aí que são legais com suas irmãs mais novas.

Téo: A mamãe deve estar chorando lá no quarto se culpando por não ter te criado direito e você acabando ir pro lado errado. — Fez uma pausa. — Você realmente não está se importando com a gente e só sendo egoísta.

Mia: Não estou sendo egoísta... — Falei por fim.

Téo: Você sai pra onde você quer na hora que quer. E mesmo com tudo isso acontecendo e os avisos você nos ignora e vai atrás do que você e só você vê.

Mia: Eu já não vejo mais as coisas como um tempo atrás Téo. Eu estou tão decidida que o caminho que eu quero parece uma estrada reta cheia de flores. Sem nenhum obstáculo. 

Téo: É exatamente o que eu tô dizendo... Você já não se importa com nossa opinião.

Mia: Téo... Vou ser sincera dizendo que já não me importo com coisas que não vou citar nesse momento. Vai soar duro, mas é o que eu quero.

Téo: MAS QUE MERDA MIA! — Socou a porta me fazendo pular com o susto. — QUAL SUA DIFICULDADE EM ENTENDER?! TÁ AFOBADA POR QUE UMA PESSOA SUMIU SEM NEM LIGAR PRA SEUS SENTIMENTOS?! O QUE SENTIU E O QUE TÁ SENTINDO AINDA, É TUDO O QUE EU E NOSSA MÃE TA PASSANDO! SEUS AMIGOS, A BIA A KATY SEUS COLEGAS NA ESCOLA, NOSSA FAMÍLIA AS PESSOAS DO BAIRRO E VIZINHOS. PARA DE PENSAR QUE SÓ SUA VIDA TA RUIM E SÓ O SEU CORAÇÃO TÁ DOENDO! TÁ PERDENDO ALGUÉM QUE CONHECEU A ALGUNS DIAS, E EU TÓ PERDENDO ALGUÉM QUE EU AMO A 17 ANOS E VI CRESCENDO! — Ele parou de gritar e se levantou rápido e saiu batendo a porta do quarto dele.

Eu já estava chorando muito antes de perceber e quando percebi foi quando chorei mais ainda.

Eu só percebi que estava sendo egoísta com todos a minha volta agora. De como minha família se importa e sempre esteve comigo nos momentos bons e ruins. De como tem pessoas lá fora que realmente se importam comigo e devem estar passando por uma dor que eu nunca desejaria a ninguém. E mesmo assim fiz todos sentirem esse peso no coração que quase não te faz levantar da cama. 

Corri até meu armário e joguei todas as roupas do meu guarda-roupa na cama furiosa comigo mesma. Meu rosto no espelho estava vermelho e cheio de lágrimas. Meu cabelo bagunçado. Arranquei as roupas quebrando cabides e rasgando algumas peças. Bati as portas do guarda-roupa e mandei minha escova pesada no vidro que logo se despedaçou.

Corri para o banheiro e bati a porta que fez um estrondo e a parede tremeu de leve. Chutei tantas vezes ela parecendo uma louca.

EU JÁ ESTAVA LOUCA! Explodindo de raiva que eu poderia quebrar essa casa inteira!



➥ Continua

O Filho Do Meu Chefe [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now