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Ele sentou na cama e tampou o rosto com as duas mão, levando as mesma até seu cabelo, bagunçando o mesmo um pouco, e só então respirou fundo. Parecia que ele queria falar alguma coisa, mas ao mesmo tempo não queria.


— Mariana, sai daqui.
— Hãm?
— Não ouviu? Sai daqui!
— Não Gaúcho, chega disso, eu quero respostas claras, que merda! Toda hora parece que você quer me dizer alguma coisa, mas não diz.
Ele se levantou com o rosto vermelho e disse:
— DOIS DIAS! MENOS DE DOIS DIAS QUE VOCÊ TÁ AQUI E VOCÊ JÁ ME DEIXA ASSIM, FRACO DE NOVO, QUE PORRA! — ele disse nervoso e gritando.

Eu fiquei sem reação, e ele continuou:
—TÁ FELIZ AGORA, NÉ? ERA ISSO QUE TU QUERIA OUVIR NÉ? EU SOU UM BABACA MESMO, NÃO SEI COMO EU AINDA CONSIGO!
Ele dizia tudo bem nervoso e eu não tinha reação, eu não sabia se aquilo era uma coisa boa, ou algo ruim.
— Eu vou dar um rolé — ele disse e saiu
Eu fiquei ali no quarto ainda sem reação, e sentei na cama.

GAÚCHO.

Eu sai da casa meio transtornado, eu tava puto da vida, puto porque eu não conseguia me controlar. É claro que eu gostava dela, e eu não gostava nem de assumir pra mim mesmo, parecia que arranhava minha garganta, que porra!
Eu fui pra uma parte alta do morro, uma pedra. Pra chegar lá, só de moto, porque era chão pra cacete. Eu sentei na pedra e fiquei vendo a paisagem da noite, um monte de pontos de luz, a minha Rocinha.
Eu peguei um saquinho com maconha e montei um cigarro. Foi foda pra acender, lá ventava pra caralho. Quando eu consegui, eu dei a primeira tragada e fechei os olhos, só pra relaxar mesmo.
Quando o cigarro terminou, eu resolvi cheirar um pouco do pó que eu tinha comigo. Eu tava ficando loucão, mas era disso mesmo que eu precisava.
Como eu tinha só um pouco de pó mesmo, só consegui fazer uma carreirinha na mão, eu tinha mais um pouco de loló. Eu tava tão doido que tava quase bebendo aquela porra, eu não tava raciocinando direito e tava sem copo, nem nada. Eu pinguei um pouco na blusa e fiquei puxando.
Eu tava lá amarradão quando o TFA chegou, eu ri pra ele.

— Que isso, cara? — ele perguntou abaixando e pegando os saquinhos
— Pó... e a planta — eu disse tudo relaxadão
— Caralho cara, tu tá doido. E que cheiro é ess... Tu tá puxando L?
— Aham — eu disse puxando o restinho da minha blusa e tossindo
— Tu tá em tempo de ter uma overdose aí.
— Vaso ruim não quebra
— Acontece que tu mal melhorou ae, perceiro.

-

TFA.

— Eu já tô bom.
— Manda o papo, Gaúcho. A gente é parceiro a mó tempo, alguma treta deu. Tem haver com esse teu novo rival?
— Não porra, foda-se esse cuzão. Eu to falando da Mariana, porra! — ele disse ficando estressado
— O que tem ela?
Eu já presumia o que fosse, mas ele drogado se abre mais.
— Me irritei com ela cara, que porra. O que ela tem? Buceta? Toda mulher tem! E por que eu continuo só me importando com ela?
— Nós sabe a resposta, cara.
— E ainda tem minha filha. Eu fui falar dessa guerra né, e ela disse que eu tinha que deixar ela e a minha filha livre, que eu sou uma ameaça.
— Cara é complicado, mas de certa forma ela não tá errada.
— Eu sei que não tá, mas eu também não quero largar elas porra. Eu não quero a Mariana dormindo e acordando com mais ninguém sem ser eu. Nem quero que minha filha seja criada por nenhum outro homem, cara.
— É cara, tu tá amando.
— Logo eu que sempre fui tão contra. Porque eu sempre soubesse que isso só ia trazer problemas, e tava certo. Quase morri por causa disso. Eu lembro o que eu disse pra Luísa, se eu tivesse continuado com aquilo...
— O que tu disse?

.: FlashBack por Gaúcho :.
— O amor só fode com um bandido. A Fraqueza de um bandido é o amor. Por isso eu não tenho família, filho, ou algo do tipo.
— Mas você não tem vontade de ter?
— Se eu quisesse ter isso, eu teria virado Doutor, mas não, to feliz do jeito que eu to.
— riu — E quando você estiver velho?
— Eu vou viver pro tráfico até o meu último segundo de vida.
— Você ainda vai engolir suas palavras, Patrão — disse com seriedade
.: FlashEnd:.


— É, ela tava certa — eu disse e ri
— É, a piranha tava certa mesmo — ele disse — Que merda, tô parecendo mulherzinha, TFA, seu porra. — ele disse rimos
— Mas papo 10, se eu fosse tu eu falava logo com a Mariana, essa parada de tu tentar fazer ela sofrer, só vai te foder depois cara.
— Eu não, tá óbvio que ela não me ama mais, e eu não vou me humilhar pra ela, não de novo. Mas também não vou deixar ela com outro.
— Cara, papo dez, aproveita teu tempo com ela, tu sabe que vem Guerra aí, a gente nunca sabe o dia de amanhã.
— TFA, tu é foda né, tu aproveitou que eu tava meio noiado pra tu tirar as verdades né.
— É, já que puro tu não fala né.

Ele levantou meio puto da vida, e ralou de moto.
Ele era bem orgulhoso, mas ele era meu brother, quase um irmão e eu não queria que ele se fodesse, e era isso que ia acontecer se ele continuasse querendo fazer a Mariana sofrer.

NOVA ERA - CRIMINAL! (F)Where stories live. Discover now