A cidadã

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Ou deixar a patria livre
Ou morrer...
De certo, morreremos
Porém nem livres nascemos
Meu nome já me aprisiona
Limitam-me por números num papel
Que chamam de identificação
E quando crescemos
Ousam dizer "o limite é o céu"
Tampouco me ensinaram antes
O que é de verdade essa tal de liberdade
Só disseram como é fácil perdê-la
Sem nem mesmo possuí-la
É esquisito pensar
Como é fácil me aprisionar
Não posso me livrar das correntes
Que na escolinha diziam ser asas
Cadeados são palavras
Em tempo de crise escolar
Me detenho na censura
Que rasura a poesia
Não posso ofender a monarquia
Meu dia, posso detalha-lo com perfeição
Nele tem traços até da escravidão
Nas vezes que passo e me olham de canto
Vejo traços da submissão
Nas vezes que dizem, já tens tanto, pra que quer mais?
De fato, não somos iguais
Quero tanto, enquanto outras gritam "tanto faz"
E no fim a famigerada liberdade
Esta perdida em cada esquina
No tiro de bala perdida
Na moça que cai da escada
No moço que mora de baixo da ponte
No outro que quer casar, mas não deve... Não pode
E lá se vai a minha liberdade
Indefesa
Dependente da alheia
Ela é sol que não pode brilhar pra uma pessoa só
Se descubro que o que me ensinaram é realmente verdade
Agora mesmo a minha inquietude some
Fecho os olhos e penso em Clarice
Liberdade é pouco
O que eu desejo ainda não tem nome

Mulheres e PoesiasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora