Capítulo 10

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Os pés descalços de Sayuri seguiam pelo chão úmido. Quando olhou para baixo, reparou que tinha muita água.

Ao redor havia plantas aquáticas, era um pântano. Um calafrio percorreu seu corpo. Era um lugar tão escuro e frio. Tinha uma aura maldosa e não sabia explicar por que.

Continuou vagando até que encontrou uma árvore. Aquela área parecia a única que não era rodeada por água lamacenta. Seu tronco era grosso e viçoso, seus galhos eram curvos diante da fartura de folhagens verdes e brilhantes. A árvore era adornada por flores pequenas e brancas.

Encantado, Sayuri foi naquela direção, mas somente quando pisou em terra seca reparou que havia outra pessoa ali. O ser era coberto por um manto negro que não deixava nem mesmo um fio de cabelo à mostra.

Sayuri se assustou e deu um passo para trás. Além da presença misteriosa, o ser encapuzado não exalava maldade. Apenas... dor e tristeza.

O jovem príncipe se aproximou, ansiando ajudar aquela alma ferida, mas suas pernas pareciam petrificadas. Elas não obedeceram suas ordens, estavam paralisadas.

— O que...

Antes que terminasse sua sentença, o encapuzado começou a proferir:

Os quatro elementos se alinham na noite depois do solstício de inverno... assim o frio eterno voltará a ser o hospedeiro se não for capaz de controlar as duas bestas. Salve o deus do norte... salve o deus do norte...

— O que é isso? Deus do norte? — Sayuri indagou, sem entender, mas não foi respondido porque o desconhecido começou a repetir as mesmas palavras. E à medida que prosseguia, a névoa invadiu o pântano. Sayuri ergueu a mão para tocá-lo, porém em segundos, tudo foi envolvido por um clarão.

Ele fechou os olhos com força e quando voltou a abri-los, não havia mais névoa ou pântano, apenas as paredes de seu quarto. Sayuri sentou e notou que estava em sua cama.

Olhou para a grande janela e percebeu que o céu estava alaranjado, o que o assustou. Havia ido cochilar pouco depois do almoço, mas pelo visto, havia dormido por horas.

Sayuri coçou os olhos, tentando espantar o sono, então se levantou. Sem pressa, foi ao banheiro, tirou seu kimono e tomou um rápido banho. A melhor coisa que tinha feito foi ter instalado água encanada. Parte das novas ideias de inovação no vilarejo.

Não demorou muito no banho, apenas deu uma despertada no corpo e lavou os cabelos meio revoltados. Quando terminou, retornou ao quarto enrolado em uma toalha.

Sayuri recordou do sonho. A cada dia visões assim se tornavam mais frequentes. Sabia que não eram sonhos comuns e sim que queriam lhe dizer algo importante, mas não conseguia decifrar. Tudo que sabia era que praticamente todos estavam envolvidos com Nanami. Temia muito que os problemas voltassem a surgir para destruir a paz que reinava em Akai.

Perdido em seus pensamentos, se assustou quando foi envolvido em um abraço forte.

— Ryo...

O Beta o virou em seus braços e segurou sua face. — Poxa, pensei que ficaria feliz em me ver mais cedo em casa.

Sayuri soltou uma risadinha, não podia evitar. — Oh, meu lindo companheiro está carente? — Provocou. Ele e Ryo tinham personalidades que se encaixavam perfeitamente.

Um sorriso largo se apossou dos lábios do lobo. Apertou seu ninshin em seus braços e o trouxe para pertinho. — Estou morrendo de saudades. — Antes que Sayuri falasse algo, seus lábios foram roubados em um beijo ansioso e apaixonado.

Akai Ito II - Fio Vermelho (Romance Gay)Kde žijí příběhy. Začni objevovat