Slam, de mãe para filha

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Eu vejo o caos se espalhar
Por seu rosto tão frágil
Eu culpo o mundo em tornar
Tua mente tão ágil

Minha menina devia correr de palhaço
E não temer a incerteza de um mundo instável
No noticiário, ela me chamou
"Mãe, pensou se fosse eu?"
Meu coração gelou
E ele atirou, eu vi sua inocência
Se perder num frio breu
Era só notícia
Mas doeu como se eu estivesse lá
Sorte, Deus ou privilégio?
Pra temer basta sentar no seu proprio sofá

Há que ponto chegamos?
No cano da arma não passa meus prantos
Atiro e canto, sem hesitar
Eu tenho minhas próprias armas pra lutar

É com arma que se desarma?
É com faça que se desfaz?
É saciando os desejos humanos
De erguer a justiça
com muita guerrar levar à paz?

Politicos moram de baixo da ponte
Que pode cair á qualquer instante
Enquanto outros politicos montaram castelo
Com obra barata erguendo horizontes
Mas a política não considera a moral
E manda dar pau, em quem se abriga
De baixo da construção social
Leva a gente pra margem do ouro
Emprega a gente pra cavar o ouro
Pago pra ir e voltar
Pra cavar, pra viver
Meu Deus, e se eu morrer?

Eu sou trabalho informal, escravo
Assalariado, ganhando um centavo
Pra pagar 10 pal
Preso no ciclo convencional
Pra manter a elite bebendo wisky
A gente não vive, a gente resisti
Se o povo pobre morre agora?
Quero ver nos chamar de escória
Limpando seu próprio vaso
E cavando o seu próprio buraco
Pra comer petroleo e sal

Minha filha diz que quer uma revolução
E ela ainda nem sabe o B-A-BA
Diz que cansou de perder professoras
Que sobem o morro, mas não descem
A onde será que a gente vai parar?

Alguém tem que falar pro povo
Que é nosso esse maldito ouro

branco ou amarelado
estuda em colégio elitizado,
bebe e fuma, não é pego, é flagrado.
Não é preso, é condicionado
Não é bandido, é jovem
Filho de burguês safado
E o cotista ainda é o privilegiado

Minha filha diz que quer uma revolução
E ela ainda nem aprendeu o B-A-BA
Eu só queria um Brasil melhor
E é por ele que que eu vou lutar

Minha filha diz que vai ser presidente
Com o olhos atento ao noticiário, sua fé não some
Eu a beijo e a vejo insistente
Querendo discutir com William bonner
Ele não escuta, mas ela continua
Que orgulho da minha menina
Ela grita mais alto
"É tudo mentira"
E diz que só para quando for ouvida

Só peço a Deus pro avião não cair
Que ela não venha sucumbir
A minha filha não vai dar continuação
Ao que a minhas avós sofreram aqui



Mulheres e PoesiasWhere stories live. Discover now