Prólogo

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Na sala de hospital do Mercy Hospital, uma mulher havia acabado de acordar da UTI. Seu corpo ainda estava dolorido e sua cabeça zonza, ainda sob efeito de fortes medicamentos. Ela não tinha a mínima ideia do que fazia ali.

Não se lembrava da noite passada.

— Que bom que acordou senhorita. — uma enfermeira checava suas medicações. O soro tinha acabado, a enfermeira sorridente se preparava para colocar um outro.

— Dói. — reclamou quase que inaudível, repousou sua mão onde sentia tão intensa dor. Não era uma simples dor, nunca sentiu aquela dor e tal proporção antes, estava chorando e assustada.

Um semblante pesaroso transformou o rosto da enfermeira. — Aplicarei morfina para aliviar.

— O que eu estou fazendo aqui? — a enfermeira injetou a medicação em sua veia para aliviar tão agoniante sensação.

— Não se recorda de nada? — perguntou complacentemente, não era a primeira vez que cuidava de uma paciente nesse estado. — Como é o seu nome para informamos aos seus familiares?

A mulher de cabelos loiros olhou incerta, sua mente estava longe e procurava qualquer tipo de lacuna para lembrar-se do que tinha acontecido ontem à noite. Novamente estava em um porto escuro. — Meu nome... — disse desconcertada. — Hayes, Elsa Hayes. — suas lágrimas desciam aos poucos pelo seu rosto, porém teve um conforto... Era ela.

                                                                                                ∆

Um helicóptero pousou no heliponto do Willis Tower, um dos arranha-céus mais alto de Chicago. Um homem de sobretudo preto saiu, passou a mão no cabelo tentando prendê-los, já que as rajadas de vento ali batiam fortemente. O helicóptero ainda com as hélices ligadas decolou novamente, enquanto o homem caminhava até o elevador segurando sua maleta executiva prateada e um copo de Starbucks.

Parou para observar o panorama da paisagem, sua vista completa da cidade. Era bom estar em casa. Da sua vista privilegiada Podia ver completamente o Rio Chicago cortando a cidade e desaguando no gigantesco lago Michigan, já estava habituado aquela vista deslumbrante.

Entrou no luxuoso elevador e alguns segundos depois já estava no seu escritório. — Bom dia, William. — sua estagiária e ex-namorada o cumprimentou. — Como estava Nova Iorque?

— Fria como sempre. — não era um homem de muitas palavras e era conhecido pelo seu comportamento autoritário e exibicionista. — Alguma novidade, enquanto estive fora? — retirou seu Iphone prateado, conferia algumas mensagens que provavelmente seriam ignoradas. Algumas mensagens ele não tinha a mínima ideia de quem estava enviando.

— Teve uma ligação do gabinete do dono da Sung Corporation, lhe enviaram o novo contrato e esperam que você imediatamente envie os trâmites. Desligou seu telefone? — ele assentiu e ela revirou os olhos. — E teve uma ligação de uma senhora qual queria lhe contratar, parece que a filha assassinou o namorado.

William olhou de forma estranha. Não era um advogado criminalista.

— Olharei.

— Certo.

Seguiu para sua sala e retirou o pesado sobretudo de lã jogando-o sobre uma cadeira. Afrouxou a gravata vermelha e sentou-se em sua poltrona. Seu birô estava abarrotado de papéis, dezenas de resmas contendo processos e mais processos.

Massageou o cenho, não estava a fim de trabalho por hoje. Sua cabeça estava dolorida, resultado da noite em Nova Iorque onde foi contratado para um caso de suma importância, estava representando uma fusão bancária, onde o banco foi acusado de antedatar ações.

Virou sua cadeira para janela panorâmica onde via os outros aglomerados de arranha-céus e o lago. Ouviu algumas batidas na porta e permitiu que tal pessoa entrasse, era Chelsea.

— William, é a senhora que me ligou mais cedo, ela ainda insiste para você atendê-la. — ele bocejou entediado, era considerado o melhor advogado da costa Leste dos Estados Unidos, sua família tinha uma longa tradição no ramo da advocacia, ele tinha chegado ao topo.

— Assassinato. Eu honestamente não sou interessado nesses casos, só se eu estivesse na faculdade Chelsea.

— Ela quer o melhor advogado. A filha matou o namorado e parece que ela é importante. — Chelsea explicava, mas ele não parecia interessado.

— Não sei se você lembra, mas sabe que não sou da área criminal. Algum outro compromisso?

— Sim, na sua mesa. Tem uma grande fusão de uma companhia de telefone com tv a cabo, sabe essas coisas que dão dor de cabeça?

— E dinheiro.

— Claro, senhor Harper. — disse em um tom dissimulado.

— Chelsea? — ela virou-se e ele jogou o copo de surpresa. — Cadê o reflexo?

— Patético.

— Ainda sou seu chefe e posso arruinar o seu currículo, querida.

Sobre William Harper três adjetivos poderiam ser perfeitamente encaixados: Arrogante, esnobe e frio.

Ele não dava a mínima do que falavam dele pelas costas, esse era o seu jeito e assim foi criado para ser. Sua vida era o seu trabalho, no qual sempre foi focado. Não se importava em quantas pessoas tinha que passar por cima para conseguir o que queria. Avassalador e um ótimo estrategista.

Pegou uma das pastas e começou a examinar o contrato minuciosamente, já estava acostumado com aquelas letras pequenas e sempre pequenos truques, qual pegaria qualquer um desavisado.

Seu celular vibrou, olhou duas vezes ao visor e pensou bastante se atenderia.

— O que foi, Nathan? — atendeu ao velho amigo, enquanto focava o papel em sua outra mão.

— Tem um tempo livre ou precisarei pagar sua hora? — fez o Harper sorrir.

— Onze mil dólares por hora. Parece ser bem caro?

— Sempre tão modesto. Enfim, poderia passar no Owen & Engine pelas duas, ou está tendo um dia daqueles? — Nathan tinha feito um convite.

William checou as horas em seu Rolex cravejado por alguns pontos de diamantes. — Duas horas, almoço. Posso.

— Certo. Esperarei.

                                                                                ∆

— Ele virá? — a mulher loira já de idade tomava uma xícara de chá tranquilamente. Havia alguns seguranças à paisana por ali disfarçados. — Estou tentando entrar em contato com ele o dia inteiro e sou esnobada. Quem ele pensa que é?

— É o jeito dele, madame presidente. — Nathan sorriu gentilmente, sabia do forte temperamento do amigo, no entanto ele seria necessário.



[b] Bom, essa história será um conto, é a minha primeira vez por aqui com original. Não sou formada em psicologia, então é provável que a minha abordagem não será perfeita, gaverá falhas, mas estou pesquisando bastante para conseguir algo real. 

Obrigada por  lerem até aqui.  


Blur (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora