Março, 2016. II.

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    Às vezes, Dianna se arrependia de ter se tornado tão próxima de Luísa.

    Não que a loira não gostasse de tê-la por perto. De alguma forma ou de outra, a garota tinha a capacidade de fazer com que Dianna se sentisse especial. Sempre se questionava o porquê de Luísa, no meio de tantas outras, tê-la escolhido.

    Mas, às vezes, só às vezes, sentia que não pertencia ao mundo da melhor amiga.

    Para começar, Luísa era filha de uma família rica e importante na cidade. Havia toda uma grande e longa história por trás de seu sobrenome, sua família era uma das mais antigas, quase fundadores da região. Então, era de se imaginar toda a riqueza e herança dos pais. Na verdade, você até poderia, mas não chegaria há vinte por cento do valor real. Nem Dianna era capaz de dizer ao certo qual era.

    A loira, por outro lado, vinha de uma família classe média, havia nascido e crescido, embora sem grandes dificuldades, em um lar simples.

    Às vezes, quando estava na casa de Luísa e parava de prestar atenção no monólogo da mesma, Dianna acabava por reparar nos mínimos detalhes de cada canto do cômodo onde se encontrava. No total, encontrara cinco pequenos detalhes no papel de parede do quarto da loira, que passariam despercebidos por qualquer outra pessoa, mas que os faziam ainda mais belos.

    Além disso, a companhia da loira era cara. E não metaforicamente falando. Dianna estava cansada de ir ao shopping todo final de semana porque a melhor amiga, supostamente, "não tinha roupas para ir à próxima festa". Acabava indo apenas para fazer companhia e, no máximo, saia com uma blusa de uma loja qualquer.

    — Não, Matheus, hoje não dá — Luísa bateu o pé.

    Só então Dianna percebeu que a loira falava ao telefone.

    Estava deitada na cama da melhor amiga de barriga para cima, observando o teto do quarto. Arrastou o corpo para a beirada da cama, de forma que sua cabeça caísse e pudesse ver, ainda que de cabeça para baixo, uma Luísa irritada. Sentada na cadeira e com os pés sobre a escrivaninha, o celular sendo era segurado pelo ombro pois as mãos estavam ocupadas demais com a tarefa de lixar as unhas.

    — Dianna está aqui em casa. — Silêncio. — Ok... Ei, Matheus quer falar com você.

    A loira esticou o braço para pegar o celular e, sorrindo, colocou-o no ouvido.

    — Oi, Mat.

    — Oi, Anna. Como estão as coisas aí?

    — Como sempre — respondeu, sabendo que ele iria entender.

    — Entendo... Boa sorte.

    — Obrigada. — Riu baixinho.

    — Só liguei para dar um "oi" mesmo. Pode passar para a Lu de novo?

    Dianna apenas esticou o braço novamente para a melhor amiga, que, com um sorriso, despediu-se do namorado, dizendo que ficava para outro dia.

    — O que você faria se sua família falisse amanhã? Se tudo isso acabasse? — Dianna perguntou, virando-se de bruços e apoiando o rosto nas mãos.

    Luísa virou-se para a loira, o rosto expressava toda a incredulidade e choque com a pergunta da melhor amiga, mas, ao ver que não pararia de insistir naquilo enquanto não recebesse uma resposta, sorriu e, com todo o seu ar de superioridade, começou:

    — Primeiro que isso nunca aconteceria, minha família tem muita coisa guardada.

    — É uma suposição.

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