Sanny acordou bem cedo no dia seguinte. Espreguiçou-se e se vestiu. Após sua higiene matinal, verificou Anat e Yuri que dormiam tranquilamente em seus cestos. Então os pegou em seus braços muito cuidadosamente e os levou consigo para fora de casa.
Kemal já estava acordado naquele horário, na tenda onde cuidava dos bebês. Ele parecia abatido e com visíveis olheiras escuras.
— Você veio. — Ele sorriu e se aproximou para pegar Anat em seus braços. — Será um desafio e tanto cuidar de dois bebês de uma única vez. Sabe que pode me chamar para o que precisar.
Sanny assentiu, um pouco apreensivo.
— Kemal...?
— Hum? — O outro colocou Anat em um cesto e então se mudou para pegar Yuri dessa vez, deitando ambos juntinhos. Os bebês se aninharam um ao outro.
— Você não me parece bem. Aconteceu algo? — Perguntou com notável preocupação.
Kemal não olhou para ele, fingindo estar muito ocupado com o trabalho. Todas as crianças pequenas dormiam ainda naquele horário.
— Por que está me perguntando isso? Eu estou ótimo.
Desconfiado, Sanny se aproximou e se equilibrou de forma que olhasse diretamente nos olhos do lupino.
— O que foi? — Kemal desviou o olhar. — Não há nada de errado. Tudo está bem.
— Você está mentindo. — Sanny mordeu o lábio inferior e tocou o braço de seu amigo gentilmente. — Bem, não precisa me dizer se não quiser, mas saiba que pode contar comigo. Eu não sou um bom conselheiro... mas sou um ótimo ouvinte.
Kemal olhou para ele com surpresa e então estendeu um cálido sorriso.
— Obrigado. Não se preocupe, vai passar.
Sanny assentiu, então deixou a tenda. Embora há pouco tivesse acordado de uma boa noite de sono, ainda sim sua mente parecia repleta de problemas, de acontecimentos, fatos inevitáveis, lembranças dolorosas, e ele, como um dominante agora, estava deprimido. Na verdade, se sentia mais como uma pressão interna, e lutava para se livrar de tudo isso e voltar a estar tranquilo como antes.
Indagou a um senhor transeunte onde era situado o casebre de Yrian, cujo homem seria aquele a lhe ensinar as regras básicas para ser um dominante. De certa forma, Sanny se sentia apreensivo, porque ele nunca antes tivera tarefas de um guerreiro e sim de um lupino, era estranho essa mudança de gênero de repente, se sentia como se estivesse indo para a forca. Fazer algo completamente distinto do que ele era nascido para fazer.
Ao chegar do outro lado do vilarejo, admitindo como era grande a alcateia de Ayron, ouviu desde fora a movimentação lá dentro. Ele estava vestido de forma tão simples, não sabia se era apropriado.
Bateu à porta de bambu e foi recepcionado por um jovem dominante, que mesmo aparentando mais novo do que ele, era mais alto e mais forte. Sanny sentiu-se uma mera formiguinha.
— Ora... — O jovem arregalou os olhos em surpresa. — Alfa, é este o novo dominante que tinha falado?
Ayron já estava lá dentro assistindo os dominantes em treinamento. Ele vestia calças de seda, presas por uma faixa no quadril. Seu peitoral nu, que provavelmente exigia orgulho por tão bem esculpido que era.
— Sanny, entre! Venha conhecer seu treinador.
Timidamente, Sanny se aprofundou no casebre. Era maior do que visto de fora. Totalmente feito em toras de madeira, assim como o assoalho. Tinha uma lareira que estava apagada, cabeças de animais empalhadas no alto das paredes e outras esculturas em madeira. Um homem alto, apenas um pouco mais velho do que Ayron se aproximou, oferecendo sua mão.
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A Origem de Sanny [Romance Gay]
RomanceQuando uma tragédia ocorre em sua alcateia natal, Sanny se vê perdido com três crianças e um lupino ferido que lhe detesta. A fim de protegê-los, ele dá o melhor de si e acaba por enfrentar diretamente o Alfa da matilha vizinha, Ayron. Sem muitas e...