Eu não sabia exatamente como era enfrentar o ensino médio. Parece que o fundamental II levou consigo toda aquela segurança, energia e disposição que estava presente em mim. É meio difícil explicar como funciona essa transição, só que as pessoas não se importam muito. Talvez, seja apenas uma questão de proximidade e tempo, porém, nada se compara ao que nós, adolescentes, enfrentamos. Seria desgastante demais expor todos os meus pensamentos, argumentos e desejos sem ao menos ter a compreensão de alguém. Isso faz com que o nosso existencial seja limitado.
Enfim... Não quero entrar nessa questão, pois estaria fugindo do propósito, afinal nada mais ideal do que ir direto ao ponto.
O primeiro ano do ensino médio foi cheio de altos e baixos, sem contar que as aulas de português passaram a ser maçantes, as de matemática cada vez mais complicadas e as de educação física (como sempre) exaustivas. Detesto estudar... bom, na verdade, eu amo fazer pesquisas, mas não de acordo com o que os professores costumam pedir em sala de aula.
E para piorar tudo, as provas mudaram da noite para o dia. Tive que estudar dobrado, me dedicar sempre que possível, trocar cada momento de lazer por horas de leituras e mais leituras desconfortáveis, e tentar não enlouquecer.
Em meio a tantos dilemas, o pior aconteceu. Na última terça-feira, recebemos um aluno novo na sala. Aparentemente, ele é legal, inteligente, bom de papo, educado, gentil, conveniente (até mesmo porque meus colegas de sala são beeeeem desagradáveis)... Confesso que gostei dele logo de cara, mas é aquela coisa, né? A gente disfarça e nega até o fim.
Por que estou falando dele??? Bom, vamos aos fatos: na quinta-feira, durante o recreio, fiquei organizando o trabalho de literatura com o grupo da turma. Estávamos atrasados, e optamos por mudar muitas coisas na parte escrita, antes da entrega final. Do nada, o tal do garoto novo se aproximou, e soltou a seguinte frase:
— O desenvolvimento da primeira parte pode ser modificado por questões mais conceituais.
— E o que você entende de conceito? — perguntei, com ironia e deboche.
O cara simplesmente se aproximou, deu um meio sorriso e disse:
— Mais do que você pode imaginar.
— Me mostre — exigi, entregando a ele a folha de rascunho.
Achei que o mauricinho novato não fosse tudo aquilo que tanto dizia ser. Além de ter feito a mudança ideal no trabalho, nos deu uma breve aula (chata) do que é literatura. O sentido literal da palavra é o seu forte (e o sarcasmo também).
Que garoto mais debochado! Nossa!
Depois disso, ele simplesmente me convidou pra sair, pediu meu número e demonstrou total interesse. Confesso que fiz algo que não deveria ter feito. Passei o número da menina que vende doces no recreio, e acho que ele não vai gostar nada disso quando descobrir.
ESTÁ A LER
Intelect☺
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