Akai Ito II - Fio Vermelho (Romance Gay)

Capítulo 28

Nanami retornou para casa a passos lentos. Conversar com Sayuri sempre o ajudava a se acalmar e os conselhos de seu amigo o ajudavam a colocar a mente em foco. Contudo, isso ainda não significava que tinha deixado o medo de lado.

Subiu os degraus de sua casa lentamente em passos de pena. Aguçou seus ouvidos para captar qualquer som e suspirou aliviado ao constatar que não tinha ninguém em casa.

Tentando imaginar seu discurso para Kensuke, o gatinho subiu correndo as escadas e entrou afobado em seu quarto. Fechou a porta atrás dele e jogou-se no futon abraçando o travesseiro de seu amado. Nanami buscou tranquilizar sua respiração, porque queria ficar calmo quando falasse com Kensuke, mas tudo o que conseguiu foi com que seus olhos ardessem em lágrimas que ameaçavam cair.

Ele abriu os olhos quando sentiu um par de patas pequenas em suas costas. Olhou para cima e viu seus gatinhos fujões. Os pequenos sumiam por dias e apareciam do nada, isso quando não ficavam brincando o tempo todo com Chiba. Já que o Oni era a autoridade dos felinos.

— Oh! Preciosa e Lobo. Por onde andaram? — Ele perguntou como se realmente fosse receber resposta dos animais.

Nanami se sentou no leito, puxou os dois felinos para o seu colo e passou a fazer carinho em suas barrigas, distraído o suficiente para não perceber que alguém havia chegado em casa.

Assustou-se quando ouviu a profunda voz do companheiro e ergueu a cabeça encarando a imponente figura parada na porta do quarto.

— Ke-Kensuke?! — Nanami atropelou nas palavras e desviou a face encarando os gatos em seu colo.

O Alfa soltou um longo suspiro e se aprofundou no quarto. Sentou no futon próximo de Nanami com as pernas cruzadas. Seu olhar suavizou em sua expressão.

— Olhe para mim. — Ele pediu e teve que esperar alguns segundos até que Nanami criasse coragem para encará-lo.

— Eu... desculpe... — Murmurou o ninshin.

Seus gatinhos fugiram de seu colo e deixaram o quarto. Parecia que ambos podiam sentir a tensão no recinto e não queriam estar em meio a briga de casal.

— Eu que devo pedir desculpas. Toda vez que fico nervoso acabo dizendo coisas que te magoam. — Kensuke admitiu. — Mas não quero sempre ficar me desculpando, quero realmente mudar e me tornar alguém melhor...

— Nem me lembro mais o que você falou. — Nanami disse forçando um sorriso, porém o Alfa podia ver em seus olhos a dor pela situação.

Kensuke soltou outro grande suspiro. — O que me magoou foi o fato de você não falar comigo, porque parece que não confia em mim. Sempre faz as coisas escondido. — Desabafou.

Nanami se sentiu culpado. Não era que deixava de confiar nele, mas sempre fazia algo e nunca cogitou incluí-lo. Como cresceu praticamente sozinho, não estava acostumado a contar com alguém além de Sayuri.

— Eu... sinto muito pelo que fiz. Sei que deveria ter falado contigo antes... eu sempre fiz as coisas por conta própria, não dá para mudar... do nada. — Murmurou. Sentiu seus olhos arderem novamente e as bochechas queimarem, mas recusava-se a chorar de novo.

— Sei que não mostrei muita abertura para que viesse falar comigo, que sempre estou ocupado com o trabalho, mas... eu estou aqui... sempre que precisar. — Kensuke disse. — Você me perdoa?

Os olhos azuis arregalaram. — Pelo quê?

— Por ter ficado nervoso e ter dito aquelas coisas. Preciso ser mais paciente em ouvi-lo.